"É difícil alguém não achar que cultura é moda", diz Marta Suplicy
Ministra defende o uso da Lei Rouanet pelos estilistas e fala sobre a democratização da moda
Moda|Nathália Ilovatte, do R7

A ministra da cultura Marta Suplicy participou de uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira (1), durante o último dia de SPFW, para explicar a autorização dada aos estilistas Pedro Lourenço, Ronaldo Fraga e Alexandre Herchcovitch para captar recursos pela Lei Rouanet.
A autorização foi dada em agosto de 2013, e causou burburinho. O retorno do trabalho dos estilistas à sociedade foi questionado, bem como a definição de moda como arte. Mas, segundo a ministra, o debate foi positivo.
— Criou-se uma polêmica que, na minha avaliação, começou muito atrapalhada; mas as coisas entraram no eixo, porque é difícil achar alguém que não ache que cultura é moda.
As críticas à escolha da alta costura também foram respondidas. Segundo ela, é preciso valorizar todas as formas de cultura, e não considerar algumas mais importantes do que as demais.
Marta também negou que a escolha dos três estilistas seja uma exclusão a outras marcas e iniciativas da área. De acordo com a ministra, a aprovação foi um marco na Lei Rouanet.
— Eu tenho que agradecer que temos três estilistas que podem estar nas semanas de modas de Paris e dos Estados Unidos. Nós temos três grandes profissionais que se construíram para poder fazer esse pleito e para nós é interessante que eles estejam lá. É bom pra eles e muito bom pra nós.
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Durante a coletiva, a ministra defendeu a aplicação da Lei Rouanet a grandes estilistas destacando a importância da cadeia produtiva da moda para a economia. Marta também afirmou que, embora desfiles não sejam acessíveis à população como uma sessão de cinema, a moda é democratizada.
— Você não viu O Diabo Veste Prada? Aquela cena maravilhosa, em que ela mostra a cadeia produtiva. A população sabe, as pessoas têm acesso a tudo, tem desfile de moda o dia inteiro na televisão, as novelas lançam moda, as pessoas veem a moda de uma grife e depois a cópia da grife por um preço mais baixo. Elas consomem, trocam esses consumos continuamente, e moda é muito consumo também.
Embora a Lei Rouanet tenha autorizado os estilistas a captar patrocínio em troca de isenção de impostos, Pedro Lourenço fez um desfile apenas virtual na Semana de Moda de Paris, no início de outubro, por não ter conseguido verba para a realização de um evento à maneira tradicional.
— Espero que os patrocínios venham, porque eles merecem esse reconhecimento tão importante.
Entretanto, o estilista apresenta coleções no evento com desfiles presenciais desde a temporada de inverno 2010.