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Cinemateca: o maior patrimônio cinematográfico da América do Sul

Entre obras e roteiros, instituição preserva ainda oito mil cartazes de filmes, dos quais 2,6 relacionados ao cinema nacional

Cinema|Do R7, com Agência Estado

Sede da Cinemateca Brasileira localizada no bairro da Vila Mariana, em São Paulo
Sede da Cinemateca Brasileira localizada no bairro da Vila Mariana, em São Paulo Sede da Cinemateca Brasileira localizada no bairro da Vila Mariana, em São Paulo

Responsável pela preservação da produção audiovisual brasileira, desenvolvendo atividades em torno da divulgação e restauração de seu acervo, a Cinemateca Brasileira foi nesta quinta-feira (29) alvo de um novo incêndio em sua história. O fogo atingiu o prédio secundário da instituição, localizada no bairro da Vila Leopoldina, em São Paulo. A sede principal fica situada na Vila Mariana, na capital.

A entidade tem como propósito preservar grande parte do conteúdo cinematográfico nacional. Ela conta com mais de dois mil rolos de filmes: isso corresponde a cerca de 30 mil títulos entre as obra estrangeiras produzidas desde 1895. O acervo ainda conta com aproximadamente 4.700 documentos como certificados de censura, convites e também uma enorme coleção com cerca três mil roteiros e outros oito mil cartazes de filmes, dos quais 2,6 relacionados ao cinema nacional.

Em suas redes sociais, a Cinemateca tem por costume homenagear personalidades que contribuíram para a história do cinema e que já se foram. É o caso ator, produtor, roteirista e cineasta Flávio Migliaccio, morto em maio de 2020. O falecimento da cineasta Suzana Amaral, em junho passado, também é mencionado na página da instituição. 

Flávio Migliaccio (1934-2020)
Flávio Migliaccio (1934-2020) Flávio Migliaccio (1934-2020)

História

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A atividade da Cinemateca é realizada desde o ano de 1950. No entanto, o início do local se deu em 1940, com Paulo Emílio Sales Gomes, Décio de Almeida Prado, Antonio Candido de Mello e Souza e outros nomes.

Juntos, eles fundaram o Primeiro Clube de Cinema de São Paulo, no intuito de "estudar o cinema como arte independente", conforme o próprio site oficial conta. O grupo realizava as tarefas por meio de conferências, projeções, debates e publicações. Por causa da ditadura militar, o Primeiro Clube só durou um ano e foi fechado pelos órgãos de repressão do Estado Novo.

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O prédio da Vila Leopoldina foi doado à Cinemateca em 2009, pela Secretaria do Patrimônio da União. Com área total de 8.400 metros quadrados, dos quais 6.356 são de área construída, ele passou a abrigar dois anos mais tarde as reservas específicas de guarda de acervos, áreas de processamento de acervos fílmicos e documentais, laboratório de impressão fotográfica digital e demais instalações administrativas, de apoio e serviços da instituição.

No Centro de Documentação e Pesquisa da Cinemateca Brasileira é possível ter acesso aos arquivos pessoais de personalidades, por exemplo, como o de Norma Bengell. Como atriz, Norma fez mais de 50 filmes nacionais e estrangeiros. Em sua trajetória como diretora, voltou seu olhar para mulheres marcantes na história brasileira, em filmes como Maria Gladys, Uma Atriz Brasileira (1979) e Eternamente Pagu (1988).

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Norma Bengell (1935-2013)
Norma Bengell (1935-2013) Norma Bengell (1935-2013)

Cronologia da Cinemateca Brasileira

1940

Origem da Cinemateca quando Paulo Emílio Sales Gomes, Décio de Almeida Prado, Antonio Candido de Mello e Souza, entre outros, fundam o Primeiro Clube de Cinema de São Paulo, que se propõe a estudar o cinema como arte independente por meio de projeções, conferências, debates e publicações.

1941

O Primeiro Clube é fechado pelos órgãos de repressão da ditadura do Estado Novo.

1946

O Segundo Clube de Cinema de São Paulo é criado por Francisco Luiz de Almeida Salles, Rubem Biáfora, Múcio Porphyrio Ferreira, Benedito Junqueira Duarte, João de Araújo Nabuco, Lourival Gomes Machado e Tito Batini, buscando estimular o estudo, a defesa, a divulgação e o desenvolvimento da arte cinematográfica no Brasil.

1949

É aprovado um acordo entre o recém-criado Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP e o Clube, para a criação da Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo.

1951

Paulo Emílio é nomeado vice-presidente da FIAF - Federação Internacional de Arquivos de Filmes.

1954

Paulo Emílio assume a direção da Filmoteca, como conservador-chefe, contando com a ajuda de Rudá de Andrade e Caio Scheiby.

1956

A Filmoteca se desliga do Museu de Arte Moderna, transformando-se em Cinemateca Brasileira, uma sociedade civil sem fins lucrativos.

1957

Em 28 de janeiro, um incêndio causado pela autocombustão sofrida pelos filmes em suporte de nitrato de celulose destrói suas instalações na Rua Sete de Abril.

1961

A Cinemateca torna-se uma fundação, personalidade jurídica que lhe permite estabelecer convênios com o poder público estadual.

1962

Criação da Sociedade Amigos da Cinemateca - SAC, sociedade civil cuja finalidade é auxiliar financeiramente a Fundação Cinemateca Brasileira.

1969

Em 18 de fevereiro, acontece o segundo incêndio, na instalação no portão 9 do Parque do Ibirapuera com perda de diversos materiais documentais em suporte de nitrato.

1976

A Fundação Cinemateca Brasileira tem o reconhecimento de seu caráter de utilidade pública pelo município de São Paulo.

1982

No dia 6 de novembro, ocorre o terceiro incêndio, que agrava as dificuldades financeiras da instituição e levam à defesa de sua incorporação ao poder público.

1984

A Fundação Cinemateca Brasileira é extinta e incorporada, como órgão autônomo, à Fundação Nacional Pró-Memória.

1988

O prefeito Jânio Quadros cede à instituição o espaço do antigo matadouro da cidade. Após nove anos de reformas, a sede da Cinemateca Brasileira é definitivamente instalada na Vila Clementino.

2003

A Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura incorpora a Cinemateca Brasileira.

2008 a 2013

A Cinemateca Brasileira dá um grande impulso nas suas atividades de preservação e difusão de acervos, bem como na infraestrutura, graças a recursos investidos pelo antigo Ministério da Cultura, em parceria com a Sociedade Amigos da Cinemateca.

2013

Sob gestão de Marta Suplicy, a Cinemateca passa por uma auditoria do Ministério, tem seu diretor exonerado e vê a suspensão no repasse de verbas do Ministério da Cultura para a entidade, causando a demissão de 43% do corpo de funcionários. É o início da crise que dura até os dias atuais.

2016

Em 3 de fevereiro, ocorre o quarto incêndio, resultando na perda de 731 títulos, em mil rolos rolos de filmes em nitrato de celulose. Do total, 461 obras tinham cópias; o restante se perdeu

2016 a 2017

O antigo Ministério da Cultura, através de sua Secretaria do Audiovisual, assina contrato com a Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), organização social qualificada pelo Ministério da Educação, para execução de um projeto de preservação e acesso de acervos audiovisuais, da Cinemateca Brasileira.

2018

Em março é assinado Contrato de Gestão, parceria entre o antigo Ministério da Cultura e o Ministério da Educação, em que a Cinemateca passa a ser administrada integralmente pela Acerp por um período de 3 anos.

Maio de 2020

A Cinemateca divulga documento pedindo socorro

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