Gaviões acerta com Paulo Barros e só se fala nisso no Carnaval de SP
Chegada do badalado carnavalesco aos desfiles paulistanos gerou grande expectativa para o desempenho da escola corintiana
Ziriguidum|Thiago Calil, do R7
Só se fala em uma coisa no carnaval paulistano: a chegada do carnavalesco Paulo Barros na Gaviões da Fiel. Desde o anúncio da contratação, na noite de sábado (6), um grande debate tomou conta das redes sociais e páginas dedicadas ao samba.
A situação me fez lembrar que, um ano atrás, ocupei o mesmo espaço para falar sobre as críticas dirigidas à Mancha Verde, que havia divulgado a contratação de Jorge Freitas. Foi um tal de "um não vai se adaptar ao outro" e o resultado... bem, o resultado foi o título inédito à escola.
O debate virtual agora é diferente: não questionam o pavilhão, mas se o estilo modernoso e cheio das surpresas de Barros funcionará no sambódromo do Anhembi.
Vamos por partes
O acerto da Gaviões é, além de Paulo Barros — que também assina os desfiles da atual vice-campeã do Rio, Viradouro —, com Paulo Menezes. Juntos, eles foram campeões com a Portela em 2017. Mas antes da vitória, muito se questinou na época como o artista se sairia na águia de Madureira e toda a sua tradição. O resultado foi a melhor resposta para quem tinha dúvidas em relação a isso.
Goste ou não goste do estilo, Paulo Barros mudou a cara dos desfiles e é o principal nome da Sapucaí dos anos 2000. Muita gente passou a querer assistir ao Carnaval do Rio de Janeiro para ver o trabalho do carnavalesco, independentemente da escola onde ele se encontrava.
Dito isso, vale destacar que será a primeira vez que ele vai assinar uma escola de São Paulo. E não foi falta de tentativa anterior de diversas agremiações em trazê-lo para o Anhembi. Portanto, a contratação agora anunciada diz muito mais sobre a festa paulistana como um todo do que sobre a Gaviões em si. O carnaval no que já foi chamado de "túmulo do samba" virou algo bem do atrativo.
Vai dar samba?
Dizem que o regulamento de São Paulo é engessado, que não se julga a criatividade e a arte, que deixa os desfiles quadrados — muitas dessas críticas, aliás, eu concordo. E é aí que tem muita gente curiosa para saber como Paulo Barros entra nessa conversa.
Antes de mais nada, vamos lembrar que, com 25 anos de ofício, o carnavalesco sabe onde está se metendo e tem estrada o suficiente para driblar as "barreiras regimentais".
Mas o ganho para São Paulo — repito, goste ou não do estilo Paulo Barros — é gigante. Traz mais vizibilidade para o trabalho de todo mundo, atrai mais gente para o Sambódromo, chama atenção da mídia e permite debater, como está acontendo agora, o regulamento.
Se a Gaviões, no ano em que comemora 50 anos de história, vai por a mão na taça e por fim a um jejum que já dura 16 anos, só o tempo vai dizer. Mas que todos os que militam pelo Carnaval paulistano já estão vitoriosos, isso é inegável.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.