Criada por Kondzilla, série 'Sintonia' discute fé, funk e crime
Com seis capítulos na primeira temporada, produção reúne histórias cruzadas e joga luz sobre trajetórias de jovens pobres
Famosos e TV|Helder Maldonado, do R7

Kondzilla tem o maior canal de YouTube do Brasil, com 50 milhões de seguidores. Nas centenas de clipes que dirigiu e lançou por ali desde 2012, ele ajudou a criar uma estética de filmagem que promove os estilos chavosos e ostentação, duas vertentes do funk no Brasil.
Mas, em paralelo a esse trabalho que o tornou uma referência do estilo musical urbano mais popular do país, ele sempre teve o interesse de contextualizar a cena por meio da própria vivência de cidadão originário da periferia.
Inicialmente, Kond queria mostrar em um curta-metragem como o objetivo de conquistar um tênis da moda poderia mudar a vida de jovens pobres que recorrem ao funk, à fé e ao tráfico para atingir o objetivo.
Mas Rita Moraes e Felipe Braga, que haviam produzido a série Samantha, enxergaram no roteiro a possibilidade de desenvolver uma série. E assim nasceu o embrião que viria a se transformar em Sintonia, que estreia na Netflix em 9 de agosto.
Filmada no bairro do Jaguaré, na zona oeste de São Paulo, a produção com seis capítulos na primeira temporada é centrada em três personagens: o funkeiro "playboy de favela" MC Doni (MC JottaPê), a evangélica Rita (Bruna Mascarenhas) e o criminoso Nando (Christian Malheiros).

Com uma abordagem leve, mas questionadora, Kondzilla leva para as telinhas os conflitos e poucos caminhos que a pobreza oferece aos jovens na periferia.
Sem medo de criticar o próprio negócio, ele joga luz sobre as dificuldades de ser funkeiro. No roteiro, Kond aborda tanto os conflitos familiares que a decisão de virar cantor do estilo acarreta, como a incerteza e instabilidade do mercado, que pode agir como um verdadeiro moedor de sonhos.
Quanto ao crime, a série procura não fazer julgamentos morais. Mas deixa para o espectador decidir se o personagem Nando teria ou não outra maneira de escapar desse destino.
Já Rita é a maior incógnita do enredo. Inicialmente vendedora ambulante e funkeira, ela enxerga na religião uma maneira de superar os problemas enfrentados na juventude e driblar o desemprego, a desesperança e a pobreza.
Em entrevista exclusiva em vídeo para o R7, o trio de protagonistas comenta essas histórias, aponta similaridades com as próprias vidas e falam sobre como a produção ajuda a debater a juventude na periferia.
