Macarrão pode estar contaminado com substância que matou cães em MG
Fábrica que fornece massas orientais a restaurantes renomados de São Paulo tem lote suspeito de contaminação por etilenoglicol. A Anvisa publicou hoje uma portaria que ordena o recolhimento de massas, mas a fabricante ainda não se manifestou. Este blog faz um alerta
É de comer|Camé Moraes @ehdecomer Do R7
Há mais ou menos um mês, a notícia de um petisco para cães contaminado com etilenoglicol — substância tóxica — me deixou de cabelo em pé. Afinal, foi esse mesmo etilenoglicol que causou mortes e sequelas a consumidores da cervejaria mineira Backer, em 2020.
A substância, dessa vez, teria entrado por engano na fabricação de um outro ingrediente usado para amaciar os petiscos — o propilenoglicol. Corri para avisar aos familiares que não comprassem os snacks da marca Bassar, embargados pelo Ministério da Agricultura.
Pois bem, o alerta foi feito, e nenhum cãozinho da família teve o trágico fim que tiveram os pets de cerca de 50 tutores, aqui no Brasil. Eis que hoje surge uma notícia alarmante.
A Anvisa publicou nesta quinta-feira (22/9) uma resolução que proíbe a comercialização, a distribuição e o uso das massas alimentícias da empresa BBBR Indústria e Comércio de Macarrão Ltda. – CNPJ 34.258.991/0001-29 (nome fantasia Keishi) fabricadas entre 25/7/2022 e 24/8/2022.
Essa proibição veio depois da investigação sobre o caso da contaminação de etilenoglicol, que causou a intoxicação e a morte dos animais citados no começo deste artigo.
Vou ser repetitiva aqui na escrita, para que fique bem claro. Segundo a Anvisa, o propilenoglicol contaminado com etilenoglicol foi fornecido pela empresa Tecno Clean Industrial Ltda. para a Bassar, que fabrica os petiscos caninos.
No meio da investigação, a Anvisa realizou inspeção em algumas outras indústrias, entre elas a BBBR Indústria e Comércio de Macarrão Ltda. (nome fantasia Keishi). A agência verificou que a empresa adquiriu e usou o insumo contaminado como ingrediente na linha de produção de suas massas.
De acordo com o comunicado da Anvisa:
“Segundo os dados fornecidos, a empresa possui nome fantasia Keishi e é responsável pela produção e comércio de vários tipos de massas de estilo oriental, tais como udon, yakisoba, lamen, além de massas de salgados, como gyoza. Os produtos são vendidos também na forma de massas congeladas.“
Fui pesquisar o site da empresa. Ela diz fornecer massas para os mais renomados restaurantes japoneses de São Paulo; alguns deles eu frequento e costumo pedir no delivery. Fiquei bastante apavorada com a possibilidade de consumir etilenoglicol por tabela.
Entrei em contato imediatamente com o Aizomê, o primeiro da lista do site da Keishi e restaurante que costuma responder a todas as minhas dúvidas como consumidora pelo WhatsApp. O pessoal lá me garantiu que não usa a massa deles. Compraram uma vez para testar, não gostaram e não comercializaram. A massa que servem no Aizomê, segundo o restaurante, é importada da Coreia. Agradeci a rapidez na resposta (veio em menos de 15 minutos).
Pretendo ir aos poucos confirmando com os outros restaurantes. Aconselho a você, cliente de algum deles, a fazer o mesmo.
Entrei também em contato com o WhatsApp indicado no site da marca Keishi — WhatsApp de compras, já que não há um canal oficial indicado para jornalistas. Disse que era uma cliente preocupada com a notícia divulgada hoje pela Anvisa. A resposta foi que não iriam se manifestar oficialmente para a imprensa. Quando insisti, dizendo que estava preocupada com a minha saúde, como cliente, a resposta foi essa:
“Não tem nenhum risco. A vigilância veio 3 vezes inclusive hoje. Brasil crescem muito as informações”.
Atualização: hoje, dia 23/09 a empresa se manifestou por meio de nota oficial. Disse que o lote identificado com a substância não representa nem 1% do que foi produzido no perído e que está em contato com os clientes para eventuais recolhimentos. Abaixo a íntegra.
Essa notícia pode ser atualizada ao longo do dia e à medida que os fatos forem se desdobrando. Me segue lá no meu blog, o @ehdecomer
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