Programa debate presença de crianças em publicidades LGBTQIA+
Fala Que Eu Te Escuto desta quarta-feira discutiu sobre até que ponto é normal envolver crianças em comerciais com este tema
Viva a Vida|Ana Carolina Cury, do R7
“Sou homossexual e não concordo com a propaganda que o Burger King fez usando crianças para falar sobre relações LGBTQIA+. Não cabe a uma empresa fazer isso”. Foram com essas palavras que o espectador Aguisson Martins declarou, no programa Fala Que Eu Te Escuto desta quarta-feira (30), que não concorda com a peça publicitária intitulada “Como explicar”, divulgada pela rede de restaurantes fast food, no último dia 23.
A campanha que retrata a visão de algumas crianças, acompanhadas de seus responsáveis, sobre a diversidade e as relações LGBTQIA+, causou controvérsia e dividiu opiniões. Não demorou para as hashtags #BurgerKingLixo e #BurgerKingnuncamais ficarem entre os assuntos mais comentados no Twitter.
A repercussão chegou até mesmo nas celebridades. O apresentador Sikêra Jr. ficou revoltado pelo fato de crianças protagonizarem o debate. “Isso é um absurdo, deixem as crianças serem crianças, vocês querem empurrar isso goela abaixo, com crianças de 6, 8 anos. Parem com essa ‘tara’”, declarou.
Em resposta, a cantora Ludmilla disse que a declaração de Sikêra era inadmissível. “Ele não pode ficar impune do que falou”.
Incentivo da ideologia de gênero
Uma matéria exibida durante o programa Fala Que Eu Te Escuto lembrou que a propaganda do restaurante coincide com um projeto de lei de São Paulo, de autoria do vereador Eduardo Suplicy (PT), aprovado no mesmo dia da divulgação do comercial, cuja pauta dá brecha para a inclusão da ideologia de gênero nas escolas.
Entre outros pontos, o petista incluiu emendas que afirmaram que “os estabelecimentos de ensino da Rede Municipal de Educação deverão abordar, de forma interdisciplinar, o conteúdo e os princípios da Economia Solidária". A questão é que a Economia Solidária aborda “a garantia de direitos e promoção dos direitos humanos nas relações, notadamente com equidade de direitos de gênero, geração, raça, etnia, orientação sexual e identidade de gênero".
O ensino da chamada ideologia de gênero é polêmico e causa muita discórdia entre a população brasileira. Esse projeto seguirá, agora, para sanção ou veto do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).
Diferentes opiniões
O apresentador do Fala Que Eu Te Escuto, Bispo Eduardo Bravo, questionou os espectadores: “Você acha que ver crianças em publicidade LGBTQIA+ é normal, aceitável ou fere a inocência delas? Dê a sua opinião. Você fala e a gente escuta”.
Além do Aguisson, que disse ter ficado revoltado com o comercial, mesmo sendo homossexual, muitas outras pessoas se manifestaram contra essa exposição. “Como pai e como avô também fiquei indignado. Não podemos aceitar que qualquer pessoa que seja, ou uma empresa, influencie as crianças com temas relacionados à sexualidade. Se uma companhia quer ajudá-las, auxilie no ensino. Como parlamentar, entendo que isso é um crime que não visa ensinar, mas impor um ‘novo normal’”, comentou o deputado estadual Altair Moraes, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos.
Para a advogada Maria Fernandes, a questão não é ser contra o movimento, mas contra impor esse pensamento às crianças. “O tema é bem delicado, mas penso que criança precisa ser criança, ou seja, se preocupar apenas em brincar. Como mãe e como profissional, vejo que elas estão tendo a infância reduzida, pois estão sendo estimuladas a se preocuparem com algo que não pertence a idade delas, pois tudo tem o seu tempo. Estão estimulando-as a fazerem escolhas sexuais desde cedo, sendo que sequer se conhecem ainda”.
A psicóloga Adrielle Olian também criticou a postura da marca. “Essa exposição é desnecessária. A criança não tem capacidade cognitiva para compreender a questão da sexualidade. Quando a criança chega na puberdade e tem dúvidas, cabe aos responsáveis darem essa orientação sexual e não a uma lanchonete”.
Polêmica durante o programa
O internauta Carlos Júnior escreveu que ser contra essa ação de marketing é agir de forma preconceituosa. “O programa só está mostrando comentários que criticam a campanha, estou revoltado”.
Em resposta, o também apresentador, o pastor Guilherme Grando, afirmou que estava lendo todos os comentários, favoráveis e contrários, mas que quase todas as opiniões que se mostravam a favor de crianças em publicidade LGBTQIA+ continham palavrões e xingamentos.
“Todos que estão comentando a favor estão sendo ofensivos, não podemos ler ofensas aqui. O Carlos Júnior, por exemplo, disse aqui nas nossas redes sociais que é comum colocar crianças para namorar em novelas, então é hipocrisia ser contra, pois ninguém está sexualizando crianças, apenas queremos que elas aprendam a respeitar todos”, disse.
Ao fim do programa, 91% dos participantes que votaram na enquete acreditam que a participação de crianças em publicidades LGBTQIA+ fere sua inocência.
“Estão destruindo nossas crianças e as famílias. Dizemos aqui, com todas as letras, que isso é inaceitável. São decisões que as crianças não estão prontas para tomar. Nós não somos contra o grupo, o movimento, mas sim contra a influência exercida, imposta às crianças. Que Deus abençoe a todos que acompanharam o programa”, concluiu o Bispo Eduardo Bravo.
O programa Fala Que Eu Te Escuto é exibido de terça a sábado pela Record TV, a partir de 0h45. Quem se encontra em outros países pode assistir pela Record Internacional ou pelo Facebook.