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'Vai Ficar Tudo Bem': compositor diz como criou o hino da quarentena

Música do português Flávio Cristóvam exalta trabalho dos profissionais de saúde e estimula a solidariedade entre os povos

Entretenimento|Marcos Rogério Lopes, do R7

"Andrà Tutto Bene", uma mensagem de esperança em meio ao coronavírus
"Andrà Tutto Bene", uma mensagem de esperança em meio ao coronavírus

De um home office em uma pequena ilha do Oceano Atlântico, os Açores, de Portugal, saiu a música candidata a hino do período de quarentena mundial. "Andrà Tutto Bene" ("Vai Ficar Tudo Bem") tem o título italiano, língua do país mais devastado pelo novo coronavírus até o momento, letra em inglês e foi composta por um português, o músico Flávio Cristóvam.

Em entrevista por email ao R7, o músico contou que se surpreendeu com a repercussão que ganhou a canção e o vídeo, montado pelo amigo Pedro Varela e compartilhado em seu Facebook no dia 25 de março.

O clipe, em cinco dias, alcançou 480 mil visualizações e foi compartilhado por 14 mil pessoas no Facebook. No YouTube do autor, foi assistido 300 mil vezes.

"Dois ou três meses / Eles estão dizendo na TV / Esteja seguro em seus abrigos e em breve estaremos livres / Um dia nos lembraremos dos tempos mais difíceis / Quando a distância significava amor e nos mantinha vivos", diz um trecho da música, em uma tradução para o português.


No filme, veem-se ruas do mundo desertas, profissionais de saúde trabalhando até o limite e sendo aplaudidos em janelas de vários países, notícias sobre a pandemia e protestos enquanto uma jovem, sozinha em seu apartamento, apresenta cartazes com mensagens de esperança.

Cristóvam diz que fez a música pensando em dar algum alento a um planeta tão apreensivo com o avanço da covid-19. Mas também para exaltar o trabalho de médicos e enfermeiros que se colocam na linha de frente no combate ao vírus. Entre esses profissionais estão sua namorada, uma farmacêutica. "Essa é mais uma razão que me faz manter um distanciamento grande à minha família e às pessoas que nela são mais vulneráveis", explica. 


Para ele, sozinhas em suas casas, as pessoas estão sendo obrigadas a aprender a olhar para os outros, a serem solidárias e menos individualistas.

"Solidariedade pode ser o simples gesto de ficar em casa. Pode ser o simples gesto de ajudar os mais velhos a fazer compras e evitar que tenham contato com o exterior. Pode ser perceber que a distância é neste momento uma grande prova de amor porque evita um possível contágio", analisa o músico.


Leia a entrevista na íntegra:

Qual foi a inspiração para a composição de Andrà Tutto Bene?

Foi tudo muito natural e espontâneo porque a minha maneira de lidar com sentimentos fortes é quase sempre esta, escrever canções. Lembro-me de ter tido este pensamento, em que um dia mais tarde iríamos todos recordar estes tempos como tempos em que a melhor maneira de expressar o amor por alguém era manter a distância. É um pensamento forte porque, se pensarmos bem, é como se tudo estivesse ao contrário, mas a verdade é que por mais estranho que possa parecer, é isso exactamente que precisa de ser feito para que consigamos todos enquanto humanidade ultrapassar este momento.

Tenho amigos enfermeiros e médicos na linha da frente; estou longe e isolado da minha família e estou preocupado por saber que tenho pessoas próximas que têm fatores de risco e que não podem mesmo apanhar esta doença. Ligo a TV e vejo países como Itália devastados e depois vejo outros países com líderes que não estão a medir o perigo e não mandam a população estar em casa. Tudo isto mexeu e mexe comigo. Tudo isto provocou em mim uma avalanche de emoções que tive de exteriorizar e a maneira como o fiz foi através desta canção.

De alguma forma o surpreendeu a repercussão dessa música?

Sim, por completo. Eu nunca pensei que isto fosse propagar desta forma. Na mesma noite em que a canção saiu entrou logo nas maiores rádios de Portugal e o filme tornou-se viral com gente de todo o mundo a mandar mensagens de parabéns. Logo no dia seguinte comecei a receber mensagens do povo brasileiro e isso aqueceu os nossos corações. É muito bonito ver que o nosso trabalho teve este reconhecimento nesse país maravilhoso e apesar de muitos pensarem que a canção era do U2 a questão é que a mensagem passou e estou mais interessado nisso do que propriamente na fama.

Em sua opinião, qual o papel da solidariedade e do espírito coletivo no

enfrentamento da pandemia?

Solidariedade neste momento é tudo. E solidariedade pode ser o simples gesto de ficar em casa. Pode ser o simples gesto de ajudar os mais velhos a fazer compras e evitar que tenham contato com o exterior. Pode ser perceber que a distância é este momento uma grande prova de amor porque evita um possível contágio.

Solidariedade pode ser fazer as suas compras nos pequenos comerciantes porque esses, serão os que mais irão sofrer com o impacto da crise económica que também se avizinha. São pequenas coisas que pensando que não podem mudar a vida de muita gente.

Conhece algum infectado? O que tem feito para proteger familiares e amigos?

Felizmente, vivo numa pequena ilha no meio do Atlântico em que a propagação do vírus ainda não atingiu os patamares da Europa central. Como tal, pelo menos para já, não tenho ninguém próximo que tenha contraído o covid-19.

O que tenho feito é o que as autoridades de saúde recomendam, e isso é estar em casa o máximo possível, não sair por motivos que não sejam absolutamente essenciais. É claro que custa estar longe dos que amamos, mas se essa é a forma de os proteger, então que assim seja.

Como tem sido seu planejamento pessoal para atravessar essa fase de

quarentena? Está saindo de casa, quando? Tem feito apresentações on-line?

Eu tenho ficado sempre em casa, à exceção de quando tenho de ir ao supermercado. A minha namorada é farmacêutica e, como tal, está na linha da frente neste combate ao novo coronavírus. Essa é mais uma razão que me faz manter um distanciamento grande à minha família e às pessoas que nela são mais vulneráveis. Sendo ela profissional de saúde ainda tenho um risco acrescido de contrair o vírus e essa consciência fez-me manter uma distância grande de toda a gente desde o início, mesmo quando ainda não tinhamos casos cá na ilha.

Mesmo que assim não fosse, a quarentena é essencial e se for adoptada por toda a gente, tenho a certeza que conseguiremos juntos enquanto humanidade ultrapassar este momento.

Em relação ao contato com o público via web, tenho tentado falar com os meus amigos próximos e família e falar também com os meus seguidores através das minhas redes sociais.

O senhor acredita que o ser humano sairá diferente dessa pandemia? Mais solidário e menos individualista, talvez?

Acredito que sim. Às vezes a mãe natureza parece ter formas estranhas de nos lembrar aquilo que é mais importante. E acredito que quando esta pandemia passar todos nós saberemos valorizar o amor e as pessoas de quem gostamos com uma perspectiva diferente, uma perspectiva de quem já as quis ter por perto e não pôde.

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