Ação bem construída e personagens carismáticos fazem de ‘O Sobrevivente’ um bom entretenimento
Longa do diretor Edgar Wright traz Glen Powell no papel de protagonista
Cine R7|Giovane Felix
Em um futuro próximo, o mundo mergulha na miséria e a sociedade se divide em castas. À beira do colapso, os mais pobres são forçados a encarar competições brutais, convertidas em um espetáculo televisivo, que transforma a própria sobrevivência em entretenimento e punição.
E não, não é Jogos Vorazes nem Round 6. Apesar das semelhanças, a sinopse se refere a The Running Man, ou O Sobrevivente, no título em português, novo filme de ação da Paramount, que estreou nesta quinta (20) nos cinemas brasileiros.
Baseado na obra de Stephen King e com direção de Edgar Wright, o longa de ficção científica acompanha Ben Richards, um homem desesperado por dinheiro para salvar sua filha doente. Sem alternativas, ele aceita participar de um programa de TV chamado “O Sobrevivente”, no qual os concorrentes precisam permanecer vivos por 30 dias enquanto são caçados por assassinos profissionais pelo país.
O Sobrevivente tem todos os elementos de um típico blockbuster: grandes sequências de ação, cenas de perseguição, explosões, trilha sonora frenética e um visual impactante, dignos de uma superprodução.
Para se consagrar a longo prazo, porém, a produção ainda tem um caminho a percorrer, dependendo de sua força nas bilheterias e do impacto cultural que conseguir gerar. O que já posso garantir é que a escolha do protagonista já garante alguns pontos para a obra, sendo que é ele quem dá alma à história.
Glen Powell é carismático e adiciona camadas ao personagem, longe de ser um herói genérico. Pelo contrário: aqui, o ator consegue equilibrar momentos de tensão e alívio cômico, além de dar espaço às vulnerabilidades do protagonista, que o tornam mais interessante para a audiência.
Outro destaque é a atuação de Colman Domingo. O ator vem ganhando cada vez mais espaço em Hollywood, e não é para menos. Aqui, ele interpreta Bobby Thompson, o apresentador do programa de TV mortal. Sua participação se resume em pouco tempo de tela, mas é marcante. A energia se mistura ao cinismo do personagem na performance do ator, que se transforma em um verdadeiro showman.
Para quem vai ao cinema, vale mencionar que a história não é inédita ou extremamente memorável. Várias outras obras já venderam e referenciaram a mesma ideia em contextos diferentes e de formas mais profundas. Contudo, o filme ainda é divertido.
A narrativa e o ritmo do filme funcionam bem. A trama não empaca e apresenta pontos de virada empolgantes. Porém, infelizmente, como um balde de água fria, os minutos finais afundam toda a atmosfera construída até então. O desfecho é apressado, confuso e deixa a desejar.
Com críticas à espetacularização do sofrimento e à manipulação das mídias, O Sobrevivente se mostra atual e envolvente. Como obra de ficção, é um bom entretenimento e consegue prender a atenção do público do começo ao fim, mesmo com um final que não acompanha o restante do filme.
