O mapa da minha Belém e a melhor forma de conhecer o chão de um lugar
O tipo de chão me permite saber o que eu consigo ou não fazer. E isso é ouro. E a graça está aí: sou eu entendendo o chão do lugar

Olha para um lado, olha para o outro. E vai... Sempre assim. Pedalar, não importa onde, é assim. Vai. Se joga. Em frente. Às vezes uma curva aqui ou acolá. Mas em frente. Avançando. Já pedalei em algumas cidades. Estou conhecendo Belém mais devagar do que queria. Mas talvez seja o meu jeito, ir no meu tempo. Mas a bicicleta me acelera. Anima. Excita. E vou.
Qual a graça então se conhecer um lugar acelerando em cima de duas rodas? Explico: é a melhor forma de conhecer o chão de um lugar. Sério. Já comecei a memorizar os buracos do caminho que eu faço. Todas as subidas e descidas ficam na cabeça. Das mais fortes às mais tranquilas. É como se eu fosse fazendo o meu próprio mapa do lugar.
Perguntei: há algum lugar bom para pedalar aqui em Belém? Foi assim que descobri o Parque Estadual do Utinga. Claro, não precisaria de um parque para pedalar. As ruas bastam. São até mais divertidas. Mas ter um lugar alvo para ir é bom. E o Utinga... Olha, se não conhece, venha!
Abri o celular e vi o mapa, não o meu, o que fica na minha cabeça, o mapa de verdade. Vi a distância, a rota, montei na bicicleta, olhei para os lados, rua livre, fui. Minutos depois, uma longa reta, levemente inclinada, me fizeram ter que pedalar de pé. Fazendo força, foi assim que conheci o Utinga.
O sol queimando. O céu azul feito desenho de lápis-de-cor. E o verde... Amazônia dizendo: “tô aqui. Não há concreto nem asfalto de cidade grande que me esconda.”

É um grande verde margeando Belém. Cheguei com o pensamento de entrar rasgando, pedalando forte, para sentir o vento no rosto. Mas não combinei com as pernas. Cheguei tão rápido, fiz tanta força que precisei parar um pouco. Achei uma sombra já dentro do parque. Bebi água, me ajeitei, comecei.
O vento veio. Quente. Às vezes contra, às vezes a favor. Mudava rápido me jogando para os lados. O mesmo com as nuvens, branquinhas, branquinhas. Dançavam no azul lá de cima.
Enquanto isso, eu ia mapeando o chão do parque: asfalto, ora aceitável, ora esburacado; paralelepípedo, ora pintado de azul, ora de um laranja meio sem graça.
Aqui eu dou uma esticada, acelero, me desafio. Aqui não, aqui eu dou uma maneirada, respiro, deixo a perna descansar. É para isso que serve esse mapa doido que eu faço com a cabeça. O tipo de chão me permite saber o que eu consigo ou não fazer. E isso é ouro. E a graça está aí: sou eu entendendo o chão do lugar.
O caminho da minha casa até o Utinga e as rotas dentro do parque são o meu plano-piloto. São o embrião do meu mapa de Belém. Posso até ousar: embrião do mapa da minha Belém.
✅Para saber tudo do mundo dos famosos, siga o canal de entretenimento do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp