Emburrecimento programado não é teoria da conspiração
É real: filhos com QI inferior ao dos pais pela primeira vez na história, falta de raciocínio lógico, aumento do analfabetismo funcional
Patricia Lages|Do R7
Em 2018, dois anos antes do lockdown que decretou o fechamento das escolas por causa da pandemia, o mundo já enfrentava uma epidemia de burrice. Tanto que a capa da revista Superinteressante de outubro daquele ano estampava a manchete: "A Era da Burrice".
A matéria levantou informações importantes e mostrou que desde 1998 vem se observando uma queda contínua do quociente de inteligência da humanidade. Os primeiros sinais foram detectados na Dinamarca, onde todos os homens que se alistam no serviço militar são submetidos a um teste de inteligência. Após um crescimento contínuo por todo o século 20, foi observado um declínio no QI dos dinamarqueses, de 2,7 pontos por década.
Fenômeno similar foi observado na Alemanha, em Portugal, na Holanda, na França, na Noruega, na Suécia e até mesmo na Finlândia, país com um dos sistemas educacionais mais eficientes do mundo. Porém, ainda que não houvesse nenhum dado oficial, não é difícil chegar à conclusão de que as pessoas estão mais irracionais do que nunca. Mas será que tudo isso está acontecendo por acaso?
Após o fechamento das escolas, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo divulgou que em 2021 os alunos do ensino médio tiveram o pior desempenho da história. Dados do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar de São Paulo (Saresp) dão conta de que 97% dos alunos deixarão a escola com uma defasagem de seis anos no aprendizado. O que não significa que os outros 3% estejam com o aprendizado em dia, mas sim que tiveram uma defasagem menor.
Embora muita gente nunca tenha ouvido a expressão emburrecimento programado — e outros a considerem apenas teoria da conspiração —, é real o fato de que estamos passando por um processo contínuo de regressão intelectual, acelerado pelos anos de lockdown.
• Compartilhe esta notícia no WhatsApp
• Compartilhe esta notícia no Telegram
Os currículos escolares estão muito mais voltados para a doutrinação do que para o ensino. Alunos saem da escola todos os anos sem saber escrever nem interpretar textos simples. Não sabem fazer cálculos elementares e não têm condições de ingressar no mercado de trabalho, pois não desenvolveram inteligência emocional, não reconhecem hierarquia e não se encaixam em regras comuns de convivência.
A escola passou a tratar o estudante como cliente, e não como aprendiz; como vítima, e não como protagonista da própria vida; como uma pessoa dependente, e não como alguém capaz de empreender por conta própria. Acredite ou não, estamos em plena era da burrice, e, ao que tudo indica, o processo de emburrecimento está apenas começando. Estejamos alertas.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.