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MC Pipokinha faz a moda do funk voltar para o pornô explícito

Cantora reproduz, em nome do empoderamento feminino e às vezes literalmente, o que há de mais violento no machismo e na misoginia

|Marco Antonio Araujo, do R7

A música funk ainda vai se tornar uma questão de saúde pública. Não é preciso apelar ao moralismo para entender que a hipersexualizacão de nossos jovens, principalmente as meninas, está se tornando uma epidemia sem controle. E sem retorno, lamento informar.

A mais nova milionária do momento, enriquecida com vídeos no TikTok e shows de pancadão nas periferias, é uma garota de 24 anos que atende pelo nome de MC Pipokinha. Essa moça levou as coreografias e letras que caracterizam o funk ao mais baixo patamar de vulgaridade já visto. E isso não é exagero: as redes sociais foram inundadas no último fim de semana com relatos de que a própria Pipokinha teria, digamos, se engajado em uma demonstração bastante explícita e real de suas letras com uma fã que subiu ao palco durante um show.

MC Pipokinha: massacre estético e agressividade nas danças
MC Pipokinha: massacre estético e agressividade nas danças

Na real, o trabalho dela esbarra na mais pura pornografia. Anitta, perto dela, é uma freira constrangida. Nem cabe dar exemplos do conteúdo de suas músicas — seria desrespeitoso e extremamente grosseiro —, mas tenham certeza: os que ainda não a viram trata-se de sexualização explícita ao som de expressões ginecológicas e passos de dança que simulam animais em acasalamento. Como vimos, se o espectador tiver sorte suficiente, a simulação pode passar para o próximo nível.

Pipokinha não é nada boba. Alguém de alma desgarrada há de considerá-la um exemplo de empreendedorismo, pois a garota estende seus negócios às plataformas do tipo OnlyFans, onde, segundo ela mesma, em poucas semanas, ganhou R$ 500 mil ao exibir seu corpo em troca de dinheiro. Tem nome isso aí, mas é outro papo.


O que deveria preocupar as autoridades sanitárias é o que determinados lacradores chamam de empoderamento feminino. Tolice. O que o funk tem disseminado, agora por meio de cantoras, é a mais perversa e suicida objetificação do corpo feminino. É suco de machismo, misoginia e banalizacão do sexo violento, em que prevalece sobretudo uma oferenda anal no altar dos palcos das mais pobres comunidades e CPX do país.

Além do massacre estético, da agressividade das danças, dos refrãos obscenos, o que se sobressai é um discurso ideológico em que as mulheres cometem, em nome da liberdade sexual, da afirmação feminina, a reprodução do que há de mais perigoso naquilo que há pouco tempo estava na boca de funkeiros misóginos e, no fim, apologistas do feminicídio que devasta nossa sociedade.

Exagero? Infelizmente não.

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