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Depois da bariátrica, perdi 30 kg e corri meus primeiros 5 km aos 41 anos

Um relato sobre obesidade, superação e recomeços

Obesidade sem Tabu|Mariana VerdelhoOpens in new window

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Muita emoção próximo a linha de chegada ARQUIVO PESSOAL

“Antes tarde do que nunca” — esse era o slogan, em inglês, da minha primeira prova de corrida de rua. E o nome não poderia ter sido mais perfeito, afinal, começar aos 41 anos pode até parecer tarde.

Tenho asma desde criança e sempre tive muita dificuldade para correr. Mal conseguia participar da dança das cadeiras, porque me cansava só de correr em círculos. Sempre admirei quem corria, especialmente aquelas pessoas que dizem que correm para esquecer os problemas.


Meu marido sempre foi corredor, e um dos meus sonhos era poder acompanhá-lo. Mas a obesidade e suas comorbidades foram me afastando cada vez mais desse objetivo.

Quando decidi fazer a cirurgia bariátrica, um dos meus maiores motivos era parar de sentir as dores da fascite plantar, da tendinite crônica no calcâneo e do esporão. E, de fato, a cada quilo perdido, as dores — que antes eram constantes — foram ficando cada vez menos intensas. Eu fui me permitindo andar mais rápido, trotar e, finalmente, correr.


Após completar meus primeiros 5 km na esteira do prédio, surgiu um novo desafio: correr 5 km em uma prova de rua — sem o ventilador, sem a garrafinha de água a tiracolo, sem o solo plano e sem gente no meio do caminho.

E, no último sábado, chegou o grande dia. Lá fui eu, acompanhada do meu marido e de duas amigas, para a tão esperada prova — uma prova com gosto de superação.


Da esquerda para direita: Fernanda Imperial, Nathalie Marques, eu e Rafael Prazeres ARQUIVO PESSOAL

O clima da corrida é algo surreal. Você vê de tudo: gente com cachorro, crianças, idosos, pessoas acima do peso, atletas experientes. Eu ultrapassei algumas vezes, fui ultrapassada tantas outras, mas a energia de ver todo mundo ali com o mesmo propósito é simplesmente contagiante.

O trajeto ia da Praça Charles Müller até a Rua do Bosque — a rua onde fica a Record, empresa em que trabalho. Um caminho que percorro tantas vezes de carro, mas que nunca havia feito a pé. Olhar para a torre da TV, no meio do percurso, teve um gosto ainda mais especial.


Quando completei o primeiro quilômetro, senti um nó na garganta. Eu não acreditava que estava ali. Eu, que tantas vezes achei que não conseguiria... A cada quilômetro, um sentimento diferente tomava conta de mim — orgulho, leveza e uma sensação nova de liberdade.

Faltando apenas um para a chegada, o cansaço bateu. Senti dificuldade para respirar, caminhei uns 200 metros e pensei: não posso desistir! Então respirei fundo, lembrei de tudo o que vivi até ali — e segui correndo.

Bem perto da linha de chegada, comecei a chorar. Chorava de felicidade, de gratidão, de orgulho. Chorei porque só eu — e quem vive com obesidade — sabe o quanto até os movimentos mais simples podem ser desafiadores. Foram 30 quilos a menos que me permitiram viver tudo isso: caminhar sem dor, correr, me emocionar e, acima de tudo, me sentir viva de novo.

Controlando a respiração a cada passada ARQUIVO PESSOAL

No relógio da prova, marcava 47 minutos. Eu já estava feliz, porque era o meu melhor tempo. Mas, quando olhei para o relógio do meu pulso, vi que tinha feito 5 km em 39 minutos e 58 segundos, com velocidade média de 7,5 km/h e pace de 8 minutos por quilômetro. Fiquei em 4.128º lugar na classificação geral, 1.910º entre as mulheres e 293º na minha categoria — e ainda corri mais rápido que 62% dos participantes da prova.

Ranking da corrida Divulgação/O2 Corre

Pode parecer apenas um número, mas, para mim, foi a prova viva de que recomeçar é possível.

Naquele momento, percebi que o tempo — o cronológico e o da vida — não importa tanto. O que vale é começar.

Essa corrida foi sobre muito mais do que resistência física. Foi sobre me libertar da dor, do medo e das limitações. Sobre provar para mim mesma que nunca é tarde. Se você ainda não deu o primeiro passo, tudo bem — o importante é não desistir de acreditar. Porque, quando a gente começa, o impossível começa a se tornar possível.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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