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Kiss brilha no Monsters of Rock em seu último show em SP e atropela a chatice do Scorpions

O evento ainda teve outras bandas internacionais famosas, como Helloween, Deep Purple e Symphony X

Odair Braz Jr|Do R7

Simmons e Paul Stanley comandaram as ações no palco do Allianz Parque, no sábado (22)
Simmons e Paul Stanley comandaram as ações no palco do Allianz Parque, no sábado (22) Simmons e Paul Stanley comandaram as ações no palco do Allianz Parque, no sábado (22)

Muita gente pode achar que bandas com mais de 50 anos de carreira já deram o que tinham de dar, mas a edição 2023 do Monsters of Rock mostrou que a história não é bem essa, não. No sábado (22), Kiss, Deep Purple e Scorpions, todas com integrantes na casa dos 70 anos de idade, fizeram a festa do público que absolutamente lotou o Allianz Parque, em São Paulo. O line-up teve ainda Helloween, Candlemass, Symphony X e a cantora alemã Doro.

É verdade que vários veteranos do rock ainda mandam bem, mas nem tudo foi perfeito neste Monsters. No caso do Deep Purple, por exemplo, é ótimo vê-los ao vivo, tocando megaclássicos insuperáveis como Perfect Strangers e Smoke on the Water. Mas é nítido que o vocalista Ian Gillan não tem mais a menor condição de fazer shows. Ele se esforça para cantar, tenta, mas não tem mais condições físicas para se apresentar ao vivo. O público reconhece a vontade do cantor, um dos maiores da história do rock, e aplaude, grita, faz barulho; enfim, os fãs passam muito carinho ao grupo inglês. Mas Gillan, com 77 anos, não consegue mais, o que é uma pena.

SCORPIONS

Depois que o Deep Purple deixou o palco, foi a vez do Scorpions, banda de metal alemã de muito sucesso no passado que já fez de tudo nesta vida, até uma turnê de despedida que, vimos depois, era de mentirinha.

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O show da banda agrada aos fãs do metal, não dá para discordar. Os dois guitarristas — Rudolph Schenker (fundador do Scorpions) e Matthias Jabs — dão muito peso ao som, e o baterista Mikkey Dee é uma atração à parte, com sua energia quase inesgotável. O vocalista Klaus Meine, bem paradão em cima do palco, procura dar conta do recado. Até surgiram rumores de que cantou com playback, mas é bem difícil provar isso. Também fiquei com essa desconfiança em alguns momentos, mas, no fim das contas, me convenci de que ele deve ter usado sua voz ao vivo mesmo.

Scorpions no estádio do Palmeiras
Scorpions no estádio do Palmeiras Scorpions no estádio do Palmeiras

O Scorpions de fato faz um show competente, com muita técnica, mas tem algo de estranho ali. A impressão que dá é que é um metal muito certinho, que segue uma cartilha já bem batida, clichezenta (uma hora apareceu até uma guitarra com um escapamento soltando fumaça!!) e datada. Tudo isso aí faz com que a banda alemã não passe nenhum tipo de emoção, fora que o carisma de Meine é negativo, o que é um pecado mortal para qualquer grupo de rock.

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Mas, enfim, todos os clássicos do Scorpions estavam lá, incluindo as chatíssimas Wind of Change (dedicada aos ucranianos) e Still Loving You. Sinceramente, eles poderiam ter parado mesmo quando prometeram, anos atrás.

ROCK A NOITE INTEIRA

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E, às 20h58, o Kiss entrou em cena exatamente um ano depois do show que seria sua última apresentação no Brasil. A banda de Paul Stanley e Gene Simmons faz sua turnê de despedida (pelo menos esse é o discurso), e em 2022 todo mundo achou que estivesse se despedindo de vez dos caras-pintadas. Mas eles deram um jeitinho de voltar ao país agora, neste Monsters of Rock, para mais um adeus.

E, olhe, os senhores não fizeram feio.

Chuva de papel picado anuncia o fim do show do Kiss em São Paulo
Chuva de papel picado anuncia o fim do show do Kiss em São Paulo Chuva de papel picado anuncia o fim do show do Kiss em São Paulo

Tudo bem que o Kiss já entra no palco com o jogo ganho. Todo mundo sabe que eles têm uma legião de fãs por aqui, um caso de amor antigo com o país, então tudo fica mais fácil. E, obviamente, a maioria do público que lotava o estádio do Palmeiras estava lá especificamente para assistir a Gene Simmons e sua turma.

O show foi praticamente igual ao de um ano atrás, com a diferença de que tiraram o clássico Tears Are Falling e puseram no lugar Makin’ Love, o que foi uma troca infeliz, diga-se.

De resto, tudo estava lá: as plataformas gigantescas que sobem e descem com os músicos, as chamas no palco, Gene cuspindo sangue (de brincadeira, claro), bateria se levantando do chão e Paul possivelmente fazendo seus playbacks safadinhos em alguns momentos (dizem que ele canta por cima de faixas pré-gravadas, mas vai saber).

Só que, para os fãs da banda, que já veio várias vezes ao Brasil, nada importa mais do que ver os quatro músicos lá naquele palco, fazendo uma performance ainda incrível. É impressionante a diferença que se nota em relação ao Scorpions, por exemplo. Enquanto a banda alemã era completamente fria, programada e com uma empolgação fajuta para alemão ver, o Kiss esbanjou energia, vontade, garra e alegria genuinamente rock’n’roll.

“Ah, mas teve playback!” Meu amigo, ninguém se importa se isso aconteceu mesmo. O Kiss consegue ainda entregar um show energético e decente com 50 anos de carreira nas costas. A cada turnê sempre conseguiram mudar uma coisinha ou outra, trouxeram novidades e impressionaram seus fãs, mesmo que quase tudo sejam variações sobre o mesmo tema.

Gene Simmons postou um trecho do show deste sábado:

E não tem jeito, é irresistível vê-los tocar ao vivo hits como Shout It Out Loud, I Was Made for Lovin’ You, Beth, War Machine etc. etc. etc. Certamente eles fizeram novamente a alegria de seus seguidores mais antigos, que estavam em peso no estádio, e também impressionaram a quem os assistia pela primeira vez — tinha muita molecada. O circo, o espetáculo que o Kiss proporciona, com plataformas flutuantes, fogos, tirolesa, as reboladas de Stanley, as cuspidas de Simmons são elementos que estão acabando no rock. Então, é ótimo poder presenciar isso tudo ainda hoje, em 2023. E é por isso que o Allianz estava lotado, porque todo mundo queria ver, possivelmente pela última vez, uma performance avassaladora como essa. Um espetáculo completo, que merece de fato receber esse nome.

A festa terminou, às 22h58, como sempre, com chuva de papel picado ao som de Rock and Roll All Nite. Foi o Kiss sendo Kiss até o último minuto.

Ah, depois de tudo isso, ninguém mais nem se lembrava de ter visto o Scorpions em ação.

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