Em busca de transformar Belém na minha casa
Eu vejo. Eu sinto. A cada chuva. A cada raio potente do sol. A cada molhar e secar das ruas. As esquinas me contam. Os meio-fios me dizem. As escadas, ladeiras, avenidas e travessas... Tudo em Belém me abraça

“Voltar pra casa é conhecer / todas as gírias de um lugar / Ver que são parte de você / Voltar pra casa é repensar / sobre o que é mesmo importante a gente ter”
Assim começa Voltar Pra Casa, música do maravilhoso Celso Viáfora. Eu não estou voltando para casa. Estou procurando a minha casa longe de casa. Estranho? Muito. Mas é exatamente isso. Estou na busca de transformar Belém na minha casa.
As minhas gírias não são daqui. Meu jeito de falar e as minhas referências, também não. E justamente por isso tento, todos os dias, me conectar a essa cidade, a esse povo, a esses novos jeitos e referências e gírias.
Essa música do Celso é literal: falar sobre voltar para casa, sobre retornar, voar de volta para o ninho. É o inverso do que estou fazendo. Estou em pleno voo, e cada vez mais distante do meu lar.
Mas, pensemos juntos caro leitor (você está aí ou estou escrevendo para eu mesmo ler?): o que é o lar? É uma casa? Um apartamento? Um sítio? Ou o lar somos nós mesmos? Moramos em um lugar ou moramos dentro da gente?

Suspeito que se sentir em casa é estar bem consigo mesmo. Gostar da própria companhia, se divertir e ser feliz onde quer que esteja. Sabendo, claro, que ninguém é feliz sempre. Mas tendo sempre em mente que é sim uma missão eterna tentar ser feliz o máximo possível.
Belém está sorrindo para mim. Eu vejo. Eu sinto. A cada chuva. A cada raio potente do sol. A cada molhar e secar das ruas. As esquinas me contam. Os meio-fios me dizem. As escadas, ladeiras, avenidas e travessas... Tudo em Belém me abraça.
O que então preciso eu fazer para transformar Belém em lar? Cantar? Isso! Mas cantar o quê?
Viajei de carro. Adivinha! Cantei! Não cantei brega nem qualquer outra música típica do Pará. Cantei o que eu aprendi a cantar. Peguei as minhas referências sonoras, enchi os pulmões e... CANTEI!
Peguei algo meu, juntei com a paisagem paraense que me rodeava na estrada, e transformei em uma viagem minha.

Com o tempo, eu vou fazer esse tipo de mistura sem perceber. Até que não será mais uma mistura. Não haverá algo meu e algo de Belém ou do Pará como um todo. Haverá apenas o meu lar interior. A minha conexão então com essa terra estará plena.
Esse tempo dura quanto pra passar? Só ele, o próprio tempo, vai dizer. Mas há de chegar.
E aí volto para a música do Celso Viáfora. Gênio completo da poesia paulistana.
“Em casa eu sei os caminhos / compreendo a confusão / A gente sai à pé / sem perguntar onde é”
Rogo para que chegue o dia em que eu e Belém estejamos tão ligados, tão juntos, que eu não precise usar qualquer app do celular para ir a um lugar. Ou que não precise perguntar nada a ninguém. Simplesmente sair. A pé. Pleno. Conhecedor desse chão. Em casa.
✅Para saber tudo do mundo dos famosos, siga o canal de entretenimento do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp