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No auge, Sinéad O’Connor detonou Vanilla Ice, AC/DC, Whitney, e só poupou Axl Rose e Frank Sinatra

Em entrevista à Rolling Stone, nos anos 90, a cantora irlandesa revelou o que pensava sobre vários assuntos

Odair Braz Jr|Do R7


Sinéad em show em Vancouver, no Canadá, em 1990
Sinéad em show em Vancouver, no Canadá, em 1990

No início dos anos 90, Sinéad O’Connor, que morreu nesta quarta-feira (26), era uma artista em total ascensão. Em março de 1990 saiu seu segundo álbum, I Do Not Want What I Haven’t Got, que trazia a canção Nothing Compares 2 U, composta por Prince e que se transformou num hit mundial. Tocava sem parar nas rádios e também na MTV, com um clipe que mostrava a cantora irlandesa com cabelos curtíssimos aos 24 anos.

Ela virou a garota do momento e todo mundo queria saber o que pensava, o que achava das coisas, como vivia, suas influências etc. E a revista Rolling Stone fez, em 1991, uma daquelas superentrevistas, onde deu para saber um pouco mais sobre o pensamento e o jeito de ser da artista. Já nessa conversa, os leitores da época puderam perceber que Sinéad não era só um rostinho bonito com uma bela voz, mas que tinha posições muito fortes e interessantes.

Nessa entrevista, a irlandesa falou sobre o sucesso, sobre a relação com seu país, a mídia e também a respeito de outros artistas. Ela falou, por exemplo, sobre Frank Sinatra, um dos mais famosos cantores da história. Sinatra havia criticado a irlandesa porque, em 1990, ela pediu que não fosse tocado o hino americano antes do início de seu show. Sinéad falou na época: “Eu sinceramente não busco desrespeitar os EUA ou os americanos, mas tenho uma política de não ter nenhum hino tocando antes de meus shows em qualquer país, nem na Irlanda, porque eles não têm nada a ver com a música em geral”.

Sua declaração não pegou bem e Sinatra atacou a cantora: “Ela deveria sair do país. Seu comportamento foi imperdoável. Pelo bem dela é melhor que a gente não se encontre”.

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Na entrevista à Rolling Stone, Sinéad comentou o caso: “Ele obviamente tem um problema com as mulheres, mas eu não tenho problema com ele. (...) Eu amo Frank Sinatra e comprei praticamente todas as caixas de discos dele que foram lançadas. Ele é brilhante".

Sinéad na capa da revista Rolling Stone
Sinéad na capa da revista Rolling Stone

Um pouco depois disso, o jornalista perguntou à cantora sobre os discos lançados em 1990 que ela detestou. E ela mandou bala: “Ah, eu posso falar isso? Então, dane-se! É uma lista longa. Eu odeio o disco do MC Hammer. Odeio com vontade o do Vanilla Ice. Odeio também o da Whitney Houston, aquele que tem I’m Your Baby Tonight”. Que mais? Tem também o álbum do AC/DC”.

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O jornalista pergunta então: “E o que acha de uma outra estrela da MTV, o Guns N’Roses?”. Sinéad responde: Eu vi uma entrevista com o Axl Rose na TV e eu o achei realmente adorável. Mesmo. Minha amiga Ciara e eu ficamos falando sobre ele ontem, sobre como a gente queria levar ele pra casa e dar uma sopa pra ele. Ele é como um menininho, né? Parece ser alguém que precisa de um colo de mãe ou algo assim. Queremos dizer que também amamos o Slash. E o Mike Tyson”.

Esta era Sinéad O’Connor, sempre muito sincera, um pouco contraditória e, algumas vezes, bem polêmica. Elementos que, eventualmente, acabaram até prejudicando sua carreira musical, que nos anos seguintes nunca mais voltou ao mesmo nível de sucesso que experimentou em 1990-1991. Não que ela se importasse muito com isso. A irlandesa não se apegava a tentativas de se manter na mídia a qualquer custo e, no fim das contas, parecia não lidar bem com o sucesso e a fama adquiridos. Por sua sinceridade e honestidade consigo própria, a cantora foi até mesmo colocada de lado, quase boicotada por suas posições.

Posições às quais, diga-se, ela fez questão de manter. Até o fim.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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