Se você quer ter sempre o melhor, veja Record!

Os primeiros meses do Canal 7 de São Paulo não foram fáceis, mas ninguém deixou de se divertir. Fazer televisão no Brasil era novidade, do diretor ao técnico, passando pelo cameraman e pelo telespectador, este último não entendia por que a numeração dos seletores de canal dos televisores Invictus começava no 2 e terminava no 13.

Os diretores e técnicos da TV Record trabalhavam mais do que qualquer trabalhador. Havia apenas três câmeras para dezesseis cenários, numa programação ao vivo e sem quase nenhum tempo para ensaios.

Mesmo com a boa estrutura e o conforto, o Edifício Colonial, que abrigava os estúdios da TV Record, estava localizado no pior ponto de São Paulo para se fazer televisão: bem ao lado do aeroporto de Congonhas (onde hoje é a sede do Hospital Moriah). Como tudo era ao vivo, toda vez que um avião sobrevoava os estúdios, sonoplastas e cenógrafos entravam em pânico.

O som era tão ensurdecedor que ultrapassava os isolamentos acústicos das salas e balançava o cenário. Os humoristas aproveitavam o barulho para improvisar suas piadas no ar. Já os atores e diretores dos teleteatros, que narravam histórias de época, não gostavam nada nada da existência do ruído em uma trama que se passava em pleno século XVIII.

Logo em suas primeiras semanas de transmissões, a Record mostrou ao público, empresários e concorrentes que, apesar de ser a terceira TV em atividade em São Paulo, entrou no mercado de televisão disposta a fazer a diferença e conquistar uma posição de destaque no setor. O marketing era agressivo e contava com o apoio das rádios das Emissoras Unidas, de Paulo Machado de Carvalho, que estavam entre as melhores audiências da capital paulista.

Inicialmente, adotou dois slogans."TV Record, 500 quilômetros à frente" e "Se você quer ter sempre o melhor, veja Record!" foram frases repetidas durante um bom período nos intervalos e pelos apresentadores dos principais programas.

No próximo post: As novelas inspiradas no teatro. Nascia o teleteatro.