Mais difícil é acreditar que a Marília morreu, diz dupla Maiara e Maraisa
As sertanejas falaram sobre as contribuições dela às mulheres e os desafios para seguir em frente apesar do vazio provocado pelo luto
Música|Ricardo Pedro Cruz, do R7
A amizade entre as irmãs Maiara e Maraisa e a cantora Marília Mendonça, que morreu no início de novembro após a queda do avião em que estava na serra de Caratinga, em Minas Gerais, segue emocionando os fãs do trio. A dupla retomou a agenda de shows no dia 12 de novembro e, desde então, as apresentações se transformaram em tributos à eterna rainha da sofrência.
Em entrevista exclusiva ao PortalR7, as duas falaram sobre o legado da artista para a música, as contribuições dela às mulheres, o futuro do projeto Patroas 35% e, ainda, os desafios para seguir em frente apesar do vazio provocado pelo luto.
"Ela nunca mediu esforços para estudar, para abrir caminhos e evoluir. Ter e dar voz às mulheres sempre foi o objetivo da Marília. E ela chegou. Não é à toa que é consagrada como a rainha da sofrência. A música, a verdade que ela carregava, as composições e os sentimentos que foram despertados através disso, além das inúmeras oportunidades que deu a outras pessoas, são parte do legado gigante que ela construiu", destacou Maraisa.
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Conexão com os fãs
Para a cantora, a amiga conseguiu estabelecer um jeito próprio de se comunicar com os fãs, mas sem abrir mão da essência e da verdade. "Sem contar que ela encontrou uma maneira direta de falar com o público, e isso influenciou diretamente nas composições e músicas de outros artistas. Mostrou que você pode ser real, não precisa criar um personagem para fazer sucesso", completou.
Marília Mendonça reconfigurou o cenário musical e colocou as mulheres como protagonistas das próprias histórias. Como representante do chamado feminejo, ela deu voz a temas como traição, amores e rompimentos e, com isso, conquistou milhões de admiradores por todo o Brasil.
"Se juntarmos tudo que ela fez dentro e fora dos palcos, podemos resumir de maneira bem objetiva: [Nós, mulheres] somos capazes de superar, criar e crescer. Somos donas das nossas vidas e podemos chegar aonde quisermos, com atitude", disse Maiara.
Projeto 'Patroas'
Juntas, elas escreveram um importante capítulo da música brasileira com projetos como Agora É que São Elas (2018), Patroas (2020) e Patroas 35% (2021). Com o trabalho do ano passado, elas chegaram a ser indicadas ao Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Música Sertaneja.
"É um desejo dar continuidade ao projeto para honrar tudo o que combinamos com a Marília em vida. Ela escolheu a gente e nós escolhemos ela. Nós três nos dedicamos muito ao Patroas, era um sonho fazer a melhor entrega das nossas vidas. Se depender de nós, iremos fazer da maneira que idealizamos", garante a dupla.
Como seguir em frente?
Maiara e Maraisa retomaram a agenda de apresentações em 12 de novembro, em Apucarana (PR), dias após a morte de Marília. À época, as duas afirmaram, por meio de comunicado, que "a melhor forma de seguir acreditando que as coisas vão ficar bem é seguir trabalhando com a mesma verdade e os mesmos sonhos de sempre".
Para a dupla, o maior desafio para continuar em cima do palco está em acreditar que tudo o que aconteceu foi mesmo real. Além disso, os fãs têm tido papel fundamental em cada show feito desde o acidente aéreo.
"Ela estava trabalhando intensamente e, agora, não está aqui com a gente para fazer acontecer. A nossa fé é inabalável, e o público manda muita energia positiva. Isso é que tem nos ajudado a seguir. Seria muita covardia não honrar os desejos dela e tudo o que construímos juntas, não temos dúvida ser exatamente essa a vontade da Marília."