”Carranca viva”: Rico Dalasam ataca IZA e Jota.Pê na web
Rapper detona estrutura branca por trás do novo reggae.
Vanity Brasil|Do R7
A nova parceria entre IZA e Jota.Pê, a faixa “Eu e Você”, mal chegou às plataformas e já levantou um debate intenso nas redes sociais, protagonizado por Rico Dalasam. O rapper não poupou palavras ao criticar a estrutura de produção por trás da música, um reggae interpretado por dois grandes artistas negros, mas composto e produzido por artistas brancos.
A canção, lançada nesta semana, tem composição assinada por Mallu Magalhães e Marcelo Camelo, sendo que Camelo também assina a produção e toca todos os instrumentos na gravação. Para Dalasam, essa configuração reflete uma manutenção de velhas hierarquias na indústria musical, onde a face negra é usada para vender, enquanto a criação e o lucro autoral permanecem em mãos brancas.
Em suas redes sociais, Rico utilizou uma referência direta à obra do filósofo Frantz Fanon para ilustrar seu descontentamento:
”Se o último século nos trouxe pensamentos como ‘pele negra, máscaras brancas’, está na hora de vir aí um pensamento acerca das máscaras negras na manutenção de velhas estruturas. Falo agora não só de um negro que veste uma máscara branca, mas um negro que é uma carranca viva no cortejo de seus senhores.”
O artista continuou a crítica com uma metáfora afiada sobre o mercado fonográfico atual:
“O lobo em pele de cordeiro a essa altura dá lugar a uma ovelha negra com pele de lobo, terceirizações contemporâneas na fazenda.”
A fala de Rico Dalasam joga luz sobre a apropriação de gêneros de raiz negra, como o reggae, e questiona até que ponto a representatividade no palco é suficiente quando os bastidores — e os direitos autorais — não refletem a mesma equidade. Até o momento, IZA e Jota.Pê não responderam aos comentários.
