Adeus a Preta Gil: a voz que desafiou padrões e fez da arte um lugar de todos
Cantora morreu aos 50 anos após lutar contra o câncer; carreira deixa um legado musical marcado por autenticidade e compromisso com a diversidade

A notícia da partida de Preta Gil, neste domingo, 20 de julho, aos 50 anos, em Nova York, reverberou de uma forma particular nesta coluna musical. A perda de uma voz importante, o silenciamento de uma força cultural que, por anos, fez da arte um instrumento de autenticidade, diversidade e resiliência.
Para muitos, a dor da perda de uma figura como Preta se entrelaça com experiências pessoais, e é inevitável não refletir sobre suas batalhas silenciosas travadas por tantos.
Minha própria casa conhece de perto essa luta. Há treze anos, minha esposa também enfrenta o câncer, um percurso marcado por quimioterapia, cirurgias e uma persistência diária de desafiar a gente sã.
Saber do falecimento de Preta Gil, que combatia a mesma doença, o câncer colorretal, inevitavelmente evoca a fragilidade da vida, mas também reforça a admiração pela forma como ela conduziu sua jornada pessoal.
Preta Gil, filha do lendário Gilberto Gil, não se limitou a herdar um sobrenome. Ela construiu um universo próprio, multifacetado e corajoso. Desde a ousadia de seu álbum de estreia, Prêt-à-Porter, com o hit Sinais de Fogo, até o fenômeno do Bloco da Preta, que arrastava milhões no Carnaval, ela quebrou barreiras.
Sua versatilidade musical, transitando entre pop, axé, samba e funk, era um reflexo de sua personalidade plural. Ela atuou na televisão, empreendeu com sucesso na Mynd – uma agência que inovou a gestão de imagem no Brasil – e, acima de tudo, foi uma incansável porta-voz da diversidade, contra o racismo e a gordofobia, em defesa dos direitos femininos e LGBTQIA+.
Quer saber? Sou como sou. Não quero me encaixar em nenhum padrão, não.
O verso de sua canção Sou Como Sou — “Quer saber? Sou como sou / Não quero me encaixar em nenhum padrão” — ecoa como um manifesto de sua própria vida.
Preta Gil celebrou o corpo real, a beleza da imperfeição e a liberdade de ser. Em seus palcos e em sua vida, ela sempre fez sinais de fogo para que as pessoas a vissem, não apenas como artista, mas como um ser humano, vulnerável e forte, complexa, singular, que escreveu a própria história a inspirar milhões.
A partida de Preta Gil deixa um vácuo no cenário artístico brasileiro, mas seu legado de coragem, autenticidade e alegria permanecerá. Sua música e sua voz, que sempre combateram o preconceito, agora se tornam a própria reverberação de uma luz incandescente.
Para aqueles que, como minha família, seguem em suas próprias batalhas, a memória de Preta Gil é um lembrete do valor de cada dia e da importância de viver e lutar com verdade.
Vá em paz, Preta.

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