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Patricia Lages

Análise: Ânsia de gastar sem raciocinar e a agonia para pagar

Como sair do ciclo das compras para aliviar as angústias que causa agonia e preocupação por tantas contas a pagar?

Patricia Lages|Do R7

Conta chega cara para quem age por compulsão
Conta chega cara para quem age por compulsão

Nós, humanos, somos os únicos seres viventes com poder de raciocínio e, obviamente, não há nenhum sentido em deixar de usá-lo em tudo o que fazemos. E, quando insistimos em agir por qualquer outro meio, que não o raciocínio — como sentimentos, emoções, impulsos e compulsões — recebemos uma conta alta para pagar.

Quem casa com alguém sabendo que não deveria, mas se deixa levar pelo coração, vai arcar com a frustração de um relacionamento infeliz. Quem deixa os filhos fazerem o que bem entendem e não os repreende vai ter o desgosto de vê-los apanhando da vida mais tarde. E quem se rende à ânsia de gastar demais vai passar pela agonia de não saber como pagar.

A sociedade de hoje, impulsionada pela mídia e a publicidade, leva as pessoas a entrarem em um ciclo extremamente nocivo e difícil de abandonar.

A pessoa se sente sobrecarregada pela correria do dia a dia, enchendo-se de tarefas e vendo os dias serem cada vez mais curtos. A impressão de estar sempre atrasada torna a pessoa ansiosa e preocupada, então, para aliviar essa pressão, vem a “solução” criada e difundida pela mídia todo santo dia: “Eu mereço”!


Esse merecimento leva a pessoa a tentar aliviar suas ânsias comprando coisas que não pode pagar (e que, na maioria das vezes, nem sequer precisa). Mas, como não é momento de raciocinar, e, sim, de aliviar as tensões, ela passa o cartão e sente-se “feliz” por 15 minutos.

Quando a conta chega — porque essa nunca falha! —, chega junto a agonia de não saber o que fazer para pagar o que já foi gasto. Tempo para fazer mais dinheiro a pessoa não tem, rolar a dívida para o mês seguinte vai aumentar a bola de neve porque já existem parcelamentos comprometendo a renda futura. O que fazer? Ora, ir às compras para aliviar as tensões!


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Nosso cérebro trabalha em dois modos:

1. Modo de “economia de bateria” — buscando sempre economizar, ao máximo, o gasto de energia.


2. Modo “cuca fresca” — evitando pensar em situações que nos causem estresse.

Sendo assim, é muito fácil ceder à prática de não raciocinar sobre coisas que vão requerer um maior gasto de energia (como cuidar das finanças), ao mesmo tempo que nos parece ótimo não pensar em algo que pode nos chatear (como cuidar das finanças!).

Por isso é que só vence quem sacrifica. Só vence aquele que levanta de manhã, mesmo cansado e sem nenhuma vontade de sair da cama. Só cresce aquele que se aplica em tudo o que faz, mesmo que sua vontade seja apenas descansar. Só tem um relacionamento saudável aquele que usa a cabeça e sacrifica os sentimentos do coração. E só prospera aquele que sabe dizer não aos apelos da mídia e vive de acordo com o que seu orçamento permite.

Viver a realidade pode parecer muito duro, mas vai lhe dar uma base sólida, como quem constrói sua casa sobre a rocha. Mas quem vive na ilusão, cedo ou tarde vai cair na real e ver seu castelo de cartas ruir, como quem constrói sobre a areia. E você? Sobre que base quer construir a sua vida?

Patricia Lages

É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo, palestrante e conferencista do evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard. Apresenta quadros de economia na TV Gazeta e RecordTV e é facilitadora da RME para o programa mundial WomenWill – Cresça com o Google.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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