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Patricia Lages

Análise: Você sofre da “Síndrome da anti-felicidade”?

Quando focamos em ser o que não somos ou nas coisas que não podemos mudar, deixamos de prestar atenção no que temos e no que podemos fazer

Patricia Lages|Patrícia Lages

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Como educadora financeira, frequentemente chegam a mim casos de pessoas com problemas financeiros dos mais variados tipos, porém, a maioria deles se resume a uma palavra: dívidas.

Geralmente, o endividamento acontece pelo simples fato de comprarem o que não precisavam, quando não podiam, para impressionar pessoas que elas mal conhecem.


E por que muitos agem assim se, no final das contas, isso não faz o menor sentido? Quase sempre é por achar que a felicidade consiste em possuir coisas que não têm, mas que outras pessoas têm e parecem ser muito felizes por isso. O problema é que, a partir do momento que adquirem o que queriam tanto, aquilo perde a graça e a felicidade não chega nunca.

Eu, por exemplo, tinha orelhas de abano e achava que só seria feliz quando fizesse uma plástica. As pessoas iriam parar de me colocar apelidos e eu poderia até prender o cabelo. Aos 28 anos fiz a cirurgia, mas... cadê a felicidade, gente? Nenhum elogio para as minhas orelhas “novas” e, quando prendia o cabelo, ninguém dava a mínima!


O foco, então, passou para outro “problema”: minha altura. Com pouco mais de um metro e meio, lá estava eu buscando um cargo de chefia na empresa onde trabalhava, mas o que mais me diziam — ainda que em tom de brincadeira — era: “você não tem nem tamanho, garota! Quem vai te obedecer?” E eu continuava fazendo todo o trabalho do meu gerente, aquele homem alto que nem sequer precisava trabalhar, pois tinha eu, a baixinha, para fazer tudo por ele! Que infelicidade...

Em todos os lugares que entrava, a primeira coisa que eu notava é que era quase sempre a pessoa mais baixa e logo vinha o pensamento de que ninguém iria me respeitar, afinal, eu deveria ter, pelo menos, dez centímetros a mais de altura!


Mas, caí na real e percebi que ninguém é capaz de acrescentar um centímetro sequer à sua própria estatura, então aonde é que eu iria chegar pensando daquele jeito? Era uma questão de escolha: serei infeliz eternamente ou vou parar com essa bobagem e focar no que realmente interessa?

Será que você não tem feito algo parecido e, sem perceber, tem permitido que a “síndrome da anti-felicidade” seja uma constante na sua vida? Você lista em questão de segundos tudo aquilo que não tem — ou não é — e se sente péssima!


Talvez você não se vista como a Olivia Palermo, não caminhe com a desenvoltura da Gisele e não saiba se maquiar como a Júlia Petit, mas qual é o problema? Amanhã vão aparecer outras influenciadoras que nos farão esquecer de Olívias, Giseles e Júlias, e o que você vai fazer? Se comparar com as próximas e viver em busca de um padrão cada vez mais impossível de se alcançar? Vai se endividar até o último centavo para ter o que os outros têm?

Quando focamos em ser o que não somos ou nas coisas que não podemos mudar, deixamos de prestar atenção no que temos e no que podemos fazer. Perdemos tempo, energia e até dinheiro sem perceber que estamos em um ciclo anti-felicidade que não vai nos levar a lugar algum, a não ser, claro, à infelicidade permanente.

Foque naquilo que você pode, nas suas qualidades, no que faz você ser diferente das demais pessoas, pois é isso que faz de você uma pessoa única. Você pode e deve buscar ser sempre uma versão melhor de si mesma, não há dúvida, mas não é preciso sabotar sua felicidade durante o processo. Escolha ser feliz!

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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