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Brooke Shields já exerceu muitas funções. Agora é líder sindical

Estrela desde criança, Shields já foi atriz, modelo e ícone de beleza — e hoje representa atores e diretores de teatro

Famosos e TV|Michael Paulson, do The New York Times


A atriz Brooke Shields se tornou líder sindical de forma totalmente inesperada OK McCausland/The New York Times - 22.05.2024

Brooke Shields tem um novo escritório de trabalho. Está vazio por enquanto. Ainda não decidiu como quer mobiliá-lo, ou mesmo com que frequência estará lá, mas é um sinal de sua nova e inesperada posição como presidente da Actors’ Equity Association, o sindicato que representa atores de teatro e diretores de palco nos Estados Unidos.

A candidatura de Shields foi uma surpresa até mesmo para ela. Mas quando Kate Shindle, que liderou o sindicato durante nove anos, anunciou em abril que estava deixando o cargo, o diretor musical de Shields sugeriu que ela considerasse a vacância, e rapidamente a atriz se apresentou como candidata. Em maio, ganhou a votação feita com os membros, derrotando dois ativistas trabalhistas mais experientes. Ela já chefiou sua primeira reunião do conselho sindical e se deu conta de que tem muito a aprender, a começar pela linguagem usada nas reuniões.

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Shields, claro, é uma daquelas pessoas famosas há tanto tempo, e de tantas maneiras, que nem ela mesma consegue se lembrar de uma época diferente. Foi modelo infantil, estrela de cinema quando era ainda pré-adolescente, objeto sexual e ícone da beleza, tudo isso antes de frequentar a faculdade (Princeton, evidentemente). Nos anos seguintes, atuou na tela e no palco, escreveu livros, falou bastante, especialmente sobre depressão, e se tornou um símbolo e um tema para o debate que não para de crescer sobre como mulheres e meninas foram sexualizadas pela indústria do entretenimento e da moda.

Interpretou cinco papéis na Broadway, todas as vezes substituindo um protagonista de uma peça que já estava cumprindo temporada (“Grease”, “Chicago”, “Cabaret”, “Wonderful Town” e “Família Addams”). Também se apresentou ocasionalmente em teatros regionais (“O Exorcista”, na Geffen em Los Angeles, por exemplo) e nos espetáculos off-Broadway (escritos especialmente para estrelas, como “Cartas de Amor”, “Monólogos da Vagina” e “Amor, Perdas e Meus Vestidos”, entre outros).


Agora, ao chegar aos 59 anos, vem refletindo muito sobre a meia-idade. Está se recuperando de uma cirurgia no pé que chamou a atenção quando se apresentou com sandálias Crocs amarelas (combinando com o vestido) no Tony Awards. Acaba de abrir um novo negócio na área da beleza, o Commence, com produtos para o cabelo desenvolvidos para mulheres com mais de 40 anos; está escrevendo outro livro, também focado no envelhecimento; e busca novas maneiras de aproveitar a celebridade que não pode deixar de lado. É aí que entra o Equity. Shields revela que atores e diretores de teatro a apoiaram de maneira extraordinária quando precisou entrar às pressas em um espetáculo que desconhecia. Agora ela quer retribuir o favor.

Durante um almoço no B’artusi, restaurante italiano no West Village, em Nova York, ela falou sobre seu tempo no teatro e seu curso intensivo como líder trabalhista. A seguir, trechos editados da conversa.


'Há uma coisa com que luto e lutei a vida inteira: ser uma pessoa pública. Preciso conviver com isso o tempo todo' OK McCausland/The New York Times - 22.05.2024

Como está o pé?

Brooke Shields: São os dois pés. Vão ficar bem. Esta é minha sexta cirurgia. Realmente os estourei na Broadway, dançando em shows – me lançando na coisa sem nenhum treinamento em palcos cheios de obstáculos, enfiando os pés nos sapatos e abusando deles. Tenho certeza de que esse meu arrebatamento é hereditário – provavelmente mais uma coisa pela qual posso culpar minha mãe.


Você acabou de abrir uma empresa, está atuando e a presidência do Equity é um cargo sem remuneração. Por que adicionar mais essa posição à mistura?

Há uma coisa com que luto e lutei a vida inteira: ser uma pessoa pública. Preciso conviver com isso o tempo todo. Assim, o que faço para transformar esse fardo em algo que não me incomode? Como faço para utilizar Brooke Shields – a persona que está separada de mim, que é um trabalho e também certo tipo de mercadoria – para fazer a diferença? Como faço para devolver o que recebi de uma comunidade que só me deu amor e aceitação numa época em que não se escalava alguém que não tinha formação na Broadway? Minha experiência com a Broadway, com o teatro local e com o circuito off-Broadway cresceu com essa comunidade que me recebeu de braços abertos. Essas pessoas me apoiaram.

O ativismo sindical é novo para você?

Vai ser uma enorme curva de aprendizado. A primeira vez que presidi uma reunião sindical foi como se eu estivesse em uma comédia do Monty Python. Eu não tinha conhecimento dos jargões específicos. Regras de Robert? Preciso conhecê-las! [Ela se refere às Regras de Ordem de Robert, padrão criado para facilitar discussões e tomadas de decisões em grupo.] Mas, se esse é meu ponto mais fraco, então não estou mal. Posso aprender ou ter a meu lado alguém que faz melhor do que eu e a quem posso observar.

Você não gosta de conflito?

Vai ser difícil para mim. Nesta fase da minha vida, estou largando o cabo de guerra. Não gosto de brigar; gosto de argumentar.

Mas você aceitou um emprego em que vai ter de pedir aos produtores coisas que eles não querem dar. É contraditório.

Estou pronta para isso. Tive de fazer o mesmo na minha empresa – dispensar pessoas, dizer não. Essa é uma habilidade que a gente pratica e aprende.

O sindicato acaba de anunciar uma greve contra a forma como se fazem contratos para trabalhos em desenvolvimento, dizendo que as negociações para novos contratos não progrediram. Qual é o problema?

Os profissionais não estão sendo recompensados de forma justa.

Além disso, os artistas dos parques temáticos da Disney acabaram de votar para que se associem sindicalmente à Equity.

Temos de descobrir o que eles querem em seus contratos e depois trazer pessoas que sejam boas para fazer esse tipo de negociação.

Estrela desde criança, Shields já foi atriz, modelo e ícone de beleza — e hoje representa atores e diretores de teatro OK McCausland/The New York Times - 22.05.2024

Qual sua opinião sobre a situação do teatro?

Não se recuperou completamente da pandemia, isso é óbvio. Mas é ótimo ver uma nova programação. Há espetáculos para todos os gostos. Você tem “Merrily”, “Stereophonic”, “Illinoise”, “Appropriate” e “Mother Play”. É revigorante saber que não é só um.

A pergunta que ouço frequentemente dos leitores é por que não há mais streaming de espetáculos encenados.

É complicado. O teatro é fundamentalmente uma arte presencial. Toda noite, há uma apresentação diferente.

Você vai continuar atuando mesmo enquanto lidera o sindicato?

Contanto que me aceitem. Estou trabalhando em algumas coisas agora. A Netflix se saiu muito bem com o último filme que fiz. Tenho o projeto de um programa que está em desenvolvimento. O ideal seria participar de um espetáculo aqui em Nova York porque assim eu poderia fazer tudo. E nunca dormir.

Qual é o legado que você quer deixar?

Espero ser capaz de fazer muitas pequenas mudanças, aquelas que fazem uma diferença maior. Deixar o sindicato me sentindo mais gentil e inclusiva, e não zangada ou alquebrada.

c. 2024 The New York Times Company

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