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Lembra dele? Sander Mecca, ex-vocalista do grupo Twister, conta como a cozinha o tirou da pior

Cantor que liderou a boyband que marcou os anos 2000 enfrentou altos e baixos na carreira e hoje surpreende com um novo rumo

Do Meu Tempo|Renato FontesOpens in new window

Aos 42 anos, Sander Mecca comanda hoje um restaurante em São Paulo divulgação/Mecca Gourmet

Como um furacão, o grupo Twister, formado por cinco jovens de São Paulo, explodiu nas rádios em 2000 com o hit 40 graus, vendeu mais de 250 mil cópias no Brasil e América Latina e arrastou uma multidão de adolescentes com o refrão “meu amor, esse amor, dá 40 graus de febre”.

O líder da boyband era o vocalista Sander Mecca, à época com 17 anos. O artista teve uma trajetória marcada por altos e baixos. Ele viveu o auge do sucesso e da fama, enfrentou problemas com entorpecentes por quase duas décadas, ficou preso dois anos condenado por tráfico de drogas e ainda dividiu cela com os irmãos Cravinhos, escreveu três livros autobiográficos e atualmente é chef de cozinha.

Em entrevista ao blog Do Meu Tempo, Sander, hoje com 42 anos, relembra momentos marcantes de sua trajetória e fala sobre a nova fase como chef no restaurante que abriu na capital paulista.

Entre memórias do passado e os desafios do presente, ele mostra que sempre é possível reescrever a própria história. Confira a entrevista completa abaixo!


O sonho de ser um popstar

“Meu sonho sempre foi ser um popstar, e consegui realizá-lo aos 17 anos, quando entrei para o grupo Twister. Muita gente acha que foi fácil, mas a verdade é que precisei estudar e trabalhar muito. Daquela época, o que mais me dá saudade é de ser um adolescente e viver como se não houvesse o amanhã.”

O fim do grupo Twister

“A ascensão do grupo, o sucesso e o fim da banda aconteceram muito rapidamente. Tinha aquela sensação de que, embora o Twister tivesse acabado, eu montaria outra banda. Sem contar que, naquela época, eu usava várias substâncias químicas e vivia constantemente anestesiado. Só fui me dar conta do fim do Twister anos depois.”


Prisão e o aprendizado na cadeia

“A prisão me ensinou que a conta sempre chega e que é preciso ter cuidado com os próprios atos. Fui preso como traficante, mas eu não era. Estava comprando, usando e andando com muita droga, até que acabei detido. Foi ali que aprendi, na marra, que as coisas acontecem e que as consequências precisam ser encaradas. Aprendi também a valorizar a vida e as coisas simples, porque era uma fase em que eu só pensava em glamour.”

A luta contra as drogas

“Demorei anos para entender que a dependência química era uma doença. Eu tinha aquela ilusão de que, quando quisesse parar, conseguiria, mas esse dia nunca chegava. Quando decidi realmente parar, comecei a me internar e a fazer esforços para mudar de vida e ficar limpo. Ainda assim, levei mais dois ou três anos para me livrar do vício.”


Novo rumo

“Com certeza, minha carreira teria seguido outro rumo se não fossem as drogas e os dois anos de prisão (entre 2003 e 2005). Mas essa experiência sofrida e dolorosa (dos 19 aos 21 anos), de caminhar pela escuridão e pelas trevas, me transformou em palestrante e me inspirou a escrever três livros sobre a minha vida.”

O recomeço na cozinha

Sander Mecca trocou a música pela cozinha divulgação/Mecca Gourmet

“Meu pai cozinhava em casa, e eu gostava de vê-lo na cozinha [o pai morreu em 2020]. Mas isso só se tornou algo profissional durante a pandemia [de Covid-19]. Precisei me reinventar, já que os palcos estavam fechados. Foi justamente nessa fase que eu estava conhecendo a Adriana (minha esposa) e tentando parar com as drogas.

A Adriana não gosta de beber e não curte balada. Eu cozinhava para conquistá-la. Um dia, ela disse que eu cozinhava bem e me incentivou a ganhar dinheiro. Comecei a divulgar nas redes sociais, o interesse foi crescendo, e a culinária acabou virando minha profissão, até que consegui abrir meu próprio restaurante [o Mecca Gourmet].

A cozinha também me ajudou a superar o vício. Passei a ser produtivo em uma área diferente da música. Escolher viver de dia, trabalhar e empreender me afastou das baladas, do glamour e dos palcos.”

Liderar o grupo Twister ou comandar uma cozinha?

“Nenhuma é fácil, mas cozinhar é mais desafiador pra mim. É uma profissão nova e cheia de desafios. Comecei esse ano na cozinha industrial, e está sendo muito legal aprender a cada dia. Fico feliz que as pessoas estão gostando. Já na época do grupo Twister eu tinha dez anos de experiência profissional (começou aos oito anos).”

Participação em A Fazenda 15

“Trouxe mais visibilidade. Lá, assumi o papel de cozinheiro e cozinhei todos os dias. Confesso que não fui um bom jogador, mas acabei sendo reconhecido como cozinheiro, e isso aumentou minhas vendas quando saí do programa. Meu número de seguidores nas redes sociais aumentou e, em pouco tempo, já estava com um sócio e mudamos para um restaurante.”

“Viver da música é passado”

“Subir nos palcos e ganhar dinheiro é muito bom, mas pagar as contas com a música ficou no passado. Não estou dizendo que desisti de cantar, mas se eu fizer dois ou três shows por ano, apenas para manter a música e a arte vivas dentro de mim, já está ótimo. Desde que mudei de área e me tornei empreendedor, estou focado em fazer o restaurante crescer e caminhar sozinho.”

Conselho de Sander de hoje ao Sander do passado

Sander Mecca ao lado da esposa Adriana e a filha Sofia arquivo pessoal

“Diria para ele não se enganar com a falsa sensação de controle. Que, por mais que ache que esteja vivendo intensamente, na verdade está se destruindo aos poucos. Diria também que vai se machucar muito e machucar pessoas que ama, mas que nunca é tarde para recomeçar. Que a dor que vai enfrentar pode se transformar em força, se tiver coragem de pedir ajuda. E, principalmente, diria que o amor próprio não vem das ruas nem dos aplausos: ele nasce quando a gente escolhe viver de verdade.”

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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