Obesidade, diabetes e coração: uma ligação que vai além da balança
No Dia Mundial do Diabetes, especialista explica por que essas condições caminham juntas — e como pequenas mudanças podem transformar sua saúde
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Um dos maiores medos que eu sempre tive, por estar acima do peso, era me tornar diabética. E confesso que, como a minha glicemia era relativamente boa, eu acabava não vendo tantas questões no meu sobrepeso — o que talvez tenha colaborado, mais tarde, para que eu chegasse à obesidade.
Até hoje, sempre que faço exames de sangue, fico ansiosa pelo resultado da glicemia e da hemoglobina glicada. Quando fiquei grávida, essa preocupação se intensificou: não comi doces durante toda a gestação, porque sabia que a diabetes gestacional poderia ser um risco real para mim. Para quem não sabe, eu engravidei pesando 104 kg.

O Dia Mundial do Diabetes, celebrado em 14 de novembro, me fez pensar em quantas vezes o medo e a culpa se misturam quando o assunto é essa doença — especialmente para quem vive com obesidade. Por isso, quis conversar com quem entende do assunto: Dra. Rafaela Penalva, cardiologista e chefe da Seção de Cardiometabolismo do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia.
Qual é a relação entre obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares?
“A obesidade, o diabetes tipo 2 e as doenças cardiovasculares formam uma tríade interligada, frequentemente chamada de síndrome metabólica”, explica a Dra. Rafaela.
“A obesidade abdominal promove resistência à insulina — o principal mecanismo para o desenvolvimento do diabetes tipo 2. Com o tempo, os níveis elevados de glicose no sangue prejudicam os vasos e o coração, aumentando o risco de aterosclerose, pressão alta, infarto e AVC.”
Essas condições caminham juntas porque compartilham fatores de risco comuns: inflamação crônica, alterações nos lipídios e estresse oxidativo. Segundo a médica, até 90% das pessoas com diabetes tipo 2 também têm sobrepeso ou obesidade, e o risco cardiovascular é até quatro vezes maior nesse grupo.
O excesso de peso já é um fator de risco cardíaco
“Mesmo sem o diabetes, o excesso de peso — especialmente o acúmulo de gordura abdominal — eleva o risco cardiovascular”, diz a cardiologista. “Isso acontece por mecanismos como aumento da pressão arterial, alteração no colesterol e inflamação constante do organismo.”
Ela explica que o tecido adiposo, principalmente na região abdominal, libera substâncias pró-inflamatórias que sobrecarregam o coração e os vasos.
Perder peso ajuda a prevenir o diabetes e proteger o coração
“A perda de apenas 5% a 10% do peso corporal pode ter um impacto enorme”, destaca a Dra. Rafaela.
Essa redução melhora a sensibilidade à insulina, diminui o risco de desenvolver diabetes tipo 2 em até 58% e, para o coração, reduz a pressão arterial, melhora o colesterol e diminui o risco de eventos cardiovasculares em até 20%.
“São resultados reais, alcançáveis, e que tornam o tratamento mais sustentável”, reforça.
Cuidados com o coração em quem tem diabetes
“Muitos pacientes com diabetes tipo 2 já têm alguma doença cardiovascular sem saber”, alerta a médica. “O diabetes acelera o envelhecimento dos vasos, mas os primeiros sintomas — como cansaço e falta de ar — costumam ser atribuídos à idade ou ao peso, e isso atrasa o diagnóstico.”
Por isso, ela recomenda que o rastreio cardiovascular seja feito logo após o diagnóstico do diabetes, com exames como:
- Eletrocardiograma (ECG) e ecocardiograma, para checar o funcionamento do coração;
- Teste ergométrico, para avaliar a presença de isquemia;
- Dosagem de colesterol e hemoglobina glicada (HbA1c);
- Monitorização da pressão arterial (MAPA);
- E, quando necessário, score de cálcio coronariano e biomarcadores cardíacos.
Esses exames são essenciais para detectar doenças cardíacas precocemente em pessoas com obesidade ou diabetes.
Alimentação saudável e atividade física: pilares da prevenção
“Alimentação equilibrada e movimento diário continuam sendo as melhores formas de prevenção do diabetes e das doenças cardiovasculares”, afirma a Dra. Rafaela.
Uma dieta rica em fibras, vegetais, grãos integrais e gorduras boas ajuda a controlar a glicemia e o colesterol, enquanto a atividade física regular (150 minutos por semana) melhora a sensibilidade à insulina e reduz o risco cardiovascular em até 40%.
“Esses hábitos, juntos, modulam até o microbioma intestinal e promovem longevidade vascular”, explica.
O impacto do estigma na saúde
Infelizmente, o preconceito ainda é uma barreira importante.
“A ideia de que obesidade é falta de força de vontade e diabetes é culpa do paciente ainda afasta muita gente do consultório”, comenta a médica.“O medo do julgamento leva ao atraso no diagnóstico e à baixa adesão ao tratamento.”
A desinformação — com dietas milagrosas e falsas curas — só piora a situação. A Dra. Rafaela reforça que acolher, educar e acompanhar de forma empática é o que realmente faz diferença nos resultados e no bem-estar do paciente.
No Dia Mundial do Diabetes, um lembrete importante
“O diabetes não é uma doença isolada. Ele afeta o corpo inteiro, especialmente o coração”, resume a cardiologista. Por isso, priorize sua saúde — com alimentação equilibrada, exercício físico, controle do peso e check-ups regulares. E não se esqueça: pequenas mudanças salvam vidas.
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