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Jeito de falar de Belém une o carioca e o baiano ao clima da Amazônia

Aqui já ouvi a brincadeira: ‘lá no Brasil...’ Sim, fazendo piada, eles se referem aos outros estados como o ‘Brasil’, afinal de contas, o Pará é o Pará

Noleto na Amazônia|Gabriel NoletoOpens in new window

Belém do Pará Gabriel Noleto

Um lugar pode ser explicado pelas paisagens, pelo clima, por cores, cheiros e também pelos sons. Simples, né? Muito simples, mas é preciso atenção. Atenção para não deixar escapar nada. Ok, alguma coisa sempre escapa. Mas o ideal é ficar como se fosse uma antena parabólica pronta para captar os sinais.

Os belenenses têm sotaque. Todos temos. Não importa de onde viemos, sempre caminhamos falando do nosso próprio jeito, de uma maneira muito peculiar. O carioca fala de um jeito, o paulista, de outro. Gaúchos, mineiros, acreanos, baianos, pernambucanos, capixabas. Não importa: o sotaque é uma certeza.

E sim, o sotaque ajuda a definir o lugar. Não apenas pelos sons, mas também por todos os significados inseridos nesses sons regionais.

O Pará é um país. Aqui já ouvi a brincadeira: “lá no Brasil...” Sim, fazendo piada, eles se referem aos outros estados como o “Brasil”. Afinal de contas, o Pará é o Pará. Lindo pensar que orgulho deles vai a esse ponto. Enchem o peito para falar do tacacá, da maniçoba, do jambu...


Belém do Pará Gabriel Noleto

Os meus ouvidos ainda não sabem distinguir os sotaques dentro desse país, o Pará. Mas já capta bem o sotaque belenense. Em Belém, os meus ouvidos ouvem um cantar. Um jeito de falar miudinho, ritmado, mas que, vez por outra, rompe o ritmo com um “égua”. Do nada. Arregalo os olhos, quase sem entender. No fim, entendo: é o jeito deles.

E como uma cidade é feita de suas paisagens, do clima, das suas cores, cheiros e sons, ela, por consequência óbvia, é feita pelas pessoas. E se as pessoas têm sotaque. Ora, a cidade também tem.


E eu, chegando aqui, descobri que já conhecia o sotaque de Belém. Um amigo que mora há anos em São Paulo é daqui. Sem saber, ao longo dos últimos vários anos, mesmo sem ter nunca pisado em Belém, já conhecia o sotaque da sede da COP30.

Belém do Pará Gabriel Noleto

É como se eu ouvisse o meu amigo diariamente. O jeito de falar, as expressões... (ele não fala mais “égua”, mas ele quebra o ritmo da fala, rompe a cadência do mesmo jeito, mesmo sem “ÉGUA, Gabriel!”) Parece que ele nunca saiu de Belém. Hoje, tem duas filhas paulistas. Enraizou em São Paulo. Mas basta usar a tal antena parabólica e ficar atento: o sotaque de Belém está ali, tatuado nele.


Belém é esse sotaque. Esse texto não pretende fazer com que esse jeito de falar seja percebido por quem não o conhece. Impossível. É apenas um relato de quem está disposto a ouvir. E também um convite: nunca ouviu um belenense falar? Pois ouça. Eles têm o X do carioca. Um cantado do baiano. Aliado a uma certa moleza que só o clima da Amazônia poderia permitir.

É como se o sotaque fosse convidativo e atento para reagir a qualquer coisa estranha. Há o ritmo, o jeito cantado de falar... Mas há também a explosão, o “ÉGUA!”, que assusta quem não está habituado.

E o belenense é assim: carinhoso, atencioso, acolhedor. Mas, não se engane, ele é melindrado, ressabiado: está sempre pronto para reagir se preciso.

Égua da terra boa, essa aqui!

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