Por que as costas doem mais em quem tem obesidade?
Especialista explica as causas, os riscos, a inflamação e o impacto do peso na coluna
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Quem acompanha minha história sabe: um dos motivos que me fez buscar a cirurgia bariátrica foram as dores nos pés — fascite plantar e tendinite no calcâneo. A dor era intensa, constante, sem trégua. Eu acordava e já sentia o impacto no primeiro passo. E, embora a causa fosse multifatorial, o excesso de peso agravava tudo.
Muita gente associa obesidade a dores no joelho, e isso faz sentido. Mas pouca gente sabe que a dor nas costas também pode estar diretamente ligada ao excesso de peso. É sobre isso que vamos falar aqui, sem tabu e com informação de qualidade.
Para entender melhor essa relação, conversei com o Dr. Guilherme Pajanoti, ortopedista especialista em coluna do Hospital Moriah. Ele explicou que o excesso de peso impõe uma sobrecarga constante na coluna, especialmente nos discos intervertebrais e nas articulações, o que acelera o desgaste e favorece o aparecimento de hérnias de disco, dores crônicas e alterações posturais.
Segundo ele, embora a lombar seja a região mais afetada — afinal, ela suporta a maior parte do peso corporal — a cervical e a torácica também podem sofrer com o impacto. Ou seja: aquela rigidez no pescoço, o incômodo entre os ombros ou o travamento na lombar podem, sim, ter relação com a obesidade.
A dor nas costas, inclusive, pode ser um dos primeiros sinais de que o corpo está sendo sobrecarregado. Segundo o Dr. Pajanoti, desconforto na cervical, rigidez ou dor lombar persistente são sintomas precoces de que a coluna está tentando lidar com uma pressão maior do que deveria.
E não é só a mecânica do peso que causa problemas. A inflamação crônica, característica da obesidade, também tem papel fundamental nesse processo. O especialista explica que o excesso de tecido adiposo aumenta substâncias pró-inflamatórias no organismo, o que deixa o corpo mais sensível à dor e acelera a degeneração das estruturas da coluna. Portanto, não é exagero, não é frescura — é fisiologia.
Outro ponto importante é o impacto do peso na postura. O acúmulo de gordura abdominal, por exemplo, desloca o centro de gravidade para frente, forçando o corpo a criar compensações posturais inadequadas. Isso pode levar à hiperlordose lombar e a um desalinhamento da coluna, aumentando ainda mais as dores e o desgaste ao longo do tempo.
Com todos esses fatores somados, não é surpresa que pessoas com obesidade tenham um risco maior de desenvolver hérnia de disco e doenças degenerativas da coluna. Essa sobrecarga contínua, tanto mecânica quanto inflamatória, cria um ambiente propício para lesões.
Mas há uma boa notícia: o emagrecimento pode trazer melhora significativa das dores nas costas. O Dr. Pajanoti ressalta que a redução de peso diminui a pressão sobre a coluna e reduz a inflamação, o que alivia os sintomas e, em muitos casos, elimina a dor.
No entanto, ele faz uma observação importante: emagrecer rápido demais, sem acompanhamento adequado, pode levar à perda de massa muscular e piorar o quadro — porque uma coluna sem suporte muscular fica ainda mais vulnerável.
Por isso, além da perda de peso, outros cuidados são essenciais para proteger a coluna. Exercícios físicos regulares, fortalecimento do core, alongamentos e fisioterapia são pilares fundamentais do tratamento.
Para quem está acima do peso e já sente dor, atividades de baixo impacto, como hidroginástica, bicicleta ergométrica, caminhada leve e pilates, são excelentes pontos de partida. Com fortalecimento gradual, exercícios de impacto também podem ser incorporados.
Fica o alerta: nem toda dor é “normal”. Segundo o especialista, é fundamental procurar um ortopedista quando a dor persiste por algumas semanas ou quando há sinais como formigamento, perda de força, dor irradiada para a perna, dificuldade para andar, febre, perda de peso inexplicada, histórico de câncer ou alteração no controle urinário. Esses sintomas podem indicar problemas mais graves e exigem investigação imediata.
Falar sobre dor nas costas e obesidade sem tabu é essencial. Muita gente convive com dor todos os dias, mas demora a buscar ajuda por vergonha ou por achar que “não merece tratamento” até emagrecer. Isso precisa ficar no passado. A coluna não espera — e você não precisa esperar para cuidar de você, entendido?
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