Uma história inspiradora, dez livros que me impactaram e um convite
Para quem ama livros, indicar apenas dez não é tarefa fácil, mas confira alguns que podem transformar sua vida e carreira

Antes de indicar dez livros que marcaram minha vida – e que poderão fazer o mesmo por você –, quero contar uma experiência difícil que vivi muito cedo, mas que me ensinou lições importantíssimas sobre princípios e valores. Inspiração garantida ou devolveremos seu mau-humor!
Prêmio, ansiedade e insônia
A leitura sempre foi parte essencial da minha história. Aprendi a ler aos quatro anos e meio, depois que minha mãe me ensinou o som de cada sílaba. Desde então, passei a ler tudo o que via pela frente: de papel de bala aos livros de “ciências e saúde” que tínhamos em casa. E nunca mais parei. Aos sete anos eu já estava na segunda série e ganhei um concurso de leitura na escola pública municipal onde cursei todo o ensino fundamental.
O concurso era para alunos de nove e dez anos – da terceira e quarta séries –, mas minha professora me inscreveu, fui aceita e acabei ficando com o primeiro lugar.
Quando anunciaram o prêmio, alguns alunos riram e caçoaram, mas, para mim, era a realização de um sonho: uma pequena estante de madeira com uma coleção de doze livros infantis.
Naquela época eu já sabia que não tínhamos condições de comprar nem ao menos um daqueles livros, logo, aquela era a grande (e talvez única) chance de ter minha própria “biblioteca”.
No dia seguinte, quase não prestei atenção na aula. Estava ansiosa demais esperando minha mãe chegar para me ver recebendo meu primeiro grande prêmio.
Já estava tudo combinado: minha mãe levaria a sacola de feira da minha avó (que era melhor do que a nossa) para poder carregar todos os meus novos livros de uma só vez. Depois, um dos meus dois tios que tinham carro buscaria a estante.
Em vez de dormir, eu havia passado boa parte da noite anterior pensando no que faria caso a sacola de feira não fosse suficiente para trazer todos os livros. Até que tive uma ideia que me acalmou por alguns minutos: eu poderia colocar dois ou três na minha bolsinha de brim azul-marinho.
Mas como nossa casa tinha um único quarto, eu não podia acender a luz para pegar a bolsa, correndo o risco de acordar meus pais e minha irmã. O medo de esquecer a bolsinha de brim me manteve acordada pelo resto da noite.
O grande dia chega, mas é bem menor do que eu esperava
Depois da aula, finalmente minha mãe chegou e corremos até a biblioteca. Eu estava tão feliz que não liguei a mínima para os meninos que riram da minha mãe atravessando o pátio da escola com uma sacola de feira. Eram os mesmos que me chamavam de “pobretona” porque eu usava uma capa de chuva feita de saquinhos de leite tipo C.
Mas naquele dia, nada tiraria minha alegria, exceto uma coisa: descobrir que minha estante de livros não estava mais lá... Quem pegou “minha biblioteca”? E por que a diretora da escola começou a cochichar com minha mãe que, num instante, ficou vermelha feito um pimentão?
Achei que a diretora estava contando que eu não havia prestado atenção na aula, mas como ela podia saber? Vi minha mãe se aproximando rapidamente e tremi diante das perguntas à queima-roupa: “Que história é essa? Quem te ensinou a mentir desse jeito?”
Fiquei paralisada. Senti meu rosto ferver, minhas pernas ficaram bambas e não consegui dizer uma palavra. A diretora passava a mão na minha cabeça, pedindo à minha mãe que não me batesse, que lembrasse que eu realmente havia ganhado o concurso e que o “meu erro” foi apenas ter “inventado” o tal prêmio.
Foi estranho descobrir tão cedo que adultos podem ser mais cruéis do que os meninos que riam da nossa pobreza.
Reviravolta inesperada
Não entendi bem o restante da conversa, até que a dona Therezinha – professora que me inscreveu no concurso – apareceu e perguntou por que eu estava com cara de choro se havia ganhado a estante de livros que eu tanto queria.
Só consigo me lembrar de duas coisas: perguntar insistentemente onde estavam os meus livros e da tristeza de voltar com as sacolas vazias, a de feira e a de brim. Entramos na casa da minha avó em silêncio, ao contrário do que fazíamos todos os dias, e eu chorei escondido enquanto minha mãe contava como a diretora nos fez de bobas.
Mais tarde, numa reunião de pais e mestres, a professora Therezinha pediu que minha mãe esperasse todos irem embora e disse que, por ser “católica apostólica romana”, contaria a verdade sobre o concurso.
A diretora não achou justo que uma aluna que “não deveria ter participado do concurso” recebesse o prêmio, mas preferiu inventar aquela história toda para “encurtar a conversa”.
Dona Therezinha fez questão de me dizer que é sempre “mais bonito” falar a verdade e que gente mentirosa pode ganhar muito dinheiro nesta vida, mas não vai entrar no céu. Eu disse que já sabia disso, só não sabia se ainda ganharia os livros.
Nunca me esqueci da professora Therezinha, que dizia que só rico toma café da manhã sentado, porque pobre acorda cedo demais, toma café preto em pé, na pia da cozinha e já corre pro trabalho. Então, se nós quiséssemos tomar café sentados, tínhamos que estudar direito e estudar bastante.
Com o passar dos anos fui entendendo os ensinamentos daquela professora, que repetia incansavelmente que rico compra tudo, menos gente honesta, que dinheiro é bom quando desce pro bolso, mas ruim quando sobe à cabeça e que é melhor comer fruta de fim de feira sendo honesto do que chupar laranja de casca lisa sendo arrogante.
Ao longo dos meus 35 anos de carreira, fui demitida duas vezes: uma porque denunciei um roubo na empresa, sem saber que entregava as provas ao chefão do esquema, e outra porque me neguei a mentir.
Em ambos os casos o dinheiro fez muita falta, mas enquanto as pessoas diziam que “ser boazinha” não ia me levar a lugar algum, eu lembrava que dinheiro não compra gente honesta e não pode subir à cabeça.
Hoje, escrevo este texto em minha biblioteca particular que já passa dos mil volumes. Pergunto-me se me cerquei de livros para compensar aqueles doze que ganhei, mas nunca recebi. Não encontro resposta, mas acabo de perceber que, há décadas, tenho tomado café da manhã sentada todos os dias.
Conselhos que não têm preço, como os da professora Therezinha, ainda podem ser encontrados em boas pessoas e em bons livros. Alguns deles mudaram completamente a forma como penso, vivo e trabalho, e dez deles estão na lista a seguir.
Dez livros que me impactaram
Gerenciando a Si Mesmo – Harvard Business Review – É uma coletânea de dez artigos práticos sobre produtividade e liderança. Mas o que mais me impactou foi o artigo bônus, escrito por Clayton Christensen. Em um texto curto, mas transformador, ele fala sobre como ter uma vida bem-sucedida, com propósito, equilíbrio e sem abrir mão de princípios e virtudes.
Minha História – Rosa Parks – Trata-se da negra americana que, em 1955, recusou-se a ceder seu lugar a um homem branco em um ônibus de Montgomery, Alabama. O protesto solitário de Rosa Parks deu início a um dos movimentos mais importantes pelos direitos civis nos Estados Unidos, ao lado de nomes como Martin Luther King Jr. Verdadeiramente inspirador.
Psicologia Financeira – Morgan Housel – A obra traz argumentos sólidos sobre algo em que acredito plenamente: dinheiro tem muito mais a ver com comportamento do que com matemática. Leitura obrigatória para quem quer transformar sua relação com as finanças.
Indico todos do Ryan Holiday, mas aqui, vou listar três: O Ego é seu Inimigo, O Obstáculo é o Caminho e A Quietude é a Chave. O autor se baseia no estoicismo e traz lições práticas quem podem transformar sua vida e sua carreira profissional.
Também indico os livros de Pierluigi Piazzi (pena que sejam apenas quatro). Comece por Aprendendo Inteligência. Na minha opinião, o querido e saudoso “professor Pier”, deveria ser o patrono da educação brasileira.
Seu amor pelo ofício de lecionar, sua visão de mundo e seu método de ensino baseado na premissa de que “inteligência se aprende” alcançou mais de cem mil alunos ao longo de sua carreira.
Esse livro mudou a minha forma de enxergar a educação, mas principalmente, despertou ainda mais meu interesse em entender como nosso cérebro aprende. Transformador.
A Tríade do Tempo – Christian Barbosa – O livro me fez entender a importância do tempo e que produtividade não é apenas fazer mais, mas fazer no tempo certo. Passei a priorizar as tarefas importantes, a resolver questões circunstanciais de forma inteligente e principalmente, parar de viver de urgência em urgência.
Inteligência Emocional – Daniel Goleman – Este livro é um divisor de águas, pois mostra que inteligência sem equilíbrio emocional não garante sucesso a ninguém. O autor faz mais do que provar uma tese, pois podemos ver um raio-X de nós mesmos. Pessoas emocionalmente inteligentes têm mais chances de serem bem-sucedidas na carreira e na vida.
A Bíblia – O mais importante de todos, o alicerce da minha vida em todos os aspectos, que leio por necessidade. A Palavra de Deus me dá direção, conforto, sabedoria e força e é o único livro que podemos ler na presença do Autor.
Um convite
Quando o assunto é leitura, uma coisa é certa, nem todas as pessoas que leem são bem-sucedidas, mas todas as pessoas bem-sucedidos leem. E leem muito. Se você gostaria de ler mais ou de fazer parte de um grupo de elite, com pessoas comprometidas em aprender através da leitura e de contar com a minha curadoria, clique no link a seguir e entre no grupo de super interessados para fazer parte do meu Clube da Leitura: https://chat.whatsapp.com/F8lsblmFowT0hPwllFxbVy
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