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Patricia Lages

Você gasta mais do que imagina e nem percebe

Desafio nas redes: funcionários ficam chocados ao descobrir que gastam bem mais do que imaginavam em seus locais de trabalho

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Trend: funcionários tentam adivinhar quanto gastaram em compras nas empresas em que trabalham (e erram feio) Imagem ilustrativa gerada com IA

“Eu sou a Marília, trabalho aqui há 31 anos e acho que já gastei uns R$ 50 mil em compras aqui na loja! Será que foi tudo isso, gente?” Enquanto dá seu palpite, a funcionária segura uma plaquinha com o gasto real, de forma que quem assiste pode ver, mas ela não.

Ao virar a placa e se dar conta do valor, Marília dá um grito, enquanto seu rosto exibe um misto de surpresa, decepção e vergonha. Ela havia gastado R$ 148.800.


Mas como alguém pode gastar um montante desses sem perceber? A resposta é bem simples: gastando pequenas quantias de forma consistente.

A média de gastos de Marília foi de apenas R$ 13,35 por dia. O que a fez atingir o valor de seis dígitos foi a consistência a longo prazo, uma disciplina que pouquíssimos brasileiros têm quando o assunto é poupar.


Apesar de trabalhar há mais de três décadas, Marília não conseguiu juntar dinheiro. Assim como boa parte dos brasileiros, ela acreditava que não era possível poupar por vários motivos: seu salário era baixo, sempre aconteciam imprevistos que a faziam gastar, não valia a pena guardar valores pequenos, medo de investir e acabar perdendo tudo.

Marília está prestes a se aposentar, mas não poderá parar de trabalhar, afinal, se está difícil manter as contas em dia recebendo quatro salários-mínimos por mês, como viverá com um benefício que, segundo seu advogado, não deverá chegar nem à metade?


Se ela tivesse poupado 60% do que gastou – apenas onde trabalha – teria uma poupança de R$ 90 mil, o que poderia lhe trazer um pouco mais de tranquilidade.

Para se ter uma ideia, o saldo médio por conta na caderneta de poupança, em 2022, foi inferior de R$ 2.441, de acordo com o Banco Central. E, segundo pesquisa DataFolha (2023), 67% dos brasileiros não têm nenhuma reserva financeira, enquanto apenas 6% disseram ter reservas suficientes para manter o padrão de vida por 12 meses.


A “trend” das redes sociais mostra uma realidade dura, mas que precisa ser analisada e discutida amplamente, principalmente quando se fala de futuro e quando temos uma população que, em sua maioria, não sabe como o INSS funciona.

O seu INSS não é a sua aposentadoria

Quando um funcionário lê seu contracheque, uma das primeiras coisas que aparece é o desconto mensal do INSS. Isso dá a muita gente a impressão de que estão contribuindo para sua própria aposentadoria, o que é um grande erro.

Todo dinheiro arrecadado pelo INSS é imediatamente utilizado para pagar quem está aposentado neste momento, além de outros benefícios, como: auxílios por incapacidade temporária, acidente ou reclusão; pensões por morte; licença-maternidade; salário-família; BCP/LOAS.

Em outras palavras: você não está contribuindo para a sua aposentadoria futura, mas, sim, para o pagamento dos beneficiários do presente. Se não houver uma reforma, em questão de poucos anos, o INSS perderá a capacidade de pagar esses benefícios pelo simples fato de que os brasileiros estão vivendo mais – aumentando o número de aposentados e o tempo de pagamento – enquanto a taxa de natalidade vem caindo há décadas – diminuindo o número de contribuintes.

Como em todo esquema de pirâmide, o INSS precisaria de uma base grande para pagar os que estão no topo, mas o que temos hoje e as projeções para o futuro, é uma inversão da pirâmide, com uma base ficando cada vez mais estreita, enquanto o topo se amplia. É preciso repensar o consumo, principalmente quando envolve juros, e poupar para o futuro o quanto antes.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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