Estudante ganha prêmio do governo da Paraíba com sua arte
Felipe da Silva Batista estuda em escola pública de modelo integral e vai expor seu trabalho no acervo do Estado
Virtz|Luciana Mastrorosa, do R7
Felipe da Silva Batista tem 20 anos e está prestes a se formar no Ensino Médio na Escola Cidadã Integral Técnica (ECIT) Alice Carneiro, em João Pessoa (PB), onde mora. A escola é uma das unidades da rede pública de modelo integral espalhadas pelo país.
E isso o ajudou, e muito, a obter uma grande conquista: recebeu, em janeiro, o Prêmio Amelinha Theorga, pela Lei Aldir Blanc, na Paraíba. Com a obra "Renascimento", que representa um pavão com as asas abertas, Felipe levou o prêmio de R$ 5 mil. Agora, sua obra vencedora será exposta no Acervo da Cultura Paraibana – Memorial da Pandemia.
Explica-se: Felipe, além de dedicar-se integralmente aos estudos e ajudar com as despesas da casa, também é artista. Ele compõe diversas pinturas e expõe sua arte em seu perfil no Instagram. Autodidata, começou a desenhar e pintar aos 8 anos e nunca mais parou.
"Como pintor, minha história, de fato, começou graças ao modelo da escola cidadã. Lá me senti acolhido, o que é bem raro, em particular na rede pública", contou Felipe ao R7.
Inicialmente, sua ideia era fazer o Ensino Médio à noite e trabalhar de dia, para ajudar ainda mais com as despesas da família. De origem humilde, ele mora na comunidade São José, na capital paraibana.
Porém, desde que conheceu o programa do ensino integral, decidiu investir seu tempo nos estudos, sem deixar de lado a contribuição em casa. E, por causa de seu talento, acabou sendo muito incentivado em um dos programas eletivos da escola, o Arte em Cena, que visa apoiar os dons artísticos dos alunos.
O Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI) é uma modalidade de escola pública e se propõe a uma formação integral dos estudantes a partir de uma proposta pedagógica multidimensional, com jornada escolar ampliada para 7 ou 9 horas diárias.
"Acredito que toda caminhada tem seu primeiro passo. Participei de vários eventos, fui líder de turmas, tive minha tutora e hoje consegui esse prêmio pela minha arte", diz Felipe.
Desenho com carvão de churrasco
O estudante, que está no terceiro ano, conta que seu primeiro contato com a arte chegou de maneira inusitada: ele usava restos de carvão da churrasqueira de casa, esmagava, misturava com água e usava essa espécie de tinta para pintar.
"Isso eu fazia com 8 anos. Minha família é simples, nunca fui incentivado a estudar pintura ou arte. Mas sou autodidata no desenho, fui aprendendo a estudar e isso me proporcionou uma aprendizagem mais rápida na pintura, que é consequência do desenho. Na escola, fui incentivado a produzir não apenas arte, mas tudo", conta ele.
Agora, o sonho se ampliou e o desejo de Felipe é ingressar na universidade.
"Hoje quem traz renda para casa é meu pai, mas eu também ajudo. Mas, depois que concluir o Ensino Médio, quero muito fazer faculdade de artes plásticas ou design gráfico. Se eu passar, vou tentar ao máximo continuar nos estudos até me formar", finaliza.