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Força da Amazônia faz calor, umidade e chuva companheiros do dia a dia em Belém

Experiência vivida num jogo entre Remo x Paysandu, no Mangueirão, é retrato dessa característica da capital paraense

Noleto na Amazônia|Gabriel NoletoOpens in new window

Céu encoberto em Belém, antes da chuva diária Gabriel Noleto/R7

Andar por Belém… Bem, quer dizer… Melhor falar suar em Belém.

Estar em Belém é ficar com a pele úmida. Se não sempre, quase sempre. É um permanente estado de umidade, uma fina camada de suor acompanhando no dia-a-dia. Quase sempre.

Voltando, portanto: andar por Belém é ficar suado. Ir ao supermercado, à farmácia, passear no parque ou em um museu, não importa: o suor vem. São as características daqui, esse calor, essa umidade. O carioca aqui é lembrado sempre de que está na Amazônia, que aqui não há inverno, outono, primavera ou verão. Há inverno amazônico e verão amazônico.

O Pará é um país dentro do Brasil. E dentro do Pará está um pedaço da grande floresta, o tal pulmão do mundo, a Amazônia. Isso não é novidade. Nem o calor é.


“E aí, Gabriel, tá gostando de Belém?” Pergunta rotineira. Tenho sempre algumas respostas prontas para quando estou de passagem ou com pressa: “Muito! Até porque esse calor não me assusta, então tô me sentindo em casa.”

Mas confesso que essa é uma meia verdade. Não há calor assim no Rio. Não nesse nível. O Rio fica quente como aqui apenas nas ondas de calor, geralmente no verão brasileiro. Aí, sim, o Rio pode ser comparado a Belém. Agora esse calor… Esse calor de Belém é diferente, faz com que o Rio seja fresquinho.


Chuva faz parte do cotidiano de Belém Gabriel Noleto/R7

É como se não tivesse uma pausa, está sempre quente. Às vezes muito quente, mas nunca deixa de ser quente. E, além da quentura, vem a chuva. E, com ela, a umidade. Mas não é uma chuva como no Rio. Lá, quando chove, é comum chover um dia inteiro, às vezes dois. Ou então ficar dias e dias seguidos sem uma gota cair do céu.

Em Belém, a força da Amazônia faz com que a chuva seja companheira do dia a dia. Ela vem diariamente, mas não uma única fez. Chove algumas vezes ao dia. É normal. Chove, para. Chove, para. Lembro de apenas um dia que não vi chuva desde que cheguei.


Ou seja, na mesma proporção do calor, há a chuva. E esse é o encanto. É como um morde e assopra. O calor castiga. E a chuva alivia.

Isso eu vivi intensamente quando fui conhecer o estádio do Mangueirão. Final do Campeonato Paraense desse ano. Remo x Paysandu. Foi o meu primeiro Re x PA.

Cheguei faltando uns quarenta minutos para o jogo começar. O céu, como sempre, em parte estava azul com nuvens branquinhas, e, em outras, sinalizava uma tempestade. Já vi muitos céus assim em Belém, virou rotina.

A fila para entrar no estádio era imensa. Entrei pelo lado do Paysandu. Quase meia hora no sol. Sol mesmo. Parecia aquele sol que a gente torce para ter quando vai à praia. Mas no lugar da areia, concreto. Muito quente!

Suando, entrei. Fiquei numa área coberta. Em frente, lá do outro lado, a torcida do Remo. Todos de frente para o sol. Me compadeci. Me lembrou a final da Copa do Brasil, no Maracanã, entre Flamengo e São Paulo. Fiquei de frente para o sol praticamente o jogo todo. Terminei como se estivesse entrado debaixo do chuveiro: completamente molhado.

O jogo começou. Paysandu e Remo. Tudo era novidade para mim. Eu confesso que mais prestei atenção na torcida, em quem estava perto de mim, do que no jogo. Via também a torcida do Remo ao longe. Cantavam. A torcida do Paysandu rebatia nas arquibancadas acima de mim.

Eu olhando e suando. Mesmo na sombra, o suor estava comigo. Até que o céu, que antes era parte sol, parte alerta de tempestade, foi tomado por um tom púrpura e foi ficando cinza. As primeiras gotas vieram. Depois desabou. Água. Muita água.

O jogo sequer parou. Ninguém se incomodou. Apenas quem estava na parte debaixo, como eu, mas não estava abrigado pela marquise, veio correndo se proteger da chuva. De resto, a final continuou dentro da mais absoluta normalidade.

Chuva no meio do jogo entre Remo x Paysandu, no Mangueirão Gabriel Noleto/R7

Eu confesso que me espantei. “O jogo não vai parar? Será que o gramado aguenta?” Flamengo e Botafogo jogaram aqui no começo do ano. Choveu assim e o jogo parou. Lembrei e pensei: eram times cariocas, não sabem nada de Belém. A chuva passa! Respira que passa.

Mas esse temporal parecia diferente. Intenso e mais longo. Ainda assim, o jogo foi rolando, as torcidas seguiram cantando…

E eu, de repente, me peguei de olhos fechados. Inclinei a cabeça para cima. Senti o vento. Mesmo debaixo da marquise, os pingos loucos voavam e me acertavam o rosto. A tempestade era tanta que parecia que a chuva não caía na vertical. O vento empurrava a água para todas as direções, parecia uma chuva horizontal.

Abri os olhos com o rosto molhado. O calor de Belém me molhou. Sufocou. E a chuva de Belém me molhou ainda mais. Aliviou.

E, quando achei que talvez o jogo iria parar, porque não era possível seguir naquele dilúvio, a chuva parou. Como sempre para.

A floresta sabe o que faz. O tanto de calor. O tanto de chuva. A receita climática da Amazônia é exata.

Cheguei em casa seco. Sujo de suor. Mas seco. E sabendo que no dia seguinte iria voltar a suar, voltar a ver chuva… É o ciclo de Belém.

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