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Odair Braz Jr - Blogs

Com música ‘nova’ dos Beatles, Paul McCartney faz mais um show perfeito em São Paulo

Cantor volta ao país para uma turnê com três apresentações; no sábado, ele toca em Florianópolis

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Paul McCartney no começo de seu show em São Paulo, nesta quarta (16) Reprodução/Instagram @paulmccartney - 16.10.2024

Tem gente falando que Paul McCartney já tem até CPF brasileiro, de tanto que vem ao país fazer show. E é fato: ele está de volta ao Brasil menos de um ano depois de sua última e longa turnê por aqui. E isso é um baita privilégio, um presente dado aos fãs brasileiros por este que é, aos 82 anos, um dos maiores artistas do mundo em atividade.

E Paul fez, nesta quarta-feira (16), seu segundo show seguido em São Paulo, num Allianz Parque lotado. O público presente tinha de tudo: crianças de colo, adolescentes, jovens adultos e idosos, mostrando que o cantor — e os Beatles — pertence a várias gerações de fãs.

Estas apresentações da turnê Got Back, que o músico vem fazendo desde o fim da pandemia de covid, não tem praticamente nenhuma novidade. É o mesmíssimo show que Paul fez em 2023 e tem as mesmíssimas brincadeiras com a plateia, os músicos de sempre, os instrumentos, vídeos, iluminação e repertório. Tudo absolutamente igual, o que poderia ser um problema para quase qualquer outro artista, mas não para Paul McCartney.

O show do ex-Beatle é estruturado de uma maneira que permite ao músico mostrar todo o seu talento. Então, o fã vê Paul no palco com todas as suas habilidades: cantor, compositor, performer e instrumentista. Ele toca guitarra, baixo, violão, bandolim, piano e órgão. A voz já não é a mesma, um pouco mais fraquinha e também falha aqui e ali, mas não compromete. E é até legal isso acontecer, porque Paul não recorre a recursos fáceis como aquele playback maroto que muito artista usa por aí. Vai na raça e a gente curte.


E o show é repetido? É, mas é incrível mesmo assim. E quem o assistiu pela primeira vez se emocionou demais. E teve muita gente que viu Paul pela primeiríssima vez nesta terça e quarta, em São Paulo.

A apresentação começou às 20h, com a exibição nos telões de um longo vídeo com ilustrações de vários momentos da carreira de Paul e que tem muito de Beatles também. É um vídeo lindo visualmente. Dura exatamente meia hora e o show em si começa logo a seguir.


Às 20h30, Paul e sua banda entram no palco totalmente ovacionados pelos fãs e a festa começa com os primeiros acordes de Can’t Buy Me Love, clássico dos Beatles. Na noite anterior, ele iniciou os trabalhos com A Hards Day’s Night. Paul varia o começo de suas apresentações entre estas duas canções.

A partir daí, o músico vai alternando hits de sua ex-banda, com sua carreira solo e também com canções do Wings, grupo que montou após a separação dos Beatles. Aí, temos Junior’s Farm, Drive My Car, Got to Get You Into My Life, Come on to Me.


Neste início de show, Paul lê frases em português (“e aí, São Paulo? Boa noite, Brasil!“), tira a jaqueta, tem o naipe de metais tocando na arquibancada em Letting Go e ainda manda — na guitarra — um Foxy Lady, de Jimi Hendrix.

Tudo absolutamente idêntico há um ano. Quem se importa?

Em Let ‘Em In, a nona da noite, McCartney vai para o piano pela primeira vez. Toca também My Valentine e diz que a escreveu “para minha amada esposa. Ela está aqui hoje”. A faixa é acompanhada no telão por um vídeo com Natalie Portman e Johnny Depp interpretando a canção através de sinais.

E dá-lhe mais Wings (Nineteen Hundred and Eighty-Five) e carreira solo com Maybe I’m Amazed, uma das mais belas baladas de todos os tempos.

No set acústico, Paul vai para o violão e, junto com a banda, toca I’ve Just Seen a Face, In Spite of All the Danger (“a primeira música que os Beatles gravaram”) e Dance Tonight. Blackbird é um momento especial e tem Paul ao violão e sozinho no palco, que se eleva e vira um outro telão gigante. Não há chances de não se emocionar aqui, assim como também não dá para evitar que aquela lágrima escorra com Here Today, que o músico canta em homenagem a John Lennon.

De volta ao órgão e com a banda, chega a vez de Now and Then, a música inédita dos Beatles lançada no ano passado. E essa é para aqueles que reclamam da falta de novidade nos shows do músico. Fala, sério! Ele tocou, simplesmente, uma “nova” canção do maior grupo de todos os tempos. Não é pouca coisa mesmo. No telão, surgiu neste momento uma série de imagens dos Beatles em diversas fases, brincando, tocando, se divertindo. De chorar!

Segue o baile com New, Lady Madonna, Jet e Something (dedicada ao “mano e parça" George Harrison). Chega a hora de uma sequência fantástica com Band on the Run, Get Back, Let It Be, Live and Let Die e Hey Jude. Percebe? Quem se importa se é a mesma coisa do ano passado ou de dez anos atrás? Quem mais pode fazer isso hoje em dia?

O bis veio com a fantástica versão de I’ve Got a Feeling, quando Paul faz um dueto com Lennon, que surge no telão com sua voz separada dos instrumentos da época.

E que tal Day Tripper, que ele não tocou na terça-feira? Depois vieram Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band e Helter Skelter.

A emocionante Golden Slumbers é com Paul novamente ao piano, assim como Carry That Weight. A última música é a já tradicional The End.

Paul fez mais um show perfeito em São Paulo. Do alto de suas oito décadas de vida, 60 anos dedicados à música, é um verdadeiro privilégio vê-lo em ação tantas vezes no Brasil. Quando será a última, ninguém sabe dizer, mas o fato é que ele se despediu do público dizendo “até a próxima”. Estaremos lá, Sir.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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