Educadores rejeitam contribuição sindical: doutrinas de esquerda para alunos, práticas de direita para si mesmos
Estudos apontam preferência de professores por ideologias de esquerda, mas reagem mal quando lhes pesam nos bolsos
A semana foi marcada pelas filas quilométricas dando voltas nos quarteirões ao redor do Sindicato dos Trabalhadores em Entidades de Assistência e Educação à Criança, ao Adolescente e a Família (Sitraemfa), no bairro da Liberdade, em São Paulo. Desde terça-feira, 21, profissionais da educação formaram as filas gigantescas na tentativa de cancelar o desconto da contribuição sindical, que é de 3% do valor do salário bruto.
No início de 2019, o presidente Jair Bolsonaro mudou as regras do imposto sindical retirando a obrigatoriedade do pagamento, ou seja, tornando o pagamento opcional. A medida fez com que a receita dos sindicatos caísse drasticamente, pois 98% dos trabalhadores deixaram de pagar. Em 2017, os sindicatos arrecadaram mais de R$ 3 bilhões, mas em 2022, a receita despencou para pouco mais R$ 58 milhões. Sem dinheiro, as entidades acabaram se voltando contra os próprios trabalhadores, tentando cortar o reajuste salarial de quem não pagasse o imposto, mas não obtiveram sucesso.
Já no governo atual, uma nova mudança nas regras voltou a permitir que os sindicatos descontem o imposto automaticamente, porém, o trabalhador que não quiser fazer o pagamento pode enviar um documento não permitindo o desconto. No caso do Sitraemfa, os profissionais da educação tinham uma janela de apenas quatro dias, de 21 a 25 de outubro, para apresentar oposição do desconto.
Embora o documento pudesse ser enviado eletronicamente e o site do Sitraemfa estivesse no ar, os trabalhadores que compareceram à sede alegaram que, no momento de anexar o arquivo, a página apresentava erros e não carregava. A mesma reclamação foi feita diversas vezes nas redes sociais do sindicato. A entidade nega qualquer problema, afirma ter recebido mais de 30 mil acessos apenas nos últimos quatro dias e alega que os trabalhadores que não conseguiram fazer o envio não estariam sabendo como utilizar a ferramenta.
Ideologias de esquerda para vocês, práticas de direita para nós
A prevalência das ideologias de esquerda dentro das instituições de ensino é tão patente no Brasil que estudos e levantamentos chegam a ser dispensáveis. Talvez a adesão massiva às ideias de esquerda tenha se estabelecido pela apatia do lado oposto, mas, seja como for, o que se vê na prática é a imposição dessas doutrinas por parte da maioria dos educadores.
Um levantamento conduzido em cinco países sul-americanos – Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile – com 288 professores de História, apontou que 85% são de esquerda. Ao serem perguntados em qual partido costumam votar nas eleições, 84,5% responderam que votam em partidos de esquerda ou centro-esquerda. Os docentes que votam em siglas de direita, centro e centro-direita, somados, corresponderam a 15,5%.
Em 2004, um relatório da Unesco aponta para a mesma conclusão, embora não tenha utilizado os termos esquerda e direita em seu questionário. Ao serem perguntados sobre o que seria mais importante: liberdade ou igualdade, 75,5% responderam que a igualdade é mais importante, o que demonstra um pensamento mais ligado à esquerda, uma vez que, o pensamento de direita prioriza a liberdade.
Porém, quando as políticas de esquerda doem no bolso, até a esquerda reivindica seu direito à liberdade de escolha. São atitudes assim que demonstram que, na prática, a teoria é outra.
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