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Cinema de Segunda

'Plano 9 do Espaço Sideral': o pior filme de todos os tempos é mesmo assim tão ruim?

Obra de Ed Wood virou cult e hoje é um dos símbolos do melhor (ou pior) do cinema B

Cinema de Segunda|Lello Lopes e Lello Lopes

Tor Johnson em cena de 'Plano 9 do Espaço Sideral'
Tor Johnson em cena de 'Plano 9 do Espaço Sideral' Divulgação

Olá, pessoal! Bem-vindos ao Cinema de Segunda. Aqui é o espaço ideal para quem gosta daquelas saborosas trasheiras cinematográfica. E, para começar, nada melhor do que falar sobre Plano 9 do Espaço Sideral, aquele que é considerado o pior filme de todos os tempos. (Spoiler: é ruim, mas não é pra tanto. Você com certeza já viu coisa muuuuuito pior).

Lançado em 1957 (com entrada de fato no circuito em 1959) pelo diretor Ed Wood, o filme ganhou status de cult nos anos 80, quando os críticos Harry e Michael Medved o elegeram o pior filme de todos os tempos no livro The Golden Turkey Awards

Com orçamento baixíssimo e elenco amador, Plano 9 é uma mistura de ficção científica e terror, que tenta alertar o público sobre o perigo nuclear. No fim, o que acaba funcionando é a comédia involuntária pela tosquice das cenas, como os discos voadores que parecem pratos de papelão (ou calotas de carros) pendurados por barbantes.

Mas isso faz de Plano 9 o pior filme de todos os tempos? Claro que não! Existe uma estrutura narrativa e um certo alinhamento ao que estava em voga na ficção científica da época (invasão extraterrestre, ameaça nuclear). A produção é muitas vezes descuidada e as atuações ficam abaixo de qualquer crítica, mas nada que poderia impedir o público dos anos 50 (e o de hoje) de encontrar um pouquinho de diversão. 


Na trama, uma raça alienígena traça um plano de trazer os mortos de volta à vida para dominar humanidade. O objetivo é evitar que os seres-humanos desenvolvam uma super arma capaz de destruir o Universo.

Wood escalou o sueco Tor Johnson, uma estrela B da luta-livre da época, para ser o antagonista no filme. O longa também tem no elenco a atriz Maila Nurmi, que atendia pelo nome de Vampira, o vidente Criswell e o grande astro de filmes de terror Bela Lugosi.


Bela Lugosi em cena que foi encaixada em 'Plano 9 do Espaço Sideral'
Bela Lugosi em cena que foi encaixada em 'Plano 9 do Espaço Sideral' Divulgação

Lugosi, aliás, não viu o filme pronto. Ele sequer gravou cenas para Plano 9 do Espaço Sideral. Wood filmou as cenas com o ator caracterizado de Drácula, o seu personagem mais célebre, para um outro projeto, que nunca foi finalizado.

Após a morte de Lugosi, em 1956, ele decidiu incorporar essas cenas no filme, apesar delas não terem nada a ver com a trama. A solução foi gravar algumas cenas com um dublê de corpo de Lugosi, para encaixar o ator no longa. O fato do dublê ser muito mais alto e não parecer nada com Lugosi aparentemente não foi um problema para o diretor...


Wood teve uma carreira importante para os filmes B em Hollywood. Ele dirigiu diversas produções de baixo orçamento, que foram redescobertas após a fama de Plano 9. Destacam-se nessa época Glen ou Glenda (um dos primeiros filmes a falar sobre transexualidade) e A Noiva do Monstro

No final da carreira, sem conseguir produzir os seus filmes, Wood acabou ganhando uns trocos dirigindo filmes pornográficos. Ele morreu em 1978, no ostracismo.

A história do diretor é contada no delicioso Ed Wood, filme de Tim Burton que traz Johnny Depp no papel principal. Pode ser um bom caminho para quem quiser conhecer a obra de Wood e entrar de vez no universo dos filmes B.

Para saber mais sobre esse lado menos glamouroso (e mais divertido) da sétima arte, siga o Cinema de Segunda no Instagram.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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