Endividamento e inadimplência podem causar estresse e ansiedade
Pesquisas apontam que 8 em cada 10 endividados sofrem de insônia e que 61% têm crises de ansiedade
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Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Diversos estudos comprovam a relação de causa e consequência entre problemas financeiros e saúde mental. Vou citar alguns apenas para que o leitor tenha ideia da profundidade do poço em que grande parte dos brasileiros caiu, e do qual, muitas vezes, não sabe como sair (mas adianto: há saída).
Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência (Peic), o Brasil alcançou a marca de 78,2% de endividados em maio deste ano e bateu, em abril, o recorde histórico de 70,29 milhões de inadimplentes. Para compreender esses dados, é importante distinguir endividado de inadimplente.
Endividado é a pessoa física ou jurídica que possui dívidas a vencer, mas está com os pagamentos em dia. Inadimplente, por sua vez, é quem tem dívidas vencidas e que, dependendo do tipo e do credor, pode ter seu CPF ou CNPJ negativado.
Hoje, o Brasil tem mais inadimplentes do que a soma das populações da Argentina, Uruguai e Chile. Isso evidencia a necessidade urgente de um programa nacional de educação financeira (que sabemos, não virá).
Na contramão do que se espera de um país sério e comprometido com seu povo, o que vemos é a expansão da oferta de crédito, com novas modalidades sendo divulgadas como se fossem um bilhete premiado.
O que temos é um governo populista que tenta salvar sua imagem – de olho nas próximas eleições – com mais distribuição de crédito que, invariavelmente, faz com que os mais pobres se afundem ainda mais em dívidas.
Finanças e saúde mental
Uma pesquisa da Serasa apontou que 83% dos endividados sofrem de insônia, 74% afirmam ter dificuldade de concentração e 61% relatam crises de ansiedade só de pensar nas finanças.
Em julho deste ano, a fintech Onze e a Icatu divulgaram que praticamente metade dos trabalhadores brasileiros (49%) dizem que o dinheiro é sua maior fonte de preocupação, ficando à frente de saúde (19%), família (15%), trabalho (7%), violência (7%) e política (3%).
Estudos acadêmicos revelam uma forte relação entre ansiedade e estresse a maus comportamentos financeiros, como o aumento das compras por impulso. Ou seja, quanto mais os problemas financeiros aumentam, mais as pessoas adoecem mentalmente e, numa tentativa de aliviar as tensões, fazem más escolhas financeiras, agravando a situação.
E com o aumento do estresse financeiro, maiores são as chances do surgimento de depressão, com efeitos mais marcantes entre pessoas de baixa renda que, geralmente, não têm acesso ao tratamento adequado.
Como costuma acontecer, a má administração pública ignora a raiz dos problemas enquanto torra o dinheiro dos pagadores de impostos podando folhas e galhos que, invariavelmente, voltam a crescer gerando mais e mais gastos.
Como sair do fundo do poço
A primeira coisa que endividados e a inadimplentes devem entender é que não podem depender de governo algum, pois esse já se tornou um problema crônico por meio do qual muitos políticos se elegem e reelegem.
Afinal, toda campanha eleitoral, há décadas, é baseada sobre as mazelas de sempre e os candidatos que mais prometem resolvê-las são os que pioram a situação assim que sobem ao poder. E isso, desde sempre.
O alto endividamento se tornou apenas mais uma forma de controle, onde maus políticos quebram as pernas da população para, em seguida, ganharem novamente as eleições prometendo distribuir cadeiras de roda (quando, na verdade, o máximo que farão será entregar muletas).
Para sair do fundo de poço financeiro, o consumidor pode recorrer à Lei do Superendividamento (Lei 14.181/2021) pleiteando uma forma mais justa e equilibrada de quitar seus débitos.
O passo a passo é simples: reunir todos os débitos em atraso (e as demais contas que estão apertando o orçamento) e levar ao Procon ou à Defensoria Pública. A lei concede ao juiz poderes para definir uma proposta de pagamento que garanta ao devedor os recursos necessários para seu sustento.
Além disso, é imprescindível que cada brasileiro entenda que é necessário investir em conhecimento financeiro para deixar de ser alvo fácil de quem se beneficia com suas perdas.