Fãs da América Latina investem para ver show do BTS no Brasil
Único país da América Latina a receber o show dos astros do K-Pop, fãs de Argentina, Chile, Paraguai e Colômbia disputam ingressos com brasileiros
K Pop|Giovanna Orlando, do R7
Com o anúncio dos shows no Brasil, o BTS escolheu o país como o único na América Latina a sediar as apresentações. Em um estádio com espaço para até 40 mil pessoas, os fãs brasileiros tiveram que disputar ingressos com admiradores do resto da América do Sul.
Vindas do Chile, Argentina, Bolívia e Paraguai, algumas fãs latinas se mobilizaram para comprar ingressos e achar hospedagens na viagem exclusivamente para o show. Um investimento que vale a pena, diz a fã boliviana Alessandra Ortiz Zarate, que vai desembolsar cerca de R$ 1.700.
Mesmo com a data extra, divulgada depois que o show do sábado esgotou em poucas horas, a demanda por ingressos ainda era enorme. “Muitas fãs ficaram sem ingressos”, diz Guadalupe Garcia, do Paraguai.
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Elas relatam que não é simples se deslocar de um país para outro, mesmo que por um fim de semana, apenas para ver um show. “Seja por serem menores de idade ou por questões financeiras”, diz a argentina Mariel Diaz.
Antes dos shows em São Paulo, o BTS vai se apresentar em três cidades dos EUA, com seis shows. A turnê começou na primeira semana de maio, nos Estados Unidos, e termina em Paris, na França, em junho. Mesmo passando menos tempo na estrada que em temporadas de shows anteriores, a turnê Speak Yourself é mais grandiosa e as apresentações duram cerca de duas horas e meia.
“Todos os países latinos mereciam ver os meninos, mas eles não são robôs e máquinas programadas para cantar, dançar e viajar para onde as fãs pedem. Eles têm um grande desgaste físico e emocional em cada turnê”, argumenta a argentina Celeste Franco.
Ajudando as fãs através da música
Não é difícil acabar cruzando com algum conteúdo ou comentário sobre os garotos pela internet ou televisão. Cada vez mais em alta e fazendo amizade com grandes cantores da atualidade, como Khalid, com quem acabaram de anunciar parceria, ou Halsey, com quem lançaram a música Boy in Luv, os meninos se tornaram o nome mais popular e conhecido para explicar o k-pop.
O gênero, que foi criado em 1992, segue em alta desde meados de 2018. Em um mercado tão competitivo quanto o sul-coreano, em que artistas e grupos são lançados todos os meses, o BTS conquistou seu espaço com letras sinceras e mensagens positivas.
“Eles vem de uma indústria em que é difícil se destacar, mas trabalharam muito para chegarem onde estão. O que os diferencia do resto são as músicas que passam uma mensagem, não são letras genéricas ou vazias, elas têm um propósito”, explica a argentina Claudia Tomalino.
Com essas músicas, os meninos conseguem ajudar fãs a passarem por momentos difíceis e se distrair dos problemas.
“Quando eu os conheci, estava passando por um momento devastador na minha vida. Procurei a tradução das músicas e senti que elas falavam comigo. As letras são tão pessoais que tocam fundo na pessoa”, diz Celeste.
“Eles me ajudaram com as mensagens de amor próprio, cada música me deu forças para seguir em frente, e eles ainda me dão energia e alegria quando eu preciso”, conta a fã argentina Mayra Carabajal. “Eles sempre falam com o coração, com letras sinceras e nos mostram o lado genuíno deles”, completa.
Além do lado positivo, o grupo também é honesto com os problemas que enfrenta. Depressão, ansiedade e pressão social marcam parte da discografia. “Eu acredito que eles conseguiram criar uma conexão com as fãs. Eles nos dão boas músicas, e conseguimos saber sua história através delas, os altos e baixos. Eles falam por aqueles que não conseguem”, explica a argentina Paula Miauro.
Mesmo com o crescimento e a consolidação no cenário musical, não apenas como os principais artistas de k-pop, mas as revelações no pop tradicional, o grupo ainda sofre com comentários negativos.
Por terem uma base de fãs majoritariamente feminina e jovem e cantando em coreano, o BTS acaba não tendo as conquistas reconhecidas pelo mundo, segundo a chilena Ammy Jara Soto. “Eu fico triste com as pessoas que se recusam a reconhecer eles como artistas com mensagens importantes”, diz.
“Eles mostraram que a língua não é uma barreira e o jeito que eles atingiram as fãs com mensagens positivas os torna artistas genuínos que mudaram a vida de várias pessoas pelo mundo”, afirma a colombiana Laura Lopez.