Ace Frehley recusou reunião final com o Kiss: uma despedida fiel a si mesmo
Guitarrista original da banda, Frehley rejeitou convite para o último grande encontro com os ex-colegas meses antes de morrer. Sua independência foi sua marca até o fim.

A morte de Ace Frehley, anunciada em 16 de outubro de 2025, encerra uma das trajetórias mais marcantes do rock. Co-fundador do Kiss e referência para gerações de guitarristas, Frehley morreu aos 74 anos, após sofrer complicações de um acidente doméstico.
Segundo a família, ele caiu em seu estúdio, sofreu um trauma na cabeça e veio a falecer semanas depois, em um hospital de Nova Jersey.
Poucos meses antes do acidente, Frehley recusou um convite para participar de um evento oficial do Kiss em Las Vegas, o “Kiss Kruise: Land-locked in Vegas”. A celebração estava prevista como a última grande reunião da banda com os fãs.
Sua recusa pública indicava que ele preferia manter sua trajetória solo até o fim, se reinventando em vez de revisitar o passado.
O homem por trás da maquiagem
Nascido Paul Daniel Frehley, ele deu vida ao icônico personagem “Space Ace” ainda nos primeiros dias do Kiss, no início dos anos 70. Com maquiagem prateada, botas de plataforma e guitarras personalizadas que soltavam fumaça, Frehley ajudou a transformar a banda em um espetáculo visual.
Mas sua presença ia além do palco. Ele era um guitarrista com estilo próprio, menos técnico, mas mais intuitivo que muitos de seus pares. Criava riffs com personalidade, solos cantáveis e melodias com pegada. Clássicos como “Cold Gin”, “Shock Me” e “New York Groove” são exemplos de como ele aliava simplicidade a identidade.
Um artista que preferia andar com as próprias pernas
Frehley deixou o Kiss em 1982 e voltou em 1996 para a turnê de reunião da formação original. Após nova saída em 2002, seguiu em carreira solo. Lançou discos como “Anomaly”, “Space Invader” e “Spaceman”, mantendo uma base fiel de fãs.
Em 2024, lançou ″10,000 Volts", com músicas inéditas. Já trabalhava na sequência de seu projeto de covers, “Origins Vol. 3″, e mantinha shows programados até o fim de 2025.
Durante esse período, foi convidado a participar do “Kiss Kruise”, evento que reuniria os antigos membros em um cruzeiro temático. Ele rejeitou o convite de forma clara:
Sem chance de eu me envolver nisso. Estou me divertindo demais fazendo minhas próprias coisas.
Sua escolha reafirmava a independência que sempre prezou, mesmo diante de eventos simbólicos.
Homenagens de quem compartilhou os palcos (e os discos)
A morte de Ace gerou homenagens imediatas. Gene Simmons e Paul Stanley, cofundadores do Kiss, declararam em nota conjunta:
Estamos de coração partido com o falecimento de Ace Frehley. Ele foi um soldado essencial e insubstituível do rock durante os capítulos formativos do KISS. Ele sempre fará parte do nosso legado.
Peter Criss, baterista original da banda, escreveu:
Estou chocado!!! Meu amigo... eu te amo!
E completou depois, em carta publicada em seu site:
“Com o coração partido e profunda tristeza, meu irmão Ace Frehley faleceu. Gigi e eu estivemos com ele até o fim. Ace influenciou e tocou os corações de milhões de fãs ao redor do mundo. Sua memória e sua música viverão na indústria e nos corações do KISS Army para sempre.”
Outros músicos também se manifestaram com reverência. Tom Morello, do Rage Against the Machine, declarou:
Meu primeiro herói da guitarra, Ace Frehley, faleceu. O lendário Space Ace inspirou gerações a amar o rock n’ roll e a guitarra de rock. Seus riffs e solos atemporais, a fumaça saindo da sua Les Paul, os foguetes disparando do headstock, seu balanço espacial no palco e sua risada maluca inesquecível farão falta, mas jamais serão esquecidos. Obrigado, Ace, por uma vida de grande música e memórias.
Mike McCready, do Pearl Jam, compartilhou:
Eu não teria pegado uma guitarra se não fosse pela influência de Ace e do KISS. Ace foi um herói para mim... Você mudou minha vida. Descanse em paz, Ace. Você mudou a minha vida.
Geddy Lee, do Rush, relembrou os bastidores dos anos 70:
Fomos a banda de abertura do Kiss em 1974. Depois dos shows, todos íamos para o quarto do Ace e ríamos por horas. Ele tinha aquela gargalhada selvagem que nunca vou esquecer. Estamos chocados e profundamente tristes. Ace era uma verdadeira estrela do rock e uma alma gentil por trás da maquiagem.
Até artistas de outras vertentes prestaram tributo. Nile Rodgers, do Chic, escreveu:
Ace, descanse em paz. Foi a primeira pessoa que conheci quando estávamos formando o CHIC! Sem a maquiagem, ninguém o reconhecia... Minutos depois, a plateia estava enlouquecida por ele. Aprendi muito naquela noite. Verdadeiramente histórico.
Um som que não se apaga
Ace Frehley foi um dos maiores guitarristas do rock. Foi uma atitude, uma linguagem, uma estética. Preferia o imprevisível ao polido, o original ao planejado. Sua guitarra não precisava ser veloz. Bastava ser dele.
Mesmo recusando homenagens formais, acabou sendo reverenciado por uma geração inteira que encontrou na figura do “Homem do Espaço” um símbolo de liberdade artística. Frehley criou sem pedir licença, tocou como queria e inspirou quem veio depois a fazer o mesmo.
Ele partiu para longe, como seu personagem sempre insinuou, mas continua orbitando a história da música. Em cada riff ousado ou solo improvisado, é possível reconhecer o DNA de alguém que nunca teve medo de ser diferente.

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