Cinco vezes em que o Carnaval sambou na cara de racistas
Ziriguidum|Do R7
![A história do Pelourinho foi tema de representação do grupo Samba Cênico na Unidos do Peruche em 2017](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/NTL3UZZZOFNNXGBYDOFJ3JVG7Y.jpg?auth=5cf464ce8f96ff19feb70bd3bbfed9764fac492a02865ba2aed24bfe6c370b59&width=460&height=305)
A polêmica envolvendo o jornalista William Waack e um comentário racista vazado em um vídeo é só uma pequena amostra da realidade que milhares de negros sofrem diariamente em nossa sociedade.
Mas é na avenida do Carnaval, onde todos se despedem de suas posições sociais — nem que seja pelos poucos minutos de um desfile —, que as raízes africanas são reverenciadas com o devido prestígio. O sofrimento não será esquecido. Nossa história não será apagada.
Veja cinco vezes em que a realidade do negro deu samba!
Festa para um rei negro (1971)
Escola: Acadêmicos do Salgueiro (RJ)
Classificação: Campeã
Samba virou hit de bailes de Carnaval e foi responsável pelo quinto título da escola.
"Nosso rei veio de longe / pra poder nos visitar / que beleza / a nobreza que visita o gongá"
Terra da Vida (Ilu Ayê) (1972)
Escola: Portela (RJ)
Classificação: 3º lugar
Um dos sambas mais tradicionais da escola de Madureira, imortalizado na voz de Clara Nunes. Os versos “negro é terra, negro é vida” traduzem de forma mais adequada o que pode ser a expressão “coisa de preto” repetida por William Waack.
“Hoje, negro é terra, negro é vida / Na mutação do tempo, desfilando na avenida / Negro é sensacional, é toda festa de um povo / É o dono do Carnaval”
Negros Maravilhosos, Mutuo Mundo Kitoko (1982)
Escola: Camisa Verde e Branco (SP)
Classificação: 3º lugar
Samba histórico da escola da Barra Funda, com letra forte sobre e direta sobre a forma como os negros são tratados na sociedade.
“Negro paga imposto / Negro vai à guerra / Negro ajudou a construir a nossa terra / Temos a pergunta / Não nos leve a mal / Por que só no tríduo de Momo / Que o negro é genial? / Ele é capitão / Ele é general / Poderia ser tantas coisas / Dentro da vida real”
Kizomba, Festa da Raça (1988)
Escola: Unidos de Vila Isabel (RJ)
Classificação: Campeã
Um dos principais sambas da história da Vila Isabel, a escola celebrou os cem anos da Lei Áurea, que libertou os escravos.
“Vem a Lua de Luanda / Para iluminar a rua / Nossa sede é nossa sede / De que o Apartheid se destrua”
Cem anos de liberdade, realidade ou ilusão (1988)
Escola: Estação Primeira de Mangueira (RJ)
Classificação: Vice-campeã
Escrito há quase 30 anos, o samba ainda se faz bem atual, questionando se de fato existe a igualdade racial no Brasil.
“Será... / Que a Lei Áurea tão sonhada / Há tanto tempo assinada / Não foi o fim da escravidão? / Hoje dentro da realidade / Onde está a liberdade? / Onde está que ninguém viu? / Moço... / Não se esqueça que o negro também construiu / As riquezas do nosso Brasil”
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