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Filme faz terror doméstico e dá susto no Festival de Brasília

Última noite da mostra competitiva teve verdureiro cubano e família de cineasta na tela

Entretenimento|Miguel Arcanjo Prado, enviado especial do R7 a Brasília

Babá aterrorizada com uma menina esquisita dá susto na plateia do Festival de Brasília no curta Estátua!
Babá aterrorizada com uma menina esquisita dá susto na plateia do Festival de Brasília no curta Estátua!
O cubano Lázaro Escarze, de 87 anos: cena forçada o incomodou
O cubano Lázaro Escarze, de 87 anos: cena forçada o incomodou

Um susto, uma falta de ética e uma família exposta em sua simplicidade mineira. Assim foi a última noite de exibição de curtas e longas na mostra competitiva do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, no Cine Brasília lotado, na noite desta segunda (22).

Uma babá assustada

A noite começou com Estátuta!, de Gabriela Amaral Almeida, de São Paulo. O clima de terror do filme, com a história de uma babá que precisa cuidar de uma menina aterrorizante, deu alguns sustos e provocou risos nervosos no público. No curta, a cineasta consegue construir um clima de medo, sempre com um potente olhar irônico sobre o mundo infantil.

Limite ético


Depois foi a vez do documentário La Llamada, de Gustavo Vinagre, de São Paulo. Gravado em Cuba, o curta mostra a vida de um octogenário verdureiro cubano. O filme conquista o público, com o cotidiano simples do homem, defensor da revolução comunista.

Contudo, em sua parte final, o curta sacode a plateia. O diretor manteve uma cena na qual força o protagonista e simular uma conversa telefônica com o filho que fugiu para os Estados Unidos e nunca mais deu notícias. O próprio diretor finge ser o filho interlocutor e força um diálogo.


A atitude, de tratar como uma brincadeira algo tão doído na vida de alguém, soa como uma invasão de privacidade e desrespeito por parte do documentarista para com o filmado. O próprio verdureiro expõe seu desagravo com a cena no filme. Quando se ouve a voz do diretor pedindo desculpas. Mesmo assim, ele manteve a cena. E isso tudo leva à reflexão de quais são os limites éticos de um documentarista.

Álbum de família


Por fim, foi exibido o longa Ela Volta na Quinta, do mineiro André Novais. O filme, com praticamente duas horas, é uma homenagem do cineasta à própria família. Talvez faça todo o sentido do mundo para ele, mas, para o público, a sensação é que o longa nunca termina.

É que a história dos pais do diretor que estão se separando não é tão interessante ao ponto de sustentar tanto tempo de filme. Talvez teria sido melhor fazer um curta.

Apesar de ter alguns momentos mais interessantes, a maior parte do filme é de uma monotonia sem fim, com os problemas banais e cotidianos dos personagens. É evidente que esta é a poesia buscada pela obra, mas a sensação é de que falta um corte mais distante e isento do olhar familiar.

Candango

Na noite desta terça (23) serão conhecidos os vencedores do 47º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, com a entrega do tradicional troféu Candango.

Falta público na periferia

Na noite desta segunda (22), os apresentadores do Festival de Brasília, Carmem Moretzsohn e Murilo Grossi, reforçaram no palco, em nome do evento, que as sessões nas cidades satélites têm público. Segundo o jornal Correio Braziliense, as sessões estão vazias.

A reportagem do R7 escutou artistas que participam do festival reclamarem de debates sobre os filmes vazios, sobretudo os realizados na periferia. Muitos acham que faltou divulgação, já que a programação fora do Plano Piloto é gratuita. 

Maria do Rosário, coordenadora dos debates do festival, conta que em um debate em Planaltina "só tinha seis pessoas". "Antes, o público vinha nos debates, tinha pergunta do público. E não tem mais. O festival precisa pensar sobre isso. Ele se fechou muito no mundo do cinema", avalia. 

O crítico Luiz Zanin discorda: "Eu não tenho a impressão de que estamos em volta do próprio umbigo. É divulgado, o público que não quer vir", diz. 

Eduardo Valente, assessor internacional da Ancine, a Agência Nacional do Cinema, afirma que sente falta também da participação popular em todos os eventos do Festival de Brasília. "Não é uma crítica ao festival, mas eu já vi no passado muitas perguntas feitas pelo público que balançavam os debates. Isso enriquece a discussão e está fazendo falta", pondera. 

*O jornalista Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

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