🐭 ‘Screamboat’: filme com Mickey assassino não se leva a sério e tem tudo para virar ‘cult’
Longa chega às telonas nesta quinta-feira (1°), em uma releitura duvidosa da primeira aparição de Mickey na animação ‘O Vapor Willie’, de 1928
Cine R7|Filipe Pereira*

Em 1928, era lançado o curta-metragem O Vapor Willie (Steamboat Willie, no original), em que um pequeno personagem travesso comanda um barco a vapor envolto em animações e músicas. Era a primeira aparição do que viraria o Mickey Mouse, que se tornaria o ratinho mais famoso do mundo e símbolo do maior império de entretenimento.
Com a transição para o domínio público, o famoso roedor entra no, nem sempre, seleto grupo de personagens clássicos que ganham uma releitura como filme de terror no século 21.
Screamboat: Terror a Bordo, que estreia nos cinemas nesta quinta-feira (1º) busca trazer o ambiente do barco do curta animado de 1928 para uma versão em que Willie (David Howard Thornton) se torna um serial killer em uma balsa de Staten Island, em Nova York (EUA).
Com muito sangue, cenas absurdas e referências satíricas ao reino mágico da Disney, o longa tem o seu primeiro acerto ao saber que é um filme pastelão e não se levar a sério.
Produzido pelos mesmos nomes por trás de Terrifier 2 e 3, a obra segue a mesma lógica de brutalidade com efeitos que não enganam propositalmente, e que fez a franquia do palhaço Art se tornar famosa, inclusive trazendo Thornton — que interpreta o assassino circense — para o papel de mais um vilão.

Lançado em abril deste ano, nos Estados Unidos, Screamboat conta com avaliação de 4,4 de 10 no IMDb, 48% no Rotten Tomatoes, dos críticos, e de 80% dos usuários, o que mostra que, ao menos, os espectadores podem ter comprado a ideia da paródia.
Com uma história superficial, o filme se desenrola em um enredo óbvio de vilão e mocinhos, em que o público consegue descobrir quem vai sobreviver já nos primeiros minutos de tela.
O roedor assassino aproveita a ‘baciada’ de figurantes para promover uma sequência de crimes, que busca marcar os telespectadores na metade inicial, mas que reflete no desenrolar do roteiro, que acaba amornando muito o clima criado, com menos cenas marcantes no meio da trama.
Entre as mortes ao som do assobio do Mickey macabro, o espectador acompanha a trama da mocinha Serena (Allison Pittel), uma jovem pacata que vai para Nova York e se decepciona com os sonhos não realizados na grande metrópole.
Entre conversas rasas sobre permanecer ou não na cidade, a personagem busca sobreviver na embarcação enquanto se apaixona pelo tripulante de humor forçado e par romântico — que tentam emplacar como mocinho —, interpretado por Jesse Posey.
Pela proposta do filme, cobrar atuações dignas de Oscar seria um tanto quanto ingênuo. O mesmo pode ser dito dos efeitos, que nem se esforçam em mostrar que as mutilações e partes atingidas são cenográficas. O que pode ser ressaltado são alguns risos, pelo nível de absurdos, e as referências diversas, principalmente à Disney, mas também a outras imagens, como os clássicos do cinema Kill Bill e Tubarão.

Screamboat não promete muito e cumpre isso precisamente em uma hora e quarenta de sangue, enredo fraco e efeitos ruins, que te entretêm minimamente pelo contexto gore que cria, com várias referências e a criação de um arco de história para o ratinho Willie.
Ao apresentar um final aberto, com direito a cena pós-créditos, os produtores buscam deixar espaço para uma possível continuação, que não dá para se esperar que melhore em comparação ao primeiro filme.
Um filme que definitivamente não fará falta para quem não assistir, mas que tem grandes chances de entrar na lista de obras ruins que se tornam ‘cult’ anos após suas críticas de lançamento, assim como aconteceu com Terrifier.
*Sob a supervisão de Lello Lopes