Doo-wop: O clássico som dos anos 50
O estilo dos grupos vocais adolescentes das grandes metrópoles dos EUA que definiu a sonoridade de uma década
Toque Toque|LEO VON, do R7
Grupos Vocais de Esquina
Ao cair da noite, em volta de uma fogueira improvisada, 5 adolescentes formavam um círculo numa rua pouco iluminada de um bairro simples na cidade. O primeiro garoto fazia um som rítmico com a voz, imitando uma bateria. O segundo, em notas graves e curtas simulava o “boom, boom, boom” do contrabaixo. Outros dois faziam a harmonia vocal com “Ahs” e “Uhs”. O mais novo deles, com uma voz jovem, limpa e aveludada, cantava sobre aquela garota pela qual era apaixonado e sobre seu coração partido, numa simples mas bonita linha melódica.
Essa era uma cena muito comum nas grandes metrópoles dos EUA no final dos anos 40 com os grupos chamados "Street Corner Vocal Groups" (grupos vocais de esquina). Em bairros com a maioria dos moradores de origem Afro-americana, a situação econômica era majoritariamente bem difícil e as pessoas tinham que se virar como podiam. A música sempre uniu, consolou e deu forças para as pessoas, tanto nos bons como maus momentos. Na falta de dinheiro para comprar instrumentos, as crianças e adolescentes de cidades como Nova Iorque, Filadélfia, Chicago, Los Angeles e Washington DC, improvisavam com a voz e imitavam o som dos instrumentos para fazer música. Sílabas sem sentido ditavam o ritmo, harmonia e melodia, em letras melosas, românticas sobre paixões adolescentes. Esse passatempo acabou se tornando um movimento artístico e nos anos 50 provou ser viável comercialmente. E assim, definiu-se o som de uma década.
O estilo desses grupos vocais só passou a se chamar Doo-wop muito tempo depois, já no final dos anos 60. Na época era um segmento do Rhythm and Blues que havia substituído o termo “race music” (música de raça, no caso, música negra), ainda num período de extrema tensão em diversas partes do país norte-americano, que sofria com a segregação racial. A música caminhava paralelamente com o progresso em direção ao movimento dos Direitos Civis que seria resolvido somente nos anos 60, e estava cada vez mais comum ver nas ruas das cidades, grupos com jovens negros e brancos cantando lado a lado, dividindo seu amor e paixão pela arte. A música é, sem dúvida, peça fundamental para a união das pessoas.
Doo-wop
Doo-wop é uma onomatopeia que pode representar uma linha de contrabaixo, um ritmo ou harmonia, característica principal do gênero. Segundo alguns musicólogos, existem 5 características que definem o Doo-wop:
1) deve ser grupo vocal;
2) apresenta uma ampla gama vocal, geralmente do baixo (mais grave) ao falsete (mais agudo);
3) usa sílabas sem sentido (tipo Doo-wop, doo-be-doo);
4) a batida rítmica é simples com pouco ou quase nenhum instrumental; e
5) composições com música e letra bem simples.
Apesar de ter decaído em popularidade nos anos 60, o Doo-wop influenciou diversos artistas desde seu surgimento até os dias de hoje, além de ter sido o precursor do som da Motown. Sem ele, não teríamos Beatles, Michael Jackson, Beach Boys e até mesmo os Ramones da mesma forma. Esse provavelmente é o estilo musical mais característico dos anos 50, aquele que nos remete imediatamente aos tempos dos carros coloridos, das lanchonetes, drive-ins, saias rodadas e brilhantina. Apesar dos momentos difíceis, turbulentos e de sofrimento relacionados à sua origem, ajudou a levar alegria, diversão e principalmente sonhos à esses jovens e adolescentes, que viam o futuro com mais música, leveza e otimismo.
Meus grupos Doo-Wop preferidos:
The Del Vikings:
The Drifters:
The Chiffons:
The Chordettes:
Gene Chandler:
The Moonglows:
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