Iron Maiden - Amor à Segunda Vista (ou Ouvida)
Quando ouvi a banda pela primeira vez, confesso que não gostei. Mas pela segunda, terceira, quarta e quinta vez, foi bem diferente.
Toque Toque|LEO VON, do R7
Em 2009 eu estava no último ano da faculdade. Fazia estágio na agência de publicidade do meu pai para cumprir a carga horária das atividades extra-curriculares exigidas para conseguir meu diploma. Nesse tempo, estava gravando minhas composições que, na época, eram pura influência do Hard Rock anos 80 e 90. Nas gravações, conheci o Fernando Giovannetti, um dos melhores baixistas de Heavy Metal que já tinha visto. Conversamos um pouco e ficamos amigos bem rápido. A banda preferida dele: Iron Maiden. Sério mesmo?
O cara tocava igual o Billy Sheehan do Mr. Big e a banda que mais gostava era essa? “Mas eles só conhecem três acordes”!, eu dizia. Ele falava: “Ouve direito… Depois me conta”. Eu já tinha um disco deles, o “Fear of the Dark”, mas quando ouvi pela primeira vez, não gostei. Achava chato. Uma banda que não entendia o porquê de tanta gente seguindo como um culto de adoração. Lembro que meu professor de teoria musical se gabava para todos que eu não gostava de Iron Maiden. Ele tinha orgulho disso e realmente acreditei que era uma virtude musical não gostar deles.
Enfim, depois da insistência do Fernando acabei comprando o disco “Number of the Beast”, o primeiro álbum com o segundo vocalista, Bruce Dickinson. Era em CD, estava em promoção por R$10,00 e era original. Meu carro era do ano de 1994 e apesar de ter toca CDs, só tinha acesso à eles pelo porta-malas. Era um “magazine” que cabiam 6 discos. Tirei um deles e coloquei a nova aquisição.
Number of the Beast
Quando liguei o carro já fui surpreendido com a introdução de “Invaders”. Todos os instrumentos juntos, num tiro só “parara pa paaaa”. Eita! Mais algumas vezes a intro, um contra-baixo que ia subindo como resposta, e então entra o riff principal. Nossa! Totalmente diferente do que tinha ouvido antes. Nem se comparava com o som do “Fear of the Dark”. Era um “classicão” mesmo! Classic rock de peso, força e energia. O tal do Bruce Dickinson entrou cantando e a voz dele também era diferente do que me lembrava já ter ouvido. Era muito legal aquele som! A seguinte foi “Children of the Damned”, que me lembrou muito Black Sabbath na época do Dio com “Children of the Sea” e “Sign of the Southern Cross”. Essa acabou virando a marca registrada do Maiden. Introdução lenta, melódica, e de repente a paulada. Continuei ouvindo faixa à faixa no trânsito de São Paulo, e em 40 minutos o disco já tinha terminado. "The Prisoner", "22 Acacia Avenue", "Number", "Run to the Hills", "Gangland" "Hallowed Be Thy Name", todas eram boas. Todas! Ainda daria para ouvir de novo mais algumas músicas antes de chegar no escritório.
Piece of Mind
No caminho de volta, já de noite, passei no Shopping e comprei o meu segundo CD do dia, "Piece of Mind". Deixei no carro pra ouvir no dia seguinte. Foi a mesma sensação que tive quando ouvi o anterior. “Where Eagles Dare” teve o mesmo impacto de “Invaders” na introdução, e apesar da repetição constante do tema principal, incrivelmente não me incomodou. Achei demais! Ouvi inteiro até chegar no estágio, também em 40 minutos mais ou menos. Fiquei o dia todo com o riff da “The Trooper” na mente. Lembro de ficar balançando a cabeça enquanto fazia tarefas entediantes no computador e cantarolando “Oh, oh oh, oh oh, oh oh, oh ooooooh”! É, estava viciado. Como foi que demorei tanto tempo para dar uma chance à banda, era o que me perguntava. De lá fui para a faculdade ouvindo “Number” e na volta para casa, já perto da meia-noite, o “Piece of Mind”.
Powerslave
Dia seguinte, saí um pouco mais cedo e na ida para o estágio passei no shopping para comprar o terceiro CD. Estava bem mais caro que os outros, quase uns 30 reais… mas comprei mesmo assim. “Powerslave”! Achei a capa linda, devia ser bem mais legal em vinil, pensei. Cheia de detalhes, temática egípcia, bem grandiosa. “Aces High” abriu e “2 Minutes to Midnight” seguiu. O disco poderia ter somente essas duas músicas e já seria o suficiente. Ouvi duas vezes cada uma até passar para as próximas. O resto do disco também era excelente, mas as duas primeiras eram muito, muito boas. Também amei a “Rime of the Ancient Mariner” e “Back in the Village”.
Achei divertido essa história de passar no shopping antes de ir para o estágio ouvindo um CD novo, então pelo terceiro dia consecutivo fui comprar um disco do Iron Maiden. “Você tem o Somewhere in Time”?, perguntei na loja. “Não, está em falta”. Ah, não… Passei em outras duas lojas e nada. Saí de lá apressado e fui para outro shopping. Também não tinha. Já estava bem atrasado e nada de encontrar o álbum. Cheguei tarde no trabalho, inventei qualquer desculpa e no horário de almoço fui atrás dele num terceiro shopping. “Temos sim, está 45,00 reais”. Naquela época era muito dinheiro pra um CD, e eu era estagiário. Geralmente esse era o preço dos importados. Tentei achar em outras lojas mas obviamente não tinha. Voltei rápido para a primeira e comprei mesmo assim. Passei na praça de alimentação, peguei um sanduíche e fui comendo de volta para o escritório. Na pressa, não tive tempo de colocar o CD no carro, já que só tinha acesso pelo porta-malas. Cheguei atrasado de novo, duas vezes no mesmo dia, e não conseguia me concentrar em nada. Só pensava em escutar meu disco novo. 6:30 da tarde iria demorar uma eternidade pra chegar…
Somewhere in Time
Como foi quando ouvi o “Somewhere in Time” pela primeira vez? Semana que vem eu conto. Até lá!
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