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Guns N’Roses briga com jornalistas que detonaram a banda e prova que vive 100% no passado

Grupo não tem pressa em lançar material inédito e prefere ficar parado no tempo enquanto lota estádios

Odair Braz Jr|Do R7


Axl Rose e Slash no show do Guns N' Roses em Glastonbury, Inglaterra, no sábado (24)
Axl Rose e Slash no show do Guns N' Roses em Glastonbury, Inglaterra, no sábado (24)

O Guns N’ Roses é uma banda que vive 100% de seu passado. Desde 2016, quando Slash e Duff McKagan voltaram a integrar o grupo, o GNR faz turnês sem parar, todos os anos (descontando o período da pandemia), e sem lançar um único álbum novo ou um EP que seja. Quer dizer, é tudo pelo saudosismo mesmo.

E o passado do Guns voltou a bater à porta neste sábado (24), quando a banda fez um show no festival de Glastonbury, na Inglaterra. Embora o público que compareceu ao evento pareça ter gostado da apresentação de Axl e cia., alguns críticos musicais detonaram o concerto. Mark Beaumont, do The Independent, escreveu que o show do grupo americano representa “tudo de datado, roqueiro, indulgente e machista que o Glastonbury rejeitou desde seu começo”.

Neil McCormick, do The Telegraph, escreveu que Axl “está esquisito, parece um cabeleireiro de cidade pequena que malha demais. Mas o real problema, na verdade, é sua voz”.

Bem, o Guns N’ Roses não gostou nada das críticas que recebeu dos dois jornalistas ingleses e mostrou sua insatisfação no Twitter. Em seu perfil oficial, a banda marcou McCormick e Beaumont e escreveu: “It would take a lot more hate than you”, que é uma frase da música Chinese Democracy, do último disco do GNR, que é de 2008, e que significa algo como “precisaria de muito mais ódio do que o que você tem” para, por exemplo, arruinar a reputação do grupo.

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Veja o tuíte:

Assim como suas intermináveis turnês mundiais quase sem novidades, já que não lança material realmente novo há 15 anos, essa briga com jornalistas não é novidade nenhuma para o GNR. É também uma autêntica volta ao passado, quando os integrantes da banda, especialmente Axl, xingavam, desmereciam e faziam piada de qualquer jornalista que ousasse falar mal do grupo. O GNR até fez uma música, em 1991, chamada Get in the Ring, que está no disco Use Your Illusion 2, na qual menciona vários críticos e literalmente os chama para a briga num ringue de boxe. Sim, a coisa é ridícula neste nível mesmo.

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E até que a banda estava meio na boa nestes últimos tempos com a imprensa em geral. Não dava bola para nenhum meio de comunicação, mas também não entrava em conflitos. Mas, pelo jeito, ficaram bem bravinhos com os dois jornalistas britânicos.

O Guns continua, sim, enchendo estádios no mundo todo; as pessoas querem ver a banda em ação, e isso acontece muito pelo passado glorioso de Axl, Slash e Duff. O grupo simplesmente dominou o cenário musical no fim dos anos 1980 até meados dos anos 1990, e é por isso que os músicos se escoram tanto no passado. Ler o livro A Saga do Guns N’ Roses: a Trajetória de uma das Maiores Bandas de Rock do Mundo, recém-lançado no Brasil pela editora Belas Letras, ajuda bastante a entender os motivos de o GNR viver no passado. O grupo, hoje, não tem como superar o que fez décadas atrás, nem musicalmente nem em termos de influência. 

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Axl e Duff McKagan em ação no festival de Glastonbury
Axl e Duff McKagan em ação no festival de Glastonbury

Quando o GNR surgiu lá no meio dos anos 80, veio com uma mistura de ritmos e elementos do rock que praticamente nenhum outro grupo tinha, o que a diferenciou de todos os concorrentes da cena musical de Los Angeles. Stephen Davies, autor do livro, conta em detalhes esta fase do Guns, como os músicos se juntaram, como se portavam e as influências que traziam para a banda. Tem até as primeiras brigas do GNR com jornalistas, veja só. Os sujeitos encrencaram com uma repórter de Los Angeles, que deu ao Guns sua primeira capa de revista antes mesmo do lançamento do álbum de estreia. Quer dizer, os caras brigavam até com quem os estava divulgando.

Livro revela o passado da banda
Livro revela o passado da banda

E o Guns continuou entrando em conflitos com a imprensa. Na verdade, quando a banda explodiu em sucesso, a relação com jornalistas e veículos de comunicação piorou muito, na mesma velocidade. Tanto é que Axl — e o grupo — passou a conversar cada vez menos com revistas, TVs e jornais. Os músicos ficaram totalmente avessos a entrevistas, especialmente o vocalista, que raramente fala com a imprensa. Isso até os dias de hoje, veja bem.

Slash, Duff e Axl são bem famosos e já fazem parte da história do rock. Sem dúvida nenhuma. É só uma pena que insistam em viver no passado, presos aos próprios triunfos de décadas atrás. É claro que é tudo muito confortável para o trio que, afinal de contas, continua vendendo muitos ingressos para shows mundo afora. Por isso é bem mais seguro deixar as coisas do jeito que estão do que arriscar com o lançamento de um material que muita gente pode não gostar e que pode gerar uma enxurrada de críticas. Está bom como está agora.

Então, para que novidade, né?

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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