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O Remo subiu e o Paysandu caiu: o que acontece agora no estado que mais ama futebol?

Eu moro hoje em Belém. Aqui o povo ama futebol de uma maneira que eu nunca havia visto

Noleto na Amazônia|Gabriel NoletoOpens in new window

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Torcida do Remo se emociona com a volta à Série A depois de 31 anos FERNANDO TORRES/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO — 23.11.2025

O debate sobre qual é a maior torcida do Brasil aparece de vez em quando. Diante das infinitas pesquisas e também de um simples caminhar na rua pelas grandes cidades ou então simplesmente ver TV e constatar as torcidas nos estádios, é difícil alguém ter a coragem de afirmar que o Flamengo não é o time de maior torcida.

Mas, ainda assim, há quem aponte que isso só acontece por conta dos tais “torcedores terceirizados”. Debate bem polêmico. Para quem não tem familiaridade com essa expressão, por vezes bem dotada de rancor ou algo do tipo, significa o seguinte: alguém do Norte ou do Nordeste, na visão de quem usa a expressão, deveria torcer para times das suas regiões, dos seus Estados, das suas cidades.


Quando isso não acontece, ou seja, quando alguém torce para um time “de fora” (um cearense que torce para o Vasco ou um paraense que torce para o Corinthians) são vistos como? Como “torcedores terceirizados”.

Em geral, essas pessoas têm dois times. Um “grande”, geralmente do Rio ou de São Paulo, e outro, esse, sim, da sua região. Aí essas pessoas, sejam por inveja, rancor ou ignorância, afirmam que o Flamengo, sempre à frente em todas as pesquisas sobre torcidas, só tem o maior contingente de torcedores por conta desses tais “terceirizados”.


Eu moro hoje em Belém. Estou aqui há noves meses. O tempo de uma gestação e tempo suficiente para ter notado certas coisas. Aqui o povo ama futebol de uma maneira que eu nunca havia visto. Há o Re x Pa, claro. Tudo sobre Remo e Paysandu mexe com a cidade, mexe com o Pará.

Mas não só. Jogos do Flamengo mexem. Jogos do Palmeiras, do Vasco, do Fluminense, do Corinthians. Até jogos da seleção brasileira, tão deixada de lado, também mexem com o povo daqui. É futebol? O paraense tá dentro. O povo daqui realmente respira futebol.


Outro dia estava com uma colega de trabalho almoçando. Ela não acompanha futebol. Mas gosta. E, para ela, faz todo sentido. Ela não precisa saber as escalações dos times, saber os detalhes para gostar.

Ela me disse que torce para o Vasco, já que morou no Rio. Torce para o Remo, já que é paraense. Mas ama mesmo o Corinthians, e olha que nunca morou em São Paulo.


Isso é mais do que o suficiente para dar um nó na cabeça de quem usa a tal expressão “torcedores terceirizados.” Mas o que mais me impressionou foi: ela, ao mesmo tempo que diz que ama o Corinthians, disse que em um jogo Remo x Corinthians torce para o Remo. “Porque Remo é Remo, né, Gabriel?”.

E mais: mesmo sendo Vasco, ela disse que, num jogo entre Flamengo x Palmeiras, ela torce para o Flamengo. “Porque não tem como corintiana não torcer contra o Palmeiras. Eu odeio o Palmeiras.”

Um nó.

Repito: Ela ama o Corinthians. Mas não a ponto de passar por cima do Remo. Torce e gosta muito do Vasco. Mas, por conta do amor ao Corinthians, odeia o Palmeiras e, por isso, mesmo sendo Vasco, torceria para o Flamengo.

Confuso.

Será?

Não para ela. Ela gosta de futebol.

No fim da conversa, perguntei: “tá, tudo bem, mas me conta: quando te perguntam o seu time... Você responde o quê?” Ela, com cara de que teria que falar o óbvio, respondeu: “Corintiana, e com muito orgulho.”

É um nó, dos mais atados, nó de pescador, de ribeirinho. Nó forte. Um nó que o sudestino que acha que entende de futebol não consegue desatar.

E, sim, Remo na Série A. Acontecimento enorme por aqui. Paysandu na C. Como será? Nem eu, nem ela sabemos. Mas podemos, eu, ela e qualquer aqui em Belém, afirmar que a cidade e o Pará todo vão respirar futebol.

Mas se o Remo não se mantiver e cair de novo para a Série B? E se o Papão subir e ficarem Re x Pa de novo juntos na segunda divisão em 2027? E se o Remo não cair e seguir na primeira? Se o Paysandu não subir e continuar na terceira? Nada disso importa.

O que importa é que eles amam futebol.

E, sim, essa colega de trabalho vai ter dois jogos do Remo contra o Corinthians para torcer pro Remo ano que vem pela Série A. Isso importa muito. E mais: ela ontem viu Cruzeiro 0 x 1 Corinthians. Deve ter vibrado e, com certeza, já imagina que pode ser campeã da Copa do Brasil.

Um nó.

Que ela mesma deu.

Não terceirizou pra ninguém.

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