Na cadeira nº1, Rachel Maia abre trajetória: 'Fiz o que tinha que fazer'
No Dia Internacional da Mulher, executiva do mercado de luxo fala sobre livro Meu caminho até a cadeira número 1: "Quero ver mais pessoas como eu"
Viva a Vida|Nayara Fernandes, do R7
Rachel Maia resistiu aos incentivos para escrever um livro sobre a própria trajetória. Nas palavras da executiva, que ostenta um currículo de CEO no mercado de luxo em multinacionais como Tiffany, Lacoste e Pandora. Atualmente, Rachel está a frente da RM Consulting: “Achei que fiz o que tinha que fazer”. É assim que resume a história contada em Meu caminho até a cadeira número um, autobiografia publicada nesta segunda (8), Dia Internacional da Mulher.
“Publicar um livro envolve coragem para se despir na frente do mundo. No começo, não achei que minha história fosse para ser compartilhada. Depois comecei a refletir e entendi que queria ver mais pessoas como eu nas grandes reuniões, nos grandes congressos e convenções”, aponta a CEO, que também é fundadora do projeto social CAPACITA-ME e presidente do conselho consultivo da Unicef.
A executiva de 50 anos se encontra entre 1% das mulheres negras que ocupam altos cargos gerenciais nas 500 maiores empresas do país, e garante que não são poucas as pedras no caminho que sua geração enfrentou ao escalar até o topo do mundo corporativo.
“Tive que seguir o modus operandi. Hoje a gente não precisa ficar tímida em se reconhecer para o mundo. Nós mulheres temos que ser um pouco mais complacentes com a gente. Às vezes, ter muitas responsabilidades te tira do prumo: você poderia ser mais legal, mais paciente, mas tem um lado da balança que pende mais do que o outro e nem todos compreendem. Faz parte do show”, afirma.
A insistência em não se orientar pelo clima da plateia foi lição da mãe, Dona Preta, e do pai, Seu Antônio, para os quais Rachel dedica a autobiografia. “Da forma dela, insistia que ninguém me definia. Já meu pai dizia que conhecimento era poder”. O conselho dos moradores de Cidade Dutra, periferia de São Paulo, teve desdobramentos certeiros: em 2019, Rachel foi uma das 50 pessoas escolhidas a dedo pela equipe de Barack Obama para conhecer o ex-presidente dos EUA. “Ainda pedi para segurar a cintura dele”, brinca.
É a rede de apoio, segundo Rachel, um dos fatores que garantem à executiva momentos de fôlego na maratona profissional. “Tenho uma equipe muito bacana que trabalha comigo. Não nego fogo, mas quando sinto que o negócio está transbordando, peço um break”, diz.
Minhas ações e decisões impactam muita gente”
“Seria ingênuo da minha parte dizer que não é cansativo montar um processo para que as pessoas se inspirem. Minhas ações e decisões impactam muita gente." Longe da cadeira número 1, a executiva divide a rotina com os filhos, Pedro Antônio e Sarah Maria.
“Vejo nos olhinhos dela a vontade de estar sempre perto, ter um reconhecimento, ou simplesmente deitar do meu lado. Ela diz que todo mundo quer um pedacinho, mas me tem inteira. É isso que me revigora e me ajuda a levantar para o dia seguinte."