Estudo alarmante: pessoas que usam ChatGPT por muito tempo podem se sentir solitárias e ficar dependentes
Pesquisa feita pela própria OpenAI mostra que muitos usuários podem desenvolver laços afetivos profundos com chatbots de IA

Sabemos há algum tempo que o uso contínuo de chatbots de inteligência artificial quase certamente causam distúrbios psicológicos. Em alguns casos, pessoas enxergam nesses softwares um amigo ou até um par romântico. Esses indícios acabam de ser confirmados em um estudo pioneiro sobre o assunto, feito em uma parceria do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e a própria OpenAI, desenvolvedora do ChatGPT.
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Em resumo, a pesquisa, intitulada “Métodos iniciais para estudar o uso afetivo e o bem-estar emocional no ChatGPT”, concluiu que pessoas que fazem um uso intenso e prolongado de chatbots podem apresentar “indicadores de dependência... incluindo preocupação, sintomas de abstinência, perda de controle e modificação de humor”.
Para chegar a tais conclusões — ainda mais preocupantes se levarmos em conta que o ChatGPT foi lançado em novembro de 2022 —, os pesquisadores fizeram dois estudos paralelos.
O primeiro foi automatizado (algo que já chama atenção, afinal temos uma IA processando interações de humanos com IA) e analisou mais de 40 milhões de conversas com ChatGPT, “para ajudar a entender melhor os padrões de uso afetivo”.
O segundo estudo envolveu uma pesquisa qualitativa com 1.000 voluntários, que usaram intensamente ChatGPT por quatro semanas. A ideia aqui era registrar como o chatbot pode afetar estados mentais, principalmente efeitos da solidão em comparação com interações envolvendo pessoas reais.
A pesquisa concluiu que usos mais emocionais de chatbots são raros no mundo real e estão mais ligados a certos tipos de pessoas. Como o estudo afirma, sem, no entanto, estabelecer uma relação de causalidade direta:
“Pessoas que tinham uma tendência mais forte para o apego em relacionamentos e aquelas que viam a IA como uma amiga que poderia se encaixar em sua vida pessoal eram mais propensas a experimentar efeitos negativos do uso do chatbot.”
Como é comum em estudos pioneiros, os pesquisadores ressaltaram que são necessárias mais investigações para estabelecer de forma mais profunda os efeitos do uso prolongado e emotivo de chatbots na nossa saúde mental. E também apontam que pesquisas do tipo são complexas, por causa das dificuldades de estabelecer relações afetivas entre pessoas e softwares.
“Aconselhamos não generalizar os resultados porque isso pode obscurecer as descobertas diferenciadas que destacam as interações complexas e não uniformes entre pessoas e sistemas de IA.”