Acupuntura e aromaterapia: conheça tratamentos alternativos para os pets
Medidas terapêuticas contribuem na melhora de dores e controle da ansiedade, além de oferecer melhor qualidade de vida para os animais
RPet|Alex Gonçalves, do R7*
A medicina integrativa pode desempenhar um papel muito importante na saúde do pet, é o que relata especialistas em acupuntura e aromaterapia. Saiba quais são os benefícios e em que situações são indicados as ações terapêuticas como acupuntura e aromaterapia, que oferecem uma melhor qualidade de vida para os animais.
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Felipe Chinen Gushi é especialista em acupuntura veterinária e fitoterapia chinesa e explica que a acupuntura é indicada para tratar diversas doenças como epilepsia, alguns transtornos comportamentais como ansiedade de separação, 'alzheimer' de cães (uma disfunção cognitiva); sequela de alguma doença infecciosa como a Cinomose e principalmente dor (hérnia de disco, bico de papagaio, artrite). "É uma área que exige especialização porque a medicina tradicional chinesa é muito diferente da medicina que estamos acostumados", diz.
Luke, um Golden Retriever, de seis anos, passou a sentir dores na coluna. A responsável, Anna Luisa Salemi Ferreira, optou pela acupuntura. "Não queríamos dar medicação via oral, por conta dos efeitos colaterais, a acupuntura tem ajudado muito e já deu resultado logo na primeira sessão", diz. O cão já realizou 12 sessões e, segundo Anna, ele está muito bem.
Daniel Mendes Netto é professor e coordenador do curso de pós-graduação em especialização em acupuntura veterinária da Faculdade Qualittas, e explica que, quando uma doença é passível de ser tratada com medicamentos, ela também poderá ser tratada pela acupuntura ou a medicina tradicional chinesa, japonesa, coreana e outras.
O especialista ainda explica ainda que entre as principais doenças, a acupuntura é muito utilizada nos casos de:
- Dores em geral: sejam musculoesqueléticas que levem os animais a mancarem (claudicações) ou de coluna (como as doenças do disco intervertebral, por exemplo, as hérnias de disco);
- Problemas dermatológicos: algumas das dermatites, principalmente as alérgicas e as atopias;
- Problemas cardiocirculatórios ou respiratórios como asma, bronquite, sinusite, rinite, faringite;
- Problemas neurológicos: cinomose, epilepsia, síndrome vestibular, paralisias faciais;
- Distúrbios imunológicos e oncológicos: alergias e câncer.
"Por isso que cada vez mais a acupuntura é utilizada nos animais, seja isoladamente como medicina tradicional chinesa (acupuntura, dietoterapia e fitoterapia) ou em conjunto a outros tratamentos como fisioterapia, ozonoterapia, homeopatia, florais, terapia neural, etc."
Para Netto, o ideal é utilizar tudo que estiver à disposição e tiver boa indicação em cada caso, "é o que denominamos de medicina integrativa, que utiliza diversas formas de tratamento, incluindo o uso de drogas ou remédios e cirurgias", avalia. Ainda segundo o professor, os animais que podem se submeter a acupuntura são: cães, gatos, equinos, muares, asininos, ruminantes (caprinos, ovinos, suínos, bufalino, bovinos), silvestres (aves, répteis como tartarugas e cobras, primatas como saguis, e etc).
A acupuntura substitui tratamentos tradicionais?
Para Netto, muitas vezes, sim. "Podemos deixar de utilizar determinados medicamentos alopáticos (fármacos) devido aos bons resultados que a acupuntura obtém", comenta. "Por exemplo, é comum, cães com problemas musculoesqueléticos terem a denominada claudicação (ou popularmente conhecida manqueira), ou problema de coluna, ambos causando dor no animal. Os remédios mais comumente utilizados, nesses casos, são os analgésicos e os anti-inflamatórios (há vários deles possíveis de serem utilizados). E conforme o animal faz as sessões de acupuntura, em geral, após duas sessões, ele já deixa de utilizar muitos dos remédios acima citados ou mesmo deixa de receber todos os medicamentos até então em uso", explica.
Gabriela Simão Jacob, mora na capital paulista, é tutora do Eduardo, cão da raça Golden Retriever, com 11 anos e 3 meses, que se beneficia com o tratamento de acupuntura. "O Edu travou no final do ano passado e não sabíamos o que ele tinha. Fizemos um check-up completo, em que detectamos um tumor no baço, no fígado e uma série de pequenos problemas relacionados à idade", conta.
De acordo com Gabriela, os tumores eram graves e o animal passou por cirurgia para a remoção do baço e o fígado está sendo tratado. Porém, o cachorro continuava com muitas dores e ela não sabia qual a origem.
"Levamos ao veterinário, que identificou que se tratava de 'bico de papagaio', um problema relacionado a idade. Ele recomendou que fizéssemos acupuntura e, já no meio da primeira sessão, o Edu começou a caminhar com bastante animação e seu apetite voltou", relata.
Gabriela, que não tinha conhecimento da acupuntura para pets, se surpreendeu com os resultados. "Desde o final do ano passado, nunca mais parei as sessões de acupuntura e o Edu está muito bem, nunca mais teve crises. Ele até voltou a nadar, correr e dormir de barriga para cima. Espero que muitos pets se beneficiem deste tratamento assim como o meu tem se beneficiado!", relata.
Aromaterapia
A aromaterapia é uma terapia que usa óleos essenciais (concentrados voláteis) para atingir o equilíbrio das emoções e assim alcançar o bem-estar físico e mental, é o que explica, Adriana Silvana Dias de Holanda, médica veterinária e especialista em acupuntura, fisioterapia animal e aromaterapia.
De acordo com Holanda, a aromaterapia pode ser indicada para promover o relaxamento, possui ainda ação repelente, antifúngica, combate dores nas articulações, cólicas, além de melhorar o sistema imune. "Por ser derivado de plantas, ela conta com benefício de ser uma terapia mais natural", diz.
O tratamento alternativo é indicado não apenas para cães e gatos, mas também para cavalos, cabras, ovelhas, vacas e algumas espécies de animais silvestres, explica a especialista. Os óleos essenciais podem ser usados na forma de difusores, xampus, cremes, pomadas ou via tópica. "Deve se ter um cuidado com alguns tipos de óleos em animais prenhas e com histórico de epilepsia, pelo fato do olfato ser mais sensível. É preciso estar atento, pois há risco de alergias e intoxicações, caso isso ocorra deverá suspender imediatamente o uso e procurar um veterinário", explica.
A profissional ressalta a importância em procurar um médico veterinário que trabalhe com aromaterapia, e indique qual óleo essencial deve ser usado para cada espécie de pet, conforme a necessidade do paciente.
*Estagiário do R7 sob supervisão de Karla Dunder