Após vender balas em semáforo, bailarina realiza sonho de estudar na Itália
Giovanna Santoro conta os desafios para conseguir se manter em Florença e faz nova vaquinha para arcar com os custos
Virtz|Alex Gonçalves, do R7*
Em maio deste ano, o R7 contou a história da bailarina Giovanna Santoro, 20 anos, que vendia balas em semáforos da Praia Grande, no litoral paulista, para conseguir realizar o sonho de estudar no exterior, após ter conquistado duas bolsas de estudos na Opus Ballet, instituição localizada em Florença, na Itália.
Mesmo com dificuldades e com um prazo curto para arrecadar o dinheiro, a jovem embarcou para a Europa em junho para a primeira etapa, a bolsa integral do curso de férias. "Com a repercussão da minha história, consegui arrecadar o valor, embarquei no dia 26 de junho e iniciei as aulas em 1º de julho", recorda.
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Durante duas semanas, por seis horas ao dia, as atividades de balé ocorriam intensamente. A jovem conta que a experiência foi amplamente satisfatória por ter aulas com professores diferentes. "Pude identificar pontos para melhorar os meus passos e conseguir evoluir na dança", diz. Ainda no mesmo mês, ela retornou ao Brasil, para resolver as questões relacionadas ao visto e fechar os detalhes para a segunda etapa, a bolsa de 50% (parcial), com duração de três anos.
"O objetivo não era ter retornado ao país devido à alta dos preços das passagens aéreas, porém enfrentei burocracia com a documentação relacionada ao visto italiano. Não era só preencher um formulário", recorda.
Ainda segundo a estudante, ela precisava comprovar cerca de R$ 30 mil na conta bancária para permanecer no país, pagar o seguro de saúde e demais taxas relacionadas à validação do documento para a viagem e permanência na Itália. "Porém, todo o valor arrecadado já havia sido usado nas despesas de ida ao curso de férias, em junho", diz.
A bailarina enfrentava um novo desafio e corria contra o tempo já que as aulas começariam em setembro. "Em alguns dias consegui levantar o valor, com a ajuda de algumas pessoas", lembra. Giovanna conseguiu a aprovação do visto italiano, quatro dias antes do início das aulas, mas só conseguiu viajar para Itália no dia 6 de setembro.
Mas o que era para ser um dia de celebração, se tornou mais um obstáculo para a aluna morando em Florença. "Achei que a bolsa que ganhei era de 50% para os três anos de estudo. Mas descobri, já em solo europeu, que não. Ela se referia somente ao primeiro ano do curso", relata. O valor anual da taxa de estudo, de R$ 15 mil, foi dividido em quatro parcelas pela jovem.
"Na verdade, é algo que me preocupa diariamente. Esse mês, com ajuda das pessoas, eu consegui pagar, mas no próximo não sei." Atualmente, a bailarina conta com a ajuda mensal de empresas privadas e a solidariedade de familiares, amigos e internautas através de uma nova vaquinha virtual disponibilizada na internet.
Desafios
Giovanna ainda fala sobre os desafios de morar longe da família e o processo de amadurecimento nos últimos meses no exterior. "Com tantas coisas acontecendo, tive que aprender a lidar com a rotina de uma vida de quem mora sozinha, estou falando de alimentação, faxina de casa, organização de contas... Quando cheguei aqui fiquei quase três semanas sem gás e energia, porque era necessário ter Codice Fiscale, um documento semelhante ao CPF brasileiro, que possibilita solicitar serviços médicos, telefônicos, água, gás etc", explica.
Segundo a jovem, com a ajuda de duas amigas italianas do balé, alguns perrengues estão sob controle, além do domínio da língua italiana. "Eles falam rápido e por vezes parece ter um chiado no som", destaca.
Cheia de esperança, a jovem pensa na possibilidade de ser vista por outros profissionais da área de dança e quem sabe conseguir uma bolsa integral no balé, para não ter que ficar mais preocupada. "Estou no país de origem do balé, que nasceu nas cortes italianas em séculos passados, esse estilo é uma referência por aqui, e há grandes chances de me destacar, só depende de mim."
*Estagiário do R7 sob supervisão de Karla Dunder