Tito Puente - O Rei do Mambo
Um dos mais importantes nomes da música Latina também conhecido como o “Papa da Música” e o “Rei da Música Latina”, popularizou o Mambo e o Cha-Cha-Cha no mundo inteiro
Toque Toque|LEO VON, do R7
Em 2017, eu estava morando em Orlando na Flórida. Fazia parte da banda Rico Monaco Band e tocávamos “Latin Rock”. Coloco o termo entre aspas porque a banda na verdade tocava rock. No repertório tinha Blue Öyster Cult, Van Halen, Ac/Dc, Elton John e Beatles, e ao mesmo tempo Juanes, Los Enanitos Verdes e Santana, esses sim do rock latino. O Rico Monaco é um excelente guitarrista, uma mistura de Van Halen com Carlos Santana, e por isso passeava tão bem pelos estilos. A percussão latina era parte integrante e dava aquele sabor “caliente” das Américas. Certo dia, Rico mencionou que possivelmente faríamos um show com o filho do Tito Puente, Tito Puente Junior.
Ernesto Antonio "Tito" Puente, era de ascendência porto-riquenha e nascido em Nova Iorque em 1923. Depois de servir o exército dos Estados Unidos na segunda guerra mundial, teve o privilégio de estudar música na Juilliard School of Music, um dos mais importantes conservatórios musicais do mundo. Nos anos 50, se apresentava com suas Big Bands de Jazz introduzindo o som Afro-Cubano e Caribenho ao mainstream. Chegou ao auge de sua popularidade com o álbum “Dance Mania” de 1958.
Eu me lembrava do Tito Puente dos Simpsons, no episódio “Quem Matou o Sr. Burns”. Nesse episódio, Lisa Simpson tenta implementar aulas de jazz na escola elementar de Springfield, o professor, El Rey de los Timbales, Señor Puente. Mas o Sr. Burns impede que isso aconteça e nós espectadores somos presenteados com um número regido pelo próprio Tito. “Señor Burns és el Diablo”! Mas meu conhecimento sobre Jazz Latino se resumia a isso. O show acabou acontecendo mesmo e tive que estudar e aprender Mambo, Cha-Cha-Cha, Salsa, completamente fora do meu mundo musical.
Nos ensaios realmente tive dificuldades em entrar no estilo. Os integrantes da banda de origem porto-riquenha e dominicana tiveram muita paciência em me ajudar e dar alguns toques para que eu não "desrespeitasse" o estilo. A característica vocal se chama Coro-Pregón, uma espécie de canto e resposta entre o vocalista e o coro da banda, totalmente improvisado e em espanhol. Até pensei que teria sido melhor eles arrumarem outro vocalista, mas como eu sou brasileiro e “brasileiro não desiste nunca”, aceitei o desafio e tive o privilégio de ter me apresentado na mais importante casa de eventos musicais de Orlando, o Dr. Phillips Center. Só confesso que realmente não consegui fazer as danças e os passinhos no palco…
Nos anos 50 e 60, a banda de Tito Puente foi considerada uma das três melhores Big Bands de Jazz Latino em Nova Iorque, junto com as outras lendas Machito e Tito Rodríguez. Em 1963 lançou sua música mais conhecida, “Oye Como Va”, que foi regravada por Carlos Santana e depois por Julio Iglesias, Irakere e Celia Cruz. Durante sua carreira até seu falecimento no ano 2000, colecionou prêmios, honrarias, medalhas, como o Billboard Latin Music Lifetime Achievement Award em 1995, deu nome à um posto dos correios americanos em Nova Iorque, recebeu a medalha James Smithson Bicentennial do Instituto Smithsonian, além de inúmeras menções e homenagens em filmes, músicas e apresentações artísticas no mundo todo. Sua contribuição para a música Latina foi tão importante que o Cha-cha-cha chegou a ser o ritmo de dança mais popular nos Estados Unidos nos anos 50, e hoje Tito tem sua estrela na calçada da fama em Hollywood.
Seu filho Tito Puente Junior, foi sempre um cavalheiro conosco e um excelente percussionista além de exímio showman. Foi um grande privilégio fazer parte desse movimento, mesmo de forma breve e momentânea, e as lições que aprendi com a música Latina, com certeza me ajudaram muito a crescer musicalmente. Gracias Señor Puente!
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.