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Patricia Lages

Análise: Bajulação ou sinceridade, o que você quer?

Em terra de bajuladores, quem tem sinceridade e coragem para falar a verdade é visto com maus olhos. Quem quer perto de si pessoas falsas?

Patricia Lages|Do R7

Chefes gostam de funcionários bajuladores? Você se encaixa nessa categoria?
Chefes gostam de funcionários bajuladores? Você se encaixa nessa categoria?

“Aqui as clientes gostam de bajulação”, disse a psicóloga durante o processo de recrutamento de funcionárias para um salão de beleza badalado em Ipanema, bairro nobre do Rio de Janeiro.

“Não progrido na empresa porque lá só quem bajula o chefe cresce e eu não tenho tempo para isso.”, declara o funcionário em tom desiludido.

A bajulação sempre foi uma ferramenta para aqueles que desejam obter benefícios próprios ou algo que esteja além de sua capacidade ou merecimento. Isso, por si só, já deveria ser motivo para que as pessoas detestassem ser aduladas, afinal de contas, quem quer perto de si pessoas falsas e interesseiras? Bem, aparentemente, muita gente!

Hoje em dia, a bajulação subiu de nível e é parte integrante das relações profissionais em todo tipo de companhia. Isso porque, em vez de estarem trabalhando em prol do crescimento da empresa como um todo, muitos líderes acreditam que estão lá para serem bajulados. Em vez de servirem a todos, eles querem ser servidos por todos.


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Há até quem diga que a bajulação é um mal necessário, indispensável para o equilíbrio das relações empresariais. Essa é uma das conclusões de Richard Stengel, jornalista americano e autor do livro “You’re too kind” (Você é gentil demais, em tradução livre).

Stengel também foi editor da revista Time e subsecretário de Estado do governo Obama para assuntos diplomáticos. Chega a ser engraçado que uma das frases mais conhecidas do ex-presidente Obama seja: “Livre-se dos bajuladores. Mantenha por perto pessoas que avisem quando você erra”, enquanto ele mesmo tinha a seu lado um “bajulador profissional”.


Em seu livro, Richard Stengel classifica a bajulação como uma “mentira inofensiva”, já que o objetivo é fazer o outro se sentir bem. Com essa visão, ele chegou até a desenvolver “técnicas de bajulação”, o que fez sua obra se esgotar nas livrarias, mostrando o quanto há pessoas interessadas na “arte” de bajular.

Logo, o que se vê são dois tipos de pessoas: as que querem sentir que são, ainda que não sejam, e sentir que fazem, ainda que não façam; e aquelas que querem se aproveitar de quem vive na base da emoção. Em meio a tudo isso, a verdade fica de lado, enquanto as pessoas preferem viver na mentira. É o tal negócio: o bajulador sabe que está mentindo, enquanto o bajulado finge que acredita.


E você, prefere basear sua vida na mentira que agrada ou na verdade que pode desagradar?

Patricia Lages

É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo, palestrante e conferencista do evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard. Apresenta quadros de economia na TV Gazeta e Record TV e é facilitadora da RME para o programa mundial WomenWill – Cresça com o Google.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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