Escolas formadas e blocos nas ruas: feliz carnaval novo para todos
Para uns, a festa está só começando; para outros está chegando no fim. Mas o que importa mesmo é aproveitar a época mais feliz do ano
Ziriguidum|Do R7
Muita gente em São Paulo neste sábado (15) pode ter levado um susto: começou o Carnaval. Ruas fechadas, blocos por todos os cantos, muito glíter e pessoas fantasias de um lado para o outro. Mas, para mim, a verdade é que o Carnaval está acabando. Sim, este é o final do ciclo. Pelo menos o de 2020.
Ontem fui ver de perto o último dia de ensaio técnico no sambódromo do Anhembi. Está aí uma agenda de eventos que eu acho das mais divertidas e ainda pouco valorizada no crescente carnaval paulistano. Mas aquela melancolia de “agora só no ano que vem” é inevitável. Sem contar que, paralelamente, as escolas de samba estão realizando seus últimos encontros antes dos desfiles da próxima semana. Ansiedade, tensão e correria costumam marcar essa fase.
O desfile oficial pode ser o ponto máximo de um projeto, assim como um grande show de uma banda que passou meses preparando uma turnê. Mas o legal mesmo nem é esse dia em si, mas o caminho percorrido até ele.
Pensando em todas as agremiações, passamos por disputa de poder, incêndio, enchente, dificuldade para compra de matéria-prima, osso quebrado... pode ter sido tudo, menos fácil chegar até aqui. Quantos ensaios não aconteceram debaixo de temporal? Quanto sambista não patinou na avenida molhada? Mas o que move a gente é o amor por essa arte que é um dos símbolos do país.
O que vale mesmo é poder olhar o orgulho do componente da Tom Maior, que bate no peito e diz que “É coisa de preto”; o amor do folião da Mocidade Alegre que se arrepia com a força das guerreiras cultuadas no samba da Morada; ou o brilho nos olhos do povo da Rosas de Ouro anunciando que “É Tempo de Amar”.
Amor, aliás, é “um não sei quê que nasce não sei onde”, como diz a Gaviões. Já que é assim, “afaste a dor, vista a sua fantasia” com a Dragões da Real e não se esqueça que “se a lágrima rolar, faz parte da missão”, como canta a Império. “Pode acreditar, louco eu não sou”, já diz a Colorado.
Por isso, igual a Tatuapé, “Levanta, sacode a poeira”; valorize a “tolerância e igualdade”, como pede a Barroca; e seja merecedor de “justiça e paz aos homens de bem”, igual o samba da Mancha.
“Quando o toque ritmado toca o destino”, seja o carnaval da X-9 ou de outra agremiação, “a esperança sempre foi motivação”. Parecesse até samba. E é, da Pérola Negra. Se a vida na avenida “é fascinante, sonho real”, como está escrito na letra da Vila Maria, não dá mais para se esconder. Entre na avenida e “faz o sonho acontecer”, como no samba da Águia de Ouro.
Eu fico triste sim de pensar que o Carnaval está acabando. Mas fico bem feliz de pensar que ele sempre recomeça. Março está logo aí para isso.
Boa folia e boa sorte a todos: na rua para quem é de rua. Na avenida para quem é de avenida. No retiro para quem não quer nada disso. Vale tudo. Só não dá para não aproveitar.
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